Jerry Adriani
O Brasil perdeu no domingo, 23 de abril, o grande ídolo da Jovem Guarda: Jerry Adriani. Ele morreu no Rio de Janeiro, aos 70 anos, vítima de câncer, e seu corpo foi sepultado na segunda-feira.
Jair Alves de Souza nasceu no bairro do Brás, em São Paulo, em 29 de janeiro de 1947. Começou a carreira cantando em italiano e fez muito sucesso na década de 1960 na fase da Jovem Guarda, ao lado de nomes como Roberto, Erasmo Carlos, Wanderley Cardoso e Wanderléa.
Tive a honra de assistir a um show dele e também de entrevistá-lo. Em 2008, eu editava o Jornal da Asa Norte, um jornal de 16 páginas só com as informações da área onde morava em Brasília.
Lembro bem que dia 8 de novembro de 2008, ele lançou um DVD “Acústico ao Vivo” em comemoração aos seus 43 anos de carreira, no Armazém do Brás, na CLN 107, um dos bares mais tradicionais e movimentados da capital da República. Dia 10 de novembro daquele ano, uma terça-feira, eu publiquei a notícia sobre o evento em minha coluna em O PROGRESSO e na semana seguinte, publiquei a entrevista que fiz com ele. Confira um trecho da entrevista.
O CD Acústico Ao Vivo sela 43 anos de carreira (em 2008). A Jovem Guarda ainda rende muitos custos para você?
Claro. A Jovem Guarda vamos dizer é a principal, é o carro chefe. Em termos de atrativos, daquilo que a gente fez de importante, a Jovem Guarda está na frente, sem sombra de dúvidas.
Você abriu portas para o Raul Seixas. Como foi sua convivência com o Rauzito?
Muito engraçada. Raul era uma pessoa boa de conviver. Ele não pensava, não agia e não via as coisas da maneira como a maioria das pessoas via. Então, o Raul era uma pessoa absolutamente interessante de se conviver com ele. Foi um grande prazer e um amigo meu muito querido. Uma pessoa que faz muita falta.
Você conheceu o Raul Seixas em Salvador e o levou para São Paulo?
Eu o conheci em Salvador em um show em que minha banda não pôde se apresentar e aí um empresário local chamou uma banda local denominada “Rauzito e os Panteras” para tocar com a gente. Neste show também participaram a Nara Leão e o Chico Anysio. (...)
E como tem sido sua vida de shows, seus projetos? Como está a sua andança pelo Brasil?
Muito bem, fazemos muitos shows. Temos o nosso público fiel e graças a Deus a gente está aí. Estamos divulgando o nosso DVD e trabalhando muito. Enfim, está tudo bem.
Esta mesma entrevista foi veiculada dias depois – em novembro de 2008 – no programa Rádio Alternativo, do meu amigo Arimatéia Júnior, na Rádio Nativa FM, de Imperatriz. E até hoje eu tenho o áudio arquivado no meu e-mail. Ficará de lembrança deste grande ídolo, Jerry Adriani. Que Deus o coloque em bom lugar e conforte sua família neste momento de dor.
A cria e o criador
Se Jerry Adriani descobriu e lançou Raul Seixas no eixo Rio-São Paulo, Raul Seixas foi o autor de um dos maiores sucesso de Jerry Adriani. A música Doce, Doce Amor, de 1971, é de autoria de Raul Seixas e Mauro Motta.
Mas, segundo o jornalista e pesquisador Sergio Figueiredo contou no blog www.https://thepointcarioca, “engana-se quem pensa que esta é apenas mais uma música melosa e alienada da Jovem Guarda”.
A história da música é contada no site Memorial Raul Seixas:
“Em 13 de dezembro de 1968, o Regime Militar instituiu o AI-5 (Ato Institucional N° 5), que dava poderes extraordinários ao Presidente da República e suspendia várias garantias dos brasileiros. Raul, que naquela época já se ligava em política, ficou prostrado com a situação. Segundo o próprio Jerry, Raul teria lhe apresentado Doce, Doce Amor logo na semana seguinte ao AI-5.
Nos versos da música, Raul lamenta a perda da liberdade: “Está fazendo uma semana que, sem mais e nem menos, eu perdi você. Mas não sei determinar ao certo qual foi a razão, meu bem. Vem me dizer”.
O Doce Amor perdido era justamente a nossa democracia.”
Por falar em música...
