Pesquisa constata que mulheres que atuam no agronegócio estão vencendo estereótipos e preconceitos
As mulheres que atuam nos diferentes elos da cadeia do agronegócio já romperam com os estereótipos e preconceitos. São gestoras competentes, trabalhadoras motivadas e bastante conciliadoras, pois transitam entre o campo e a cidade com a mesma facilidade que harmonizam carreira e família. Foram essas algumas das conclusões da pesquisa “Todas as Mulheres do Agronegócio”, encomendada pela ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, elaborada pela empresa de pesquisa IPESO e divulgada na semana passada, durante o 2º Congresso Nacional da Mulheres do Agronegócio – Liderança Globalizada, Empreendedora e Integrada, realizado em São Paulo.
Levantamento
O levantamento, que teve o patrocínio da Bayer, DuPont, Adama, Matsuda e Yara, revelou também que muitas exercem uma segunda atividade, demonstrando o quanto são empreendedoras. Ao mesmo tempo, as entrevistadas disseram que buscam uma renda extra fora da propriedade para não abrirem mão da paixão pelo campo. O estudo constatou também que as mulheres do agronegócio são resilientes (líderes capazes de superar crises e obstáculos em situação de estresse) e não se contentam com a posição já conquistada e querem ir mais longe.
A maioria das 862 entrevistadas disse estar preparada para as posições de liderança – já conquistada por muitas – e que se interessa também por aprimorar conhecimentos sobre gestão empresarial, gestão de pessoas e finanças. A pesquisa revela um retrato atual e caracteriza um momento histórico do agronegócio brasileiro: a plena inserção feminina nas atividades executadas antes, dentro e depois da porteira, com o protagonismo tão sonhado pelas mulheres do campo há décadas. E, a julgar pelas características encontradas nesta pesquisa, em pouco tempo este estudo estará obsoleto, pelo dinamismo das mulheres do agronegócio e pela força de trabalho que já representam.
Principais resultados
Entre os dados revelados no levantamento, destaca-se que 49,5% das entrevistadas atuam em propriedades classificadas como minifúndio, 26,1% em pequenas propriedades, 13,5% em médias e 10,9% em grandes fazendas. Por tipo de atividade, 73,1% trabalham dentro das fazendas, 13,9% nos elos da cadeia produtiva após a fazenda e 13% “antes da porteira”. Em relação ao tipo de atuação, 73% das mulheres trabalham nas atividades dentro da propriedade rural, 3,7% atuam em cooperativas, 3,4% operam na área de insumos, 3% são fornecedoras de produtos ou serviços para a cadeia do agro, 2,8% são do comércio, 2,3% estão em segmentos ligados a governos, e 2,1% trabalham em atividades nos vários segmentos da agroindústria. Quanto à posição ocupada no negócio, a maioria, 59,2% das entrevistadas, é proprietária ou sócia; 30,5% são funcionárias ou colaboradoras; e 10,4% são gestoras, diretoras, gerentes, coordenadoras ou atuam em funções administrativas.
Apesar de o levantamento ainda detectar algum preconceito em relação a atuação das mulheres no campo – 44,2% delas sentiram preconceito sutil, enquanto 30% acusam preconceito evidente –, um grupo grande (61,1%) disse não enfrentar nenhum problema de liderança por ser mulher. Um percentual menor (9,4%) destacou que não foi levada a sério, enquanto 8% afirmaram que sentiram desconfiança de outras pessoas com relação a sua habilidade no cargo; 11,7% perceberam dúvida do seu conhecimento; e 8,8% notaram desconfiança em relação a sua capacidade de negociar.
Opção pelo campo
Na questão sobre as razões de escolher trabalhar na agropecuária, a pesquisa revelou que 36,2% das mulheres disseram ter optado pelo agronegócio por gostar da vida no campo, 34% afirmaram que já possuíam integrantes da família atuando na área, 15,6% já eram proprietárias ou sócias de propriedade rural, e 10,7% foram para o campo por ver na atividade uma oportunidade de trabalho.
