Lima Rodrigues e Chico Anysio no Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados em Brasília na década de 1990

O poder, o povo, as pesquisas e o eleitor

O poder fascina. Quase todo mundo quer chegar ao poder. Pode ser a presidência de um grêmio estudantil; a direção de uma pequena, média ou grande empresa; o comando de um partido político; uma cadeira em uma Câmara de Vereador; a prefeitura de um município; governar um Estado ou comandar o Brasil. O certo é que todo mundo quer o poder. Se esse poder vem grudado ao dinheiro e à fama, a coisa fica mais poderosa ainda. Tem gente que vende até a mãe ou a alma ao Diabo para conquistar o poder. Isto sem precisar falar de roubo, corrupção, ladroagem, sacanagem, desrespeito, traição... e em respeito aos adjetivos, eu paro por aqui.

O povo

O povo às vezes me surpreende. O povo reclama, reclama, mas sempre erra de novo escolhendo quem já teve chance de governar e perdeu a chance. Talvez o povo erre propositalmente ou talvez por engano ou por acreditar em falsas promessas. Ou às vezes o povo tem razão e acerta ao votar mais uma vez em quem já passou pelo poder e fez um bom trabalho. Isso acontece.

Pesquisa

As pesquisas confirmam. Algumas vezes as pesquisas erram, mas na maioria das vezes acertam. Então, não se assustem se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for eleito presidente na próxima eleição em 2018. É o que aponta a pesquisa do renomado Instituto Datafolha. Ele aparece na frente de todos, tendo em segundo lugar Marina Silva (Rede Sustentabilidade), e em terceiro o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi derrotado por Dilma Rousseff na última eleição. Aliás, eleição que deixou malucos os institutos de pesquisas, já que a diferença de um para o outro foi muito pouca, em se tratando de milhões de eleitores.

PERU

No Peru, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso acusado de “crimes contra humanidade e corrupção em seus dez anos de governo  (1990 a 2000), vai disputar o segundo turno dia 5 de junho com Pedro Pablo Kuzcynski. Ela foi a mais votada e obteve 59,34% dos votos das urnas apuradas e Pedro Pablo 29,96% dos votos. Keiko disse que não vai cometer os mesmos erros do pai. O povo acreditou no discurso dela. Ou será se o povo peruano está errado? O povo sempre tem razão. Ah, o irmão de Keiko, Kenji Fumimori, “que quando o pai era presidente utilizava helicópteros militares para passear com os amigos e não esconde as ambições presidenciais, foi o candidato mais votado ao Congresso peruano”. (Fonte: Correio Braziliense, com base em informações da Agência France Presse).

Parauapebas

Descendo para a planície, vou citar um exemplo bem regional. Aqui em Parauapebas (PA), onde moro há cinco anos, todas as pesquisas indicam que o ex-prefeito Darci Lernen seria eleito prefeito da cidade se as eleições fossem hoje. Eu disse todas, inclusive aquelas encomendas por partidos políticos. Este mesmo candidato foi bastante criticado pelo povo ao deixar o governo em 2012, sem ter conseguido reeleger o seu sucessor, Coutinho, pelo PT. Darci ficou rico e foi para a Bahia, onde, segundo a imprensa, é um dos maiores produtores de alface daquele estado, além de possuir fazendas em outros estados. O mesmo povo o criticou por deixar um hospital sem ser concluído, apesar de ter ficado oito anos no poder prometendo inaugurar o referido hospital e não ter realizado sua promessa e nem o desejo do povo. Darci Lernen, que também foi criticado pelo povo por deixar faltar água nas casas, agora, de acordo com a vontade do povo, lidera as pesquisas de intenção de votos, porque o povo o considera a melhor opção para Parauapebas. Tem horas que a gente fica sem entender o povo. Lernen, que foi um dos fundadores do PT em Parauapebas, migrou recentemente para o PMDB.

O eleitor

O eleitor vem do povo e os políticos chegam ao poder com o voto dos eleitores esclarecidos ou não. Tem horas que o eleitor acerta, mas na maioria das vezes erra ao escolher seu candidato. Tem candidato que quando chega ao poder, vira as costas até mesmo para aqueles poderosos que bancaram sua campanha. Imagina se ele vai se lembrar do povo que o elegeu. Nunca. Só quer o poder e o povo é que se lasque. Aliás, aproveito aqui para demonstrar uma indignação pessoal. Por volta das 22h de segunda-feira, quando escrevia esta coluna, recebi de Brasília a notícia de que uma das minhas filhas procurou atendimento médico de emergência naquela noite e não encontrou na rede pública. É revoltante. Na capital do Brasil, quando o povo chega aos hospitais públicos, a notícia que recebe é de que não há médicos. O povo paga imposto e não recebe atendimento digno nas áreas da saúde, educação, infraestrutura, sem falar na segurança. Mas, mesmo sofrendo, às vezes o eleitor teima em errar durante alguns segundos em que fica isolado dentro de uma cabine de votação.

Chico Anysio

Se vivo estivesse, ontem, dia 12 de abril, o grande humorista cearense Chico Anysio teria completado 85 anos de vida. Ele morreu em 23 de março de 2012 aos 80 anos de idade, no Rio de Janeiro, de “parada cardiorrespiratória, causada por falência múltipla dos órgãos, decorrente de choque séptico causado por infecção pulmonar”.
Chico Anysio foi um dos maiores humoristas do Brasil, além de ator, diretor, escritor, pintor, locutor e comentarista esportivo nas horas vagas. Foram 65 anos de carreira. Criou mais de duzentos personagens, entre eles: Alberto Roberto, Azambuja, Bento Carneiro, Bozó, Coalhada, Jovem, Justo Veríssimo, Nazareno, Painho, Pantaleão, Profeta, Raimundo e Tim Tones. 
Chico Anysio casou-se algumas vezes e deixou oito filhos (sendo um de criação), entre eles o competente ator Bruno Mazzeo e o humorista Lug de Paula.
Tive a honra de conviver com Chico Anysio algumas vezes, inclusive produzi um show dele em Brasília em 1995. Ele chegou a usar em seus shows piadas que lhe contei. Cheguei a escrever textos para a Escolinha do Professor Raimundo, mas os mesmos não chegaram a ser aproveitados porque o programa saiu do ar pouco tempo depois. Mas pelo menos ouvi de sua boca que os “textos estavam ótimos”. Escrevi para alguns personagens, como, por exemplo, “Seu” Rolando Lero, Baltazar da Rocha e Dona Bela. Grande Chico Anysio, saudade.

Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.