Show Fala Sertão encantou os paraenses
O show FALA SERTÃO – do Cordel à Vaquejada, produzido e apresentado pelos poetas cearenses Lucarocas e Chico Neto Vaqueiro foi sucesso em Parauapebas (PA) no último final de semana. Tive a honra de fazer a produção local para estes dois artistas da cultura popular nordestina.
Na sexta-feira à noite, a dupla fez uma rápida apresentação no Galego Espeto Bar e Restaurante, na Rua 14, o point de Parauapebas; sábado pela manhã, na feira do Centro de Abastecimento de Parauapebas (CAP), no espaço cedido pelo cantor Wesley Solluo, com o apoio da Secretaria de Urbanismo e do administrador do CAP, Wilson Pereira; à noite fizeram uma rápida apresentação em um centro gastronômico da cidade e por volta das 23h os dois poetas se apresentaram na Chácara Capitão Lamarca, do escritor e membro da Academia Parauapebense de Letras, Luiz Vieira, cujo local vem sendo movimentado na sexta-feira e no sábado pelo músico Samurai, abrindo espaço para a música, poesia e outras manifestações culturais em Parauapebas.
Vou falar mais detalhes deste show, mas antes relato minha luta pela cultura popular brasileira de um modo geral.
Em defesa da cultura popular...
Sou defensor da cultura popular brasileira há muitos e muitos anos. Desde garoto gosto da rima e tenho como patrono na Academia Paraupebense de Letras (APL), da qual sou o presidente, o mestre cearense Patativa do Assaré. Só para citar um exemplo desta luta, em 1988, na Rádio Cultura FM, em Brasília, produzia e apresentava o programa “Cultura no Campo”, no qual falava sobre as coisas da roça, declamava poemas de minha autoria e do grande Patativa do Assaré e falava sobre o folclore brasileiro com base em informações do maior folclorista brasileiro, Câmara Cascudo, e apresentava músicas de Rolando Boldrin, Xangai, Elomar, Geraldo Azevedo, Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Fagner, Genésio Tocantins, Juraíldes da Cruz, Jackson do Pandeiro, Pena Branca e Xavantinho, Sérgio Reis, Almir Sater, Renato Teixeira, Zé Geraldo, Renato Andrade, Tião Carreiro e Pardinho e tantos outros talentos brasileiros. Depois, fiz a mesma coisa (1999-2000) no programa “Canto da Terra”, na Rádio Câmara FM, que acabara de ser inaugurada. E segui a minha luta, participando de encontros de cordelistas e repentistas em Brasília e em outras cidades e discutindo e debatendo os destinos da nossa querida cultura popular.
Em Parauapebas, não está sendo diferente. Há quase seis anos produzo e apresento o programa Conexão Rural - agora na Rede TV. Nele, falo das coisas da roça e divulgo as informações do agronegócio, da agricultura familiar e outras notícias de interesse do homem do campo, além de abrir espaço para os músicos da região, que atuam nos segmentos moda de viola, sertanejo, forró pé de serra e MPB, com destaque para as músicas de Fagner, Zé Ramalho, Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Jackson do Pandeiro, João do Vale, Almir Sater, Renato Teixeira, entre outros. Enfim, está no meu sangue e na minha alma defender este estilo de música e os artistas populares, do cordel ao aboio.
Produção
Para minha alegria, fui contatado pelo poeta e comunicólogo Lucarocas, de Fortaleza, para dar apoio para o show que ele e o aboiador Chico Neto Vaqueiro fariam em Parauapebas. Com muita honra aceitei a missão e o espetáculo FALA SERTÃO – DO Cordel à Vaquejada, foi realizado na cidade com muito sucesso, apesar de um público restrito, ou seja, os verdadeiros amantes da poesia nordestina. Não era show para multidão. Aí, vale aquela famosa frase: “O que vale é qualidade e não a quantidade”.
O show
Lucarocas Poeta e Chico Neto Vaqueiro apresentam em suas performances no espetáculo “Fala Sertão, do Cordel à Vaquejada”, recitais, cantos e aboios e ainda contam causos do sertanejo, tudo com muita versatilidade e bom humor.
Num diálogo entre um verso, uma prosa ou uma toada, a dupla mostra a cultura do sertão e a vivência do vaqueiro através de textos de cordel declamados, cantos e aboios.
O espetáculo faz uma amostragem plástica da vivência do homem simples do sertão, suas linguagens, costumes e culturas, numa representação rítmica que contagia toda a plateia.
Com duração de cerca de 60 minutos, os artistas se revezam com as suas apresentações intervaladas pelo badalar de um chocalho, que faz a marcação de todo o espetáculo.
O Chico Neto se apresenta com os trajes típicos de um vaqueiro nordestino, o que eleva a plasticidade da apresentação, enquanto o poeta Lucarocas faz a sua atuação fomentada na dramatização textual.
Cordel
Lucarocas e Chico fazem shows todo final de semana por cidades do Nordeste e desta vez fizeram questão de levar, por conta própria, o espetáculo para o Pará, estado que visitaram pela primeira vez na vida. No show completo, eles também fazem palestras sobre Literatura de Cordel, abordando os seguintes temas: A origem do Cordel; Cordel alfabetizador; As temáticas do Cordel; Poetas de Bancada; Repente e Cordel; Introdução à Feitura do Cordel; Os diferentes fazeres poético; Distinção entre prosa, verso, poema, poesia, métrica, oração e elementos afins; “Estrofação” e rimas; Formatação de folhetos; Capas e contra capas; O Cordel sem cordão um folheto em cada mão; Experiências de Leitura com o folheto de cordel, dentre outros.
