O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, participou da abertura do 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio
16º Congresso ABAG - Painel Modernização Trabalhista

Agronegócio

A coluna de hoje será dedicada totalmente ao 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado em São Paulo.

As informações foram enviadas – via e-mail – para a coluna pela assessoria de imprensa do evento, sob a responsabilidade da Mecânica de Comunicação:

Agronegócio passará por novas mudanças nos próximos anos, prevê presidente da ABAG no 16º Congresso do Agronegócio

Ao abrir o 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido na segunda-feira (7), em São Paulo, o presidente da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, destacou que o agronegócio deve viver uma nova fase revolucionária nos próximos anos. “Ao mesmo tempo em que pesquisas de organismos internacionais indicam que a demanda mundial por cereais deve crescer a metade do crescimento registrado nos últimos anos, o agro brasileiro terá grandes mudanças: o milho ultrapassará a soja em produção, haverá uma explosão na produção sustentável, com o avanço da iLPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que atualmente já responde por 11,5 milhões de hectares.

900 pessoas

Falando a uma plateia de aproximadamente 900 pessoas entre lideranças setoriais e empresariais, políticos, consultores e profissionais ligados ao agronegócio, Carvalho também chamou a atenção para a necessidade de o país promover acordos comerciais internacionais, que ampliem as possibilidades de exportação; reforçar o RenovaBio, para estimular a produção de energia de fonte renovável; além de aprofundar as reformas trabalhistas e tributária. “Nesse sentido, o nosso 16º Congresso abre a possibilidade de debater, com profundidade, as reformas urgentes que o país necessita”, finalizou o presidente da ABAG.

Governador Geraldo Alckmin

Seguindo na mesma linha, o governador Geraldo Alckmin, que participou da solenidade de abertura do evento, ressaltou a importância das reformas. “Após a aprovação da reforma trabalhista, temos pela frente a tributária; a previdenciária, que representa justiça social na medida em que deverá equalizar os direitos dos trabalhadores privados com os do setor público; e também a reforma política, para melhorar o ambiente político”, disse Alckmin. “Tudo isso será decisivo para a inserção do Brasil no complicado cenário internacional. Temos o desafio de jogar o jogo internacional do século 21”, concluiu o governador.

Além de Alckmin, participaram da solenidade de abertura do Congresso da ABAG o secretário de Agricultura de São Paulo, Arnaldo Jardim, além de parlamentares e representantes das principais entidades nacionais ligadas à cadeia do agronegócio brasileiro. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Nilson Leitão, conclamou as lideranças do agronegócio a atuarem de forma coordenada para reforçar a atividade dos parlamentares. “Juntos, temos de reforçar a comunicação para que a população entenda as demandas de um setor que hoje, além de garantir o superávit comercial, é um dos que mais preserva o meio ambiente, uma vez que somos um país que protege 65% de suas reservas naturais”, afirmou o parlamentar.

Velho e novo modelo na política

A palestra inaugural do 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio foi ministrada pelo jornalista Carlos Alberto Sardenberg, que afirmou que o país precisa criar condições para a expansão contínua do agronegócio brasileiro, uma vez que existe um mercado potencial tanto no país como no exterior. “O mundo está ficando mais rico. E, quanto maior a renda per capita, maior o consumo de alimentos”, ressaltou.

Para obter esse crescimento, uma questão determinante é que o país não mantenha esse atual modelo, baseado no capitalismo de Estado e no capitalismo de amigos. “Não é possível separar política, economia e ética porque em um regime dominado pela corrupção, o país é economicamente deficiente, assim não é apenas uma questão moral”, destacou Sardenberg. “Por isso, atualmente, o que vemos é um embate entre a velha política e o novo. Com isso, a eleição de 2018 será importante, porque renova-se a Câmara, todos os governos estaduais e o governo federal”, destacou Sardenberg.

O jornalista trouxe como exemplo dessa renovação a última eleição na França, onde o atual presidente Emmanuel Macron venceu Marine Le Pen com uma agenda que defendia uma reforma trabalhista, com aumento de jornada, e uma reforma previdência, com o aumento da idade mínima para a aposentadoria. “Há a maior possibilidade de conseguir fazer essas reformar com um governo eleito que defenda essa agenda. Mas, a questão é quem vai aparecer com ela”, indagou Sardenberg.

Por fim, Sardenberg ressaltou que o agronegócio vem salvando a economia e que a expectativa é que o crescimento venha somente no próximo ano, com uma alta do PIB entre 2% e 2,5%.

