As notícias comentadas
Caso Eike Batista
O assunto do início da semana foi a prisão do empresário Eike Batista, ou melhor, seu “encontro” com a Polícia Federal, já que estava sendo procurado até pela Interpol – a polícia internacional, mas embarcou tranquilamente no aeroporto de Nova York na noite de domingo, concedeu entrevistas e viajou numa boa para o Brasil.
Na entrevista à TV Globo, o empresário afirmou uma coisa séria e interessante: “A Lava Jato é espetacular. E o Brasil começa a ser outro a partir destas investigações e punições aos envolvidos (inclusive ele), porque aí os empresários vão obter licenças para desenvolverem seus projetos sem precisar pagar propinas para governantes. É hora de ajudar a passar as coisas a limpo”. Ele disse também que pretende colaborar com a justiça.
Eike Batista falou o que todo mundo sabe, mas muita gente se faz de desentendida. É comum em todo o Brasil alguns governantes e alguns funcionários públicos cobrarem propinas para liberar licença ou autorizar a implantação de algum projeto, especialmente quando envolve muita grana, como é o caso dos projetos liderados pelo empresário carioca, que já foi considerado o homem mais rico do Brasil e o sétimo do mundo.
O que acompanhamos pela imprensa diariamente são casos de corrupção absurdos, em que o corruptor paga muitas vezes uma pequena quantia ou um megavalor para o servidor corrupto. No caso de Batista, ele é acusado de pagar 16 milhões e meio de dólares para o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para obter vantagens na implantação de projetos naquele estado. Cabral também está preso no Rio, assim como a mulher dele, Adriana Ancelmo. Eles são acusados de chefiarem uma quadrilha que desviou mais de 220 milhões de reais dos cofres públicos.
Enquanto isso, por causa dos desmandos de Cabral, funcionários públicos no Rio estão recebendo salários parcelados e passando por necessidades até para adquirir uma cesta básica. Tem gente que não viu ainda a cor do dinheiro do décimo terceiro.
Que a justiça seja feita e todos, no Rio e no Brasil, que roubaram dinheiro público e ficaram ricos por meio da corrupção, sejam punidos, presos e tenham todos os seus bens bloqueados. E mais: que os recursos recuperados sejam levados para os cofres públicos e aplicados em projetos sociais e de interesse da sociedade.
Encontro inusitado na prisão
As coincidências da vida nos mostram cada coisa. O Correio Braziliense de ontem revela que o empresário Luiz Estevão, um dos homens mais ricos do Distrito Federal e do Brasil, vai ficar um bom período em uma solitária por descumprir algumas regras do Centro de Detenção Provisória (CDP), em Brasília. Agora um detalhe: ele está no mesmo bloco onde também se encontra o ex-tenente da Polícia Militar, Osmarinho Cardoso da Silva Filho, que foi condenado a 22 anos de prisão por ter sequestrado em 1997 a filha do empresário, Cleucy Meirelles. Ela ficou uma semana sob o poder dos sequestradores comandados por Osmarinho.
Já Luiz Estevão foi condenado em 2006 por envolvimento nos escândalos de desvios de recursos públicos nas obras de construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. Chegou a ser preso e saiu algumas vezes da prisão por causa de inúmeros recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), até que finalmente a Justiça mandou prendê-lo de vez, sem mordomias, acusado de crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, peculato, estelionato e uso de documento falso. A pena do empresário é de 31 anos de cadeia. Se ele vai cumprir tudo isso, aí é outra história.
As besteiras da internet
Tem gente que fala besteira demais nas redes sociais e tem gente mais besta ainda que repassa esses boatos ou notícias absurdas para outras pessoas, por maldade ou por ignorância mesmo.
Li na semana passada em um grupo de ZAP um texto postado por um cidadão, que não deve ter miolo na cabeça, dizendo uma besteira tão grande que fiquei estarrecido. O abestado disse mais ou menos assim: “A ex-primeira dama Marisa Letícia morreu em São Paulo. O marido dela, Lula, roubou o país e tem mais é que morrer, porque quebrou o país”. Como uma pessoa tem coragem para escrever uma besteira desta? Primeiro: a senhora Marisa não morreu. Ela foi internada dia 24 de janeiro, após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico. Dona Marisa permanece internada na UTI de um hospital em São Paulo em coma induzido (pelo menos até o início da tarde dessa terça-feira, quando a coluna foi enviada para a redação). Segundo: o ex-presidente Lula está sendo investigado e cabe à Justiça julgá-lo e puni-lo, se for o caso. Terceiro: doença ou morte não tem nada a ver com investigação na Lava Jato.
