O sertão e o agronegócio
Meu amor e minha admiração pelo sertão é coisa antiga. Desde menino que frequento roça. Lembro muito bem, quando ainda criança, atravessarmos de barco o rio Tocantins e seguíamos de animal – a partir da Bela Vista (ou de Itaguatins) – até o Axixá (TO); depois a gente virava para a esquerda e seguia viagem no lombo de burro ou de cavalo. Após um dia e meio de viagem, chegávamos à fazenda Canto de Areia, no município de Araguatins (TO). Isso ocorria sempre em julho e em dezembro. No final do ano era melhor, porque as férias iam até o final de janeiro e eu e meus irmãos aproveitarmos mais o clima da roça na fazenda do avô Chicão e da vó Guilhermina. Meu avô morreu em 1965 e minha avô em 1980. Depois disso, meu tio Dico Piassaba e minha tia Sebastiana ficaram tomando conta do local. Com a morte do meu tio, meus primos e primas passaram a cuidar da fazenda e por lá estão até hoje, junto com a tia Sebastiana.
Na Fazenda Canto de Areia a produção é chamada de subsistência. Não há produção em grande escala para a venda de produtos. O que se produz se consome lá mesmo, com exceção da venda de um saco de milho ou de mandioca ou a venda de uma vaca ou de um boi de vez em quando. Mas na região em si, digo, no sertão, há pequenos produtores rurais que acabam produzindo e vendendo seus produtos nas vilas ou cidades vizinhas. Ah, ia me esquecendo, mas todo dia 20 de janeiro a Fazenda Canto de Areia mantém viva a tradicional reza de São Sebastião, organizada pela tia Sebastiana, depois de ter aprendido a rezar o terço com sua avó e com sua mãe, dona Rita. A reza já ocorre por lá há mais de cem anos e a área, apesar de muitos primos e outros parentes andarem agora de motocicletas ou automóveis, ainda respira o ar de sertão.
E foi a partir do sertão que o Brasil cresceu para se tornar um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Não só do sertão do Canto de Areia, mas dos sertões desse país afora. Independente dos desmantelos de governantes corruptos ou não, o agronegócio segura este país. E se tivesse mais apoio, contribuiria muito mais para gerar mais emprego e renda no campo e na cidade. Basta ver a quantidade de fábricas de equipamentos e implementos agrícolas, tratores, chapéus, botinas, selas, sementes, rações, currais, balanças, caminhões gaiolas e muito mais produtos ligados ao homem do campo ou ao setor country. Enfim, o que começou nos sertões, hoje é o setor que segura a balança comercial brasileira. E as perspectivas são as melhores possíveis, mesmo com crise e sem o apoio devido que o setor merece – tanto o grande produtor, como o pequeno e o médio, incluindo aí a agricultura familiar.
O setor agrícola é tão forte que basta ver os resultados financeiros das exposições agropecuárias de Imperatriz, Marabá, Araguaína ou indo mais distante: Goiânia, Uberaba, Ribeirão Preto, Esteio (RS) e outras centenas de cidades brasileiras, sem falar nas famosas por suas festas de rodeios como, por exemplo, Barretos e Taquaritinga, em São Paulo.
Fiz este breve preâmbulo, incluindo até um depoimento pessoal, para chegar a esta notícia divulgada pelo ministério da Agricultura. E que bom que no estudo divulgado os nossos vizinhos estados do Tocantins e do Pará são citados como futuras potências agrícolas. Leia e tire suas conclusões sobre o que disse acima:
Safra brasileira de grãos deve chegar a 255,3 milhões de toneladas em 10 anos
A agropecuária brasileira tem um cenário promissor nos próximos anos. Segundo o estudo Brasil – Projeções do Agronegócio 2015/16 a 2025/26, a safra de grãos deverá passar de 196,5 milhões de toneladas para 255,3 milhões de t neste período, com aumento de 58,8 milhões t (30%). Já a estimativa para a produção de carnes (bovina, suína e aves) é de um crescimento de 7,8 milhões de t (29,8%) na comparação com 2015/16. Entre os estados, Mato Grosso continuará sendo o principal polo agrícola do país.