Por falar em um grande ídolo da nossa música, em Imperatriz tem um local que vem se destacando como ponto de encontro de quem aprecia as velhas, mas maravilhosas músicas do nosso cancioneiro popular. É o Bar do Seu Oímpio, na Rua 15 de Novembro, todo sábado, a partir de 13h30. O local, também conhecido por Boca Maldita, por ser ponto de discussões políticas, futebolísticas e de outros temas mais acirrados, agora está se tornando um ponto musical. Os responsáveis pelas tardes maravilhosas são duas figuras conhecidas da cidade: O Lelé, Sargento Pedro e o Benedito Serra. Eles cantam coisas maravilhosas.
No sábado, estive lá e matei a saudade de músicas que a gente não escuta facilmente pelos bares da vida.
“Saudade da Professorinha” – também conhecida por “Meus Tempos de Criança”, de Ataulfo Alves.
(...) Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor, onde andará? (...)
Ou ainda “Sertaneja”, de Renê Bittencourt, que fez grande sucesso com Orlando Silva.
“Sertaneja se eu pudesse
se papai do céu me desse
O espaço pra voar
eu corria a natureza
acabava com a tristeza
Só pra não te ver chorar”. (...)
Ou “Lá no Pé da Serra”, também conhecida por “Casinha Branca”, do compositor paulista Elpídio dos Santos, grande sucesso na voz de Sérgio Reis.
“Fiz uma casinha branca lá no pé da serra pra nós dois morar
Fica perto da barranca do rio Paraná
O lugar é uma beleza eu tenho certeza você vai gostar
Fiz uma capela bem do lado da janela prá nós dois rezar”.
Ou ainda sucessos como: Naquela Mesa, que Sérgio Bittencourt fez em homenagem ao pai dele, Renê Bittencourt; Deixa eu Te Amar, de autoria de Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva e que foi sucesso na voz de Agepê, grande sambista carioca que morreu em 1995, entre outras músicas maravilhosas. Além de sucessos de Benito Di Paula, Roberto Carlos, Aguinaldo Timóteo, Moacyr Franco, Fernando Mendes, José Augusto, Agepê, Jorge Aragão, Martinho da Vila, Erasmo Carlos, Ataulfo Alves, Jamelão, Nelson Gonçalves, Adoniran Barbosa e tantos outros maravilhosos cantores.
A tarde acaba sendo maravilhosa e o som se estende até o começo da noite. A sintonia entre o Lelé e Sargento Pedro é tão formidável que as pessoas presentes ficam encantadas e viajando no tempo, matando a saudade de quando se fazia muita boa, com letras e melodias de qualidade.
Além disso, os frequentadores não estão mais perdendo tempo com intermináveis discussões políticas e sim apreciando mesmo a boa e verdadeira MPB.
Pelo Brasil a fora, apesar da explosão do sertanejo e mesmo dos bares que investem em pop rock, ainda encontramos excelentes e simples bares que abrem espaço para a música de qualidade. Que estes músicos maravilhosos, abençoados por Deus, continuem mostrando seus talentos nas belas tardes de sábados no Bar do Seu Olímpio e também em outros locais do Maranhão e do país, para a felicidade daqueles que apreciam música de qualidade. Parabéns, Lelé. Parabéns, Sargento Pedro. Parabéns, Benedito Serra. Parabéns também ao grande Dervier, que cantou três ou quatro músicas, mas cantou muito e mostrou o seu talento. Viva a música brasileira.
Visitei ontem a Câmara de Vereadores de Imperatriz. Agradeço aos vereadores José Carlos (presidente), Ditola, Rildo Amaral, Alberto Sousa e Carlos Hermes por terem citado a minha presença durante a sessão. Sucesso ao trabalho de todos.
Entrevista
Na oportunidade, fui entrevistado pelo jornalista Claudemir Santos, do programa Coluna Empresarial, no quadro Perfil Político, da Rede TV. A entrevista foi ao ar ontem à noite. Obrigado meu amigo Claudemir. Sucesso sempre.
Social
No sábado, no JR Eventos, na Rua João Lisboa, em Imperatriz, participei da bonita e bem organizada festa de aniversário de 15 anos da jovem Evelyn Maria Bastos Ribeiro, filha dos amigos Antônio José Ribeiro (Tota) e Glória Luiz Bastos Ribeiro.
Na realidade, a “Princesa” aniversariante nasceu dia 6 de abril de 2002, mas o evento foi realizado dia 22 de abril para que parentes que moram em outros estados pudessem comparecer na festa. Parabéns, Evelyn. Saúde, paz e felicidade, sempre.
Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.
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