Em relação a divisão das tarefas domésticas, a pesquisa constatou que 42,7% disseram que elas são divididas com os demais integrantes da família, enquanto 20,9% responderam que os familiares ajudam um pouco. Apesar de a maioria (64,1% das entrevistadas) não desejar ter filhos, 73,1% das que possuem filhos afirmaram que gostariam que os filhos continuassem com as atividades no agronegócio.
Redes sociais
Sobre as perspectivas e o comportamento das mulheres do campo, o levantamento constatou que elas são conectadas com a maioria das modernas ferramentas de comunicação. Entre os principais instrumentos de comunicação, 92,9% utilizam o Facebook, 95,1% o WhatsApp, 68,8% o YouTube, 54,8% o Instagram e 65,3% o Messenger. A respeito dos assuntos sobre os quais as mulheres do campo mais gostariam de aprofundar seus conhecimentos, destacam-se temas relacionados com a formação profissional e ao trabalho: gestão de pessoas (56,8%); gestão empresarial (54,5%); Finanças (33%); e 27,3% negociação. Elas afirmaram se interessar também por: gastronomia (25,8%); tecnologia (20,1%); bolsa de valores (21,5%); e viagens (21,6%).
Por fim, sobre as principais preocupações da mulher do campo, os temas mais relacionados foram: estabilidade financeira (56,2%); sua saúde (53,6%); família (46,7%); equilíbrio entre vida familiar, profissional e social (38,4%); o futuro dos filhos (32,8%), e sua realização profissional (30,7%). Já sobre ambientes ou atividades que lhe dão maior satisfação, as respostas predominantes foram: família (73,2%); viagens (57,9%); trabalho (45,2%); e filhos (40,8%).
Metodologia e abrangência
O levantamento entrevistou 862 mulheres de todas as regiões do país, foi realizado nos meses de junho e julho de 2017, possui margem de erro de 3,3% e um nível de confiança de 95%. A amostra de pesquisadas contemplou mulheres que trabalham em atividades classificadas como “antes da porteira”, ou seja, todas as atividades incluídas na cadeia de suprimentos e serviços que atendem às propriedades rurais. Contemplou ainda as mulheres que atuam dentro das propriedades rurais e também aquelas que operam “depois da porteira”, nos negócios ligados a transporte, armazenagem, industrialização, distribuição e comercialização de produtos agrícolas.
O estudo aprofunda no tema da diversidade e atualiza os resultados da pesquisa Perfil da Mulher do Agronegócio Brasileiro. Desta feita, o levantamento teve uma abrangência nacional, com distribuição da amostra em todas as regiões do país. As entrevistas, com duração média de 20 minutos, abordavam os seguintes temas: perfil da propriedade rural, setores de atuação, jornada de trabalho, família e sucessão, anseios e preocupações, além de valores, atitudes, interesses e opiniões.
Com base nas respostas sobre Valores, Atitudes, Interesses e Opiniões, foi realizada também uma segmentação psicográfica das entrevistadas por meio de uma análise multivariada, em dois estágios. Inicialmente foi feita uma redução do conjunto de questões a 14 fatores: Percepção de equidade de gênero, Preocupação com a Aparência, Importância do casamento e maternidade, Valorização do sertanejo e do country, Realização profissional, Assertividade e Planejamento, Importância da carreira e do trabalho, Preferência pela vida no campo, Ideias liberais, Elevado nível de estresse, Empreendedorismo, Valores tradicionais, Preferência pelos canais de TV paga, e Preferência por programação rural na TV. A partir daí se fez uma análise que revelou a existência de sete grupos de mulheres com os seguintes perfis psicográficos: Espírito livre, Gestoras eficientes, Poderosas, Independentes Convictas, Executivas, Guerreiras e Mães lendárias. (Fonte: Assessoria de Imprensa do 2º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio – Mecânica de Comunicação)
Muito bom
Achei tão interessante o texto enviado pela Mecânica de Comunicação – valorizando e destacando o trabalho das mulheres do agronegócio – que resolvi dedicar o espaço da coluna de hoje totalmente para elas. Elas merecem.
Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.
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