Desejar ou comemorar a morte de alguém só para imbecis como estes que divulgam besteiróis na internet todos os dias.
Outro exemplo
Em 2015, recebi outra informação falsa produzida por outro babaca. A “notícia” dizia em pleno domingo que o Senado havia acabado de aprovar o fim do décimo terceiro salário e das férias dos trabalhadores. E o mais absurdo: divulgou a relação dos deputados que teriam aprovado a absurda proposta. Na realidade, o imbecil não soube nem produzir a falsa notícia. Ao invés de “preparar” uma lista diversificada, o idiota divulgou a relação de deputados federais do Ceará de muitos anos atrás, sendo que alguns da lista já morreram e outros não se reelegeram há pelo menos três eleições. E como disse acima, o indivíduo nem esperou começar a semana. Divulgou que a aprovação ocorreu na noite de um domingo. Ora, os parlamentares praticamente só “trabalham” de terça a quinta-feira. Como o Senado votaria qualquer proposta em plena noite de domingo?
Além destas notícias falsas, existem centenas e centenas de outras circulando pelas redes sociais neste momento. Algumas “informando” sobre a morte de pessoas famosas, outras caluniando alguém e outras passando para frente informações erradas, maldosas e absurdas. Fique atento ao que você ler na internet, especialmente nas redes sociais.
Renan Calheiros
Após mais quatro anos na presidência do Senado Federal, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deixa hoje o cargo, que já havia exercido outras vezes. Ele foi eleito senador em 1994. Em 2005, foi eleito presidente do Senado pela primeira vez; em 2007 foi reeleito, mas em novembro daquele mesmo ano teve que renunciar à presidência da Casa após denúncias de escândalos sobre pagamento de mesada feito por um lobista para uma filha que teve fora do casamento com uma jornalista. Em 2013, foi eleito pela terceira vez e em 2015 foi reeleito pelos senadores pela quarta vez, após vencer o colega de partido, Luiz Henrique, de Santa Catarina, que lançou sua candidatura mesmo sem o apoio do PMDB. (Luiz Henrique morreu de infarto dia 10 de maio de 2015, em Joinville-SC – aos 75 anos de idade).
Citado várias vezes em depoimentos de delatores da Operação Lava Jato, sobre envolvimento com corrupção, Renan deverá voltar a ser líder do PMDB no Senado. Chegou-se a dizer que ele poderia assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, mas em Brasília comenta-se que o comando da CCJ deverá ficar com o senador maranhense Edson Lobão.
O novo presidente deverá ser o cearense Eunício Oliveira, também do PMDB, que há quatro anos vem trabalhando nos bastidores para obter tal conquista e torna-se o dirigente do Senado Federal e, consequentemente, do Congresso Nacional. Eunício Oliveira também foi citado por delatores em depoimentos na Lava Jato.
Viola
Mudando de assunto e falando de coisa boa. Por causa do programa rural que produzo e apresento na Band em Parauapebas (PA), tenho percorrido fazendas da região para fazer reportagens sobre encontros de violeiros. São homens simples da roça, pecuaristas ou agricultores, que têm uma paixão enorme pela viola. A maioria de origem goiana ou mineira. Os encontros são maravilhosos e sempre tem muita galinha caipira, carne de porco, carne de gado e galinhada.
No sábado passado (28), participei de mais um encontro de violeiros. Desta vez foi na Fazenda Pará-Goiás, do pecuarista João Rosca, que veio com os pais há mais de 30 anos de São Luís dos Montes Belos, em Goiás, para o Pará e acabou se dando bem como produtor rural.
Entre os violeiros, há o mineiro Cebolão, que canta a verdadeira música caipira com sua viola, ao lado do parceiro Tiãozinho. A música sertaneja autêntica precisa e deve ser preservada. Tenho lutado por isso há muitos anos. No meu programa mesmo, além da viola, tenho divulgado as folias de reis, as rezas realizadas nas roças, o carimbó e outras manifestações culturais.
Pena que as grandes gravadoras só tenham olhos para os besteiróis e se preocupem apenas com o faturamento e não com a qualidade do produto oferecido ao povo, principalmente os jovens, que acabam “engolindo” toda porcaria apresentada pela maioria das emissoras de rádio e televisão do Brasil.
Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.
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