A expansão da agropecuária exigirá investimentos em infraestrutura, pesquisa e financiamento, assinala o estudo, feito por técnicos da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com a SPA, as projeções têm o objetivo de indicar possíveis direções de crescimento do setor e dar subsídios aos formuladores de políticas públicas sobre as tendências de produtos do agronegócio.
Algodão em pluma, milho, leite, carne suína, frango, soja em grão, açúcar, manga, mamão papaya, uva e melão devem ser os produtos agrícolas mais dinâmicos entre 2015/16 e 2025/26. O frango deve ser o destaque no segmento de proteína animal, com aumento de 34,6% na produção. A previsão de crescimento para a carne suína é de 31,3% e de 21% para a bovina, conforme o prognóstico apresentado no estudo.
A produtividade, aliada aos mercados interno e externo, continuará sendo o principal fator a impulsionar o crescimento da produção agrícola. Enquanto o aumento previsto para produção é de 30%, o prognóstico de expansão da área plantada é 12,7%. Ou seja, o rendimento das lavouras será maior mesmo que o espaço cultivado avance em ritmo menor.
Soja, cana-de-açúcar e milho
A projeção é que a área passe de 72,1 milhões de hectares em 2015/16 para 83,1 milhões em 2025/2026, um acréscimo de 11 milhões de hectares. Essa expansão está concentrada em soja (10 milhões de ha), cana-de-açúcar (1,8 milhão ha), trigo (456 mil ha) e milho (698,0 mil ha). Algumas lavouras devem perder área, como o arroz, batata-inglesa, café, feijão e laranja. No entanto, observa o estudo, a redução de área deve ser compensada por ganhos de produtividade.
Trata-se de um aumento de rendimento baseado em tecnologias relacionadas à terra e também aos incrementos na produtividade do trabalho e do capital, destaca a Secretaria de Política Agrícola.
No contexto internacional, o Brasil deve continuar sendo, junto com os Estados Unidos, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos. A projeção indica também que o mercado interno se mantenha com a mais importante fonte de crescimento, devido às elevadas proporções de grãos e carnes consumidas no país.
O trabalho apresenta ainda projeções regionais para o setor rural. Mato Grosso deve continuar liderando a expansão da produção de milho e soja no país, com aumentos de 41,5% e 37,1%, respectivamente. A safra da oleaginosa também terá forte expansão na Região Norte, principalmente no Tocantins, Rondônia e no Pará. O milho terá crescimento acentuado na Bahia e no Tocantins.
E tome mais exemplo:
Setor agropecuário exportou US$ 45 bilhões no primeiro semestre, alta de 4%
As exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 45 bilhões no primeiro semestre deste ano, o que representa um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2015. É o terceiro melhor resultado da série histórica, que começou em 1997. Os dados foram divulgados recentemente pela Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Outro destaque no levantamento da SRI é que o setor foi responsável por quase metade (49,9%) de todas as vendas externas brasileiras no período. Além disso, as exportações ultrapassaram as importações em US$ 38,91 bilhões, ou seja, houve superávit na balança comercial. “O agronegócio brasileiro demonstra mais uma vez a sua contribuição para a economia nacional”, diz o secretário da SRI, Odilson Silva. A informação é do Ministério da Agricultura.
Amigos
Hoje, 20 de julho, é Dia Internacional da Amizade e Dia Mundial do Amigo. Aproveite e cumprimente seus amigos. Se eles estiverem longe, faça algumas ligações, mas não deixe de cumprimentar seus verdadeiros amigos.
Viva o sertão brasileiro. Uma boa semana a todos e até quarta-feira com saúde e paz.
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