Debatedores do Congresso da ABAG acreditam que mudanças na geopolítica mundial favorecem o agronegócio brasileiro

As recentes alterações geopolíticas que ocorreram no mundo, cujo exemplo mais expressivo foi o rompimento do Acordo Transpacífico pelo governo dos Estados Unidos, devem gerar grandes oportunidades de negócios para o agronegócio brasileiro. A constatação foi feita pela vice-presidente global de Assuntos Corporativos da Cargill, Devry Boughner Vorwerk, durante debate no painel Nova Geopolítica do 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio. O painel foi organizado na forma semelhante ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e foi moderado pelo jornalista Augusto Nunes, apresentador do programa da Cultura.

Outro participante do painel, o sócio da McKinsey Consultoria, Nelson Ferreira, também concorda com a análise de Devry. “As mudanças nos acordos dos Estados Unidos com o México e o Canadá também abrem boas oportunidades para os exportadores brasileiros”, comentou. “Vejo grande resiliência e acredito na contínua capacidade de o agronegócio brasileiro seguir sendo o principal motor da economia brasileira”, completou Devry.

Além dos Estados Unidos, Ferreira avaliou que o Brasil poderia realizar acordos bilaterais com outras nações, como os países da África, do Sudeste Asiático, China e Índia. “Tanto no setor privado como o setor público não pode ter uma agenda isolada, precisa-se buscar uma diversificação, uma melhor amplitude de acordos porque estaremos mais protegidos quanto às oscilações do mercado”, disse. Nos últimos anos, o país, segundo Ferreira, foi um jogador muito passivo nas tratativas dessas negociações. “Com isso, o agronegócio cresceu muito, mas em diversas situações à margem de um acordo bilateral. E isso precisa mudar”, acrescentou.

Outro assunto debatido no Roda Viva foi a questão das dificuldades do agronegócio em termos de tributos e logística. Devry Boughner Vorwerk, da Cargill, ressaltou que esses debates também ocorrem nos Estados Unidos. “Hoje estamos discutindo a possiblidade de ter uma hidrovia no Rio Mississipi”, disse. “Mas vejo o agronegócio como um motor no Brasil. O país tem a capacidade de produzir alimentos e manter a sustentabilidade do meio ambiente”, acrescentou.

O embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Apex-Brasil, ressalta que o agronegócio é, realmente, um símbolo do Brasil, com muita evolução tecnológica, produtividade e competitividade, mas que o setor precisa comunicar essa representatividade de maneira mais eficiente. “Não geramos uma narrativa eficiente desse desenvolvimento e dessa sinergia com a sustentabilidade ambiental”, ponderou.

Também participaram do Roda Vida que encerrou o Congresso da ABAG o embaixador Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da FAAP e do vice-presidente global de Negócios da DuPont Pioneer, Alejandro Muñoz.

Desafios e oportunidades de uma reforma tributária

Apesar das dificuldades que o tema impõe e do longo tempo em que está em discussão nas várias esferas governamentais, a reforma tributária deverá ter, em 2018, a melhor oportunidade de ser concretizada. A avaliação foi feita por debatedores que participaram do painel Reforma Tributária, do 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio. “Temos de aproveitar o momento atual, marcado por grande movimentação política, para colocar em andamento uma reformulação geral no complexo sistema tributário do país”, afirmou um dos debatedores do encontro, o economista Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Menos otimista em relação a possibilidade de a reformar ser iniciada, o advogado Luiz Gustavo Bichara, da Bichara Advogados, considera “utópica” a proposta que está em análise no Legislativo. “O que temos é uma colcha de retalho e nenhum indicativo sobre como será feita a reforma”, afirmou. Para Bichara, além da falta de uma minuta que pudesse ser debatida e analisada, um dos pontos obscuro da proposta é não prever uma regra de transição entre o modelo atual e o que entrará em vigor. “Sou pessimista, pois estamos na estaca zero”, completou o advogado.

O 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio prestou homenagens, por meio dos seus já tradicionais prêmios. Para este ano, no Prêmio Norman Borlaug, o escolhido foi o pesquisador João Kluthcouski (conhecido como João K), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa; e para o Prêmio Ney Bittencourt de Araújo, o ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, que é presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA. Neste ano também foi concedida uma homenagem especial à TV Globo pela iniciativa da campanha “Agro: A Indústria-riqueza do Brasil”.

Reforma trabalhista representou quebra de paradigma, asseguram debatedores que participaram do 16º Congresso da ABAG

A reforma trabalhista, recentemente aprovada pelo Legislativo, representa uma quebra de paradigma e implicará numa expressiva mudança cultural de longo prazo na sociedade brasileira. Foi essa a principal conclusão do painel Modernização Trabalhista do 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que foi promovido na segunda (7) pela ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, em São Paulo e que contou com as participações do ex-ministro do Trabalho, Almir Pazzianotto; do advogado Sólon de Almeida Cunha, do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr, e Quiroga, além do presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka. O painel foi moderado pelo jornalista William Waack.

Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.