Os escândalos do governo Temer
Os erros e escândalos do governo Temer vão acabar mudando a posição de alguns senadores na votação final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Tudo pode acontecer. É tanto escândalo em poucos dias que imagino que tem senador escabreado com o que está vendo todo dia na imprensa de um modo geral: rádio, jornal, televisão, revistas e sites.
Na semana passada, conforme comentei aqui na coluna, o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, teve que pedir demissão após permanecer menos de 15 dias no cargo, justamente por divulgação na Folha de S. Paulo de conversas dele com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ex-tucano do Ceará. Nas conversas, Jucá demonstrava interesse em atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato, a mais bem sucedida operação de combate à corrupção já realizada no Brasil em todos os tempos, com a prisão de poderosos e graduados.
Agora, o então ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, que mal esquentou a cadeira comandando a antiga Controladoria Geral da União (apenas mudou o nome), teve que deixar o cargo na segunda-feira (30), após divulgação no Fantástico (TV Globo,) no domingo à noite, de gravações feitas por Sérgio Machado com ele e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre críticas à Operação Lava-Jato. Ele pediu demissão ao presidente Michel Temer alegando inocência e que “nada atingiu sua conduta”. As conversas foram gravadas por Sérgio Machado em fevereiro. Ele fez acordo de delação premiada com a Justiça para tentar obter redução de futuras penas por envolvimento no esquema de corrupção que imperava na Petrobras.
Logo após a revelação das conversas no Fantástico, as críticas começaram nas redes sociais e no dia seguinte em protestos nas regionais do Ministério da Transparência em todo o Brasil e com grande manifestação de servidores públicos em Brasília. O protesto terminou em frente ao Palácio do Planalto. Na mesma noite de domingo, Fabiano Silveira correu para o Palácio do Jaburu para tentar se explicar para o presidente em exercício, Michel Temer. Na segunda-feira a repercussão foi tão grande no Congresso Nacional, incluindo até críticas de aliados do governo Temer, que o presidente da República em exercício não teve outra opção senão demitir o jovem ministro, que é concursado do Senado Federal.
Fabiano Silveira divulgou uma carta, na qual dá suas explicações sobre as gravações reveladas pelo Fantástico.
Recebi do Presidente Michel Temer o honroso convite para chefiar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Nesse período, estive imbuído dos melhores propósitos e motivado a realizar um bom trabalho à frente da pasta.
Pela minha trajetória de integridade no serviço público, não imaginava ser alvo de especulações tão insólitas.
Não há em minhas palavras nenhuma oposição aos trabalhos do Ministério Público ou do Judiciário, instituições pelas quais tenho grande respeito.
Foram comentários genéricos e simples opinião, decerto amplificados pelo clima de exasperação política que todos testemunhamos. Não sabia da presença de Sérgio Machado. Não fui chamado para uma reunião. O contexto era de informalidade baseado nas declarações de quem se dizia a todo instante inocente.
Reitero que jamais intercedi junto a órgãos públicos em favor de terceiros. Observo ser um despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no cumprimento de seus deveres ao longo de todos esses anos.
A situação em que me vi involuntariamente envolvido – pois nada sei da vida de Sérgio Machado, nem com ele tenho ou tive qualquer relação – poderia trazer reflexos para o cargo que passei a exercer, de perfil notadamente técnico.
Não obstante o fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Externo ao Senhor Presidente da República o meu profundo agradecimento pela confiança reiterada.
Brasília, 30 de maio de 2016.
Fabiano Silveira
Assim fica difícil. Toda semana um escândalo. Com certeza, nas próximas horas outras virão. Esta coluna foi escrita na noite de segunda-feira e finalizada na tarde de terça. Quem sabe hoje não está sendo divulgado outro escândalo na imprensa do país sobre o desastroso governo Temer, composto por “santos” do PSDB e do DEM. Só menino bom, inocentes e sem processos no Supremo Tribunal Federal. Será?
A única diferença da ação de Michel Temer é que, ao contrário do governo Lula e do governo de Dilma Rousseff, ele tem sido rápido nas decisões de demitir os ministros envolvidos em escândalos. Isto é positivo, porque como se diz nos quartéis, os enrolados “se explicam, mas não justificam”. E para não perder tempo e nem ficar sendo bombardeado pela a imprensa, Temer prefere eliminar o assunto demitindo de imediato os denunciados. Quem será o próximo?
De um modo geral, se formos analisar com base na divulgação de nomes de deputados e senadores que enfrentam processos na justiça sobre as mais diversas denúncias, incluindo desvio de recursos públicos, claro, poucos se salvarão no Congresso Nacional. O Brasil chegou a tal ponto que o eleitor terá dificuldade para eleger vereadores e prefeitos nas eleições deste ano e deputados estaduais e federais, senadores, governadores e o futuro presidente da República em 2018. A coisa tá feia. Os políticos estão mais enrolados do que nó em punho de rede.
Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.
Comentários