A palestra mostra experiência do Chico Neto Vaqueiro com a sua lida de gado no sertão nordestino, além de fazer referências aos utensílios e equipamentos utilizados pelos vaqueiros. Traz informações do gado desde a origem até as atividades de hoje, tais como o uso do gado na pega de boi e em vaquejadas.
Luís Carlos Rolim de Castro, o Lucarocas, que esteve no ano passado no Salão do Livro em Imperatriz, é formado em artes e literatura pela Universidade Federal do Ceará, com especialização em Administração Escolar pela Universidade Vale do Acaraú (UVA), também de Fortaleza, e em Metodologia do Ensino Fundamental na Universidade Estadual do Ceará (UECE). É também graduado em Letras – Português e Literatura pela UECE, além de especialização em Magistério e outros inúmeros cursos.
Publicações:
Cordéis – Mais de trezentos títulos publicados ............................. 1986 – 2017
O Poeta – Jornal ............................................................................ 2004 – 2007
Vidas e Versos, Palavras que Falam ao Coração – Livro ......................... 2016
Um dedo de prosa, outro de poesia – Antologia AMLEF .......................... 2015
Encontro Visão de Luz – Livro ................................................................... 2014
Antologia AMLEF (Sem Título) .................................................................. 2011
Contato:
Luís Carlos Rolim de Castro - Lucarocas
Rua Tenente Moacir Matos, 28 - Montese
60.420-750 – Fortaleza – Ceará - Brasil
Fone Fixo: (85) 3495-1939
Celulares: (85) 99985-7789 (tim) 98897-4497 (oi – Whats)
E-mail- lucarocas@gmail.com
“...Veredas, Cerrado e Gado...Faz parte da minha Vida.”
(Chico Neto Vaqueiro)
“A cena do homem portando seus instrumentos de trabalho (gibão, parapeito, perneira, botas, luvas e chapéu de couro), montado em seu cavalo, na companhia do seu cachorro embrenhando-se nas matas de nossas caatingas de galhos e folhas secas; muitas com espinhos, em busca do gado que não é seu. Essa é uma cena pouco vista nos dias de hoje. A imagem do Vaqueiro a cada dia passa a ser apenas uma simbologia da figura que desbravou e ajudou a povoar o interior do Nordeste”, diz o texto de abertura do portfólio de Chico Neto Vaqueiro.
Francisco Neto da Silva é Vaqueiro, poeta, escritor, cantador e aboiador. Conhecido por Chico Neto Vaqueiro, artista popular que representa com orgulho a cultura do Vaqueiro Nordestino. Traz em sua alma sertaneja a vivência do árduo trabalho da profissão e o amor pelo seu torrão natal. Com a indumentária típica do vaqueiro, Chico Neto Vaqueiro relata as belezas do sertão e as glórias da verdadeira vaquejada, destacando a modalidade “Pega de boi”, prática quase extinta no sertão por capturar o gado em meio à caatinga.
Nascido na Fazenda Jarra, no município de Pentecoste, no Ceará, Chico Neto Vaqueiro descobriu muito cedo a sua vocação: Vaqueiro. Desde muito menino tangia as boiadas com o pai; Batista Pereira, o qual lhe ensinou como o bom vaqueiro “cortava” os caminhos na seca nordestina e entrava sertão adentro abrindo “bebedouros” a procura de novos pastos, hora em serras, ou onde encontrasse águas fartas para saciar a sede do gado.
Montado no lombo de seu cavalo e ao som da quebradeira de pau, Chico Neto Vaqueiro afrontava a vegetação seca e fechada indo ao encalço da rês fugitiva puxando-a pelo rabo ou pegando-a pelo laço certeiro, derrubando-a ao solo, amarrando-a rapidamente, colocando a “peia”, a “careta”, o “cambão” e o chocalho, levando-a de volta ao curral do patrão...
Além do trabalho manual, aprendeu a cantar aboios que deixava hipnotizado o gado em manada. Apesar do pouco estudo e com êxodo rural resolveu morar na capital, onde se tornou motorista. Ali com a nova profissão, sentiu que faltava algo em sua essência, largou o emprego e foi buscar a inspiração nas memórias da dura realidade em que viveu desde a infância. Começou a criar versos, toadas, aboios e poesias matutas, um cancioneiro que lhe rendeu o 1º CD com músicas de sua autoria.
Seu carisma conquistou muita gente, tornando seu trabalho conhecido e respeitado em centros culturais da capital e do país. Mas com a dificuldade em manter viva essa tradição devido à industrialização dos campos, e que tem afastado o vaqueiro dessa atividade. Hoje, defende com garra os princípios e os costumes do Vaqueiro, tentando sensibilizar os órgãos culturais a acionar a memória do povo para valorizar a cultura do vaqueiro nordestino, difundindo o dia a dia deste profissional que é realidade do sertão, e que a cultura do vaqueiro seja lembrada em todo o rincão brasileiro.
O vaqueiro, esse homem humilde que roga a Deus e seus santos em festas de apartação, é um verdadeiro herói do sertão. (Fonte: página oficial de Chico Neto Vaqueiro no Facebook)
Contatos:
Facebook: Chico Neto Vaqueiro
E-mail: chiconetoaboiador@gmail.com
Fones: (85) 987214318 (oi) - 997324633 (Tim)
Parabéns aos dois poetas que encantaram o povo de Parauapebas com suas poesias, trovas, toadas e aboios no último final de semana.
Viva a cultura popular brasileira. Viva o sertão!
Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.
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