Política: todo mundo quer se dar bem
Magalhães Pinto, o inteligente advogado mineiro, traquejado político, empresário e banqueiro, fundador do famoso e já extinto Banco Nacional, aquele que patrocinava o piloto Ayrton Senna, ex-governador de Minas Gerais, ex-senador e ex-deputado federal, era uma verdadeira raposa da política brasileira, ao lado de outros grandes, como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Otávio Mangabeira, para citar apenas três feras: um mineiro, um paulista e um baiano.
A frase mais famosa de Magalhães Pinto é: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.
É pura verdade e se encaixa mais uma vez nos dias de hoje. Dias amargos e tristes para a política e a economia do Brasil. É comum político mudar de lado partidário, com base em pesquisas eleitorais no meio de uma eleição, só para se dar bem. Veja o momento atual: em vários municípios brasileiros há políticos que eram fãs fervorosos do ex-presidente Lula e até fundadores do Partido dos Trabalhadores, mas agora estão abandonando o PT por causa do alto índice de rejeição que a sigla vem obtendo perante a população, devido aos atos de corrupção já devidamente comprovados de alguns de seus dirigentes. Quando Lula estava no auge, um bando de puxa saco fazia questão de posar ao seu lado. Muitos e muitos foram eleitos e reeleitos graças à popularidade de Lula. Como o PT se perdeu no tempo e se enrolou na lama da corrupção, agora, boa parte de seus filiados está procurando outros partidos para tentar se eleger vereador ou prefeito. E muitos estão procurando se abrigar no PSDB, porque o senador mineiro Aécio Neves está em alta nas pesquisas rumo ao Palácio do Planalto.
A situação dos que estão deixando o PT lembra a frase do jornalista Ivan Lessa: “O último a sair apague a luz”. Esta frase foi muita usada na política brasileira nos últimos 40 anos. Foi usada até quando os filiados começaram a deixar o então PDS, o partido ligado ao governo militar, quando seus dirigentes foram para a Aliança Democrática, uma fusão com o PMDB. Esta aliança acabou elegendo Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985. Tancredo passou e foi internado na véspera da posse e José Sarney assumiu o comando do país em 15 de março de 1985 e contribuiu para a redemocratização brasileira, quer queira ou não alguns camaradas. Como todo mundo sabe, Tancredo morreu dia 21 de abril daquele ano.
Ivan Lessa
Frasista genial, pensador anárquico, o jornalista Ivan Lessa, que morreu em 2012 em Londres, deixou para a posteridade epígrafes que marcaram o jornalismo brasileiro. Entre os ditos mais famosos estão: “A cada 15 anos os brasileiros esquecem o que aconteceu nos últimos 15 anos” e “O último a sair apague a luz”, referindo-se ao Brasil, em resposta ao que os militares apregoavam durante a ditadura (o “Ame-o ou deixe-o”). Filho da cronista Elsie Lessa e do escritor Orígenes Lessa, Ivan Pinheiro Themudo Lessa nasceu em 9 de maio de 1935, em São Paulo, mas foi criado no Rio de Janeiro. Ele era bisneto de Julio Cézar Ribeiro Vaughan, criador de jornais e autor do romance naturalista A Carne. Lessa também morou nos Estados Unidos, quando seu pai trabalhou para a Coordenação de Assuntos Interamericanos.
Lessa foi fundador e um dos principais colaboradores do jornal O Pasquim, ao lado de Ziraldo, Paulo Francis, Tarso de Castro e Millôr Fernandes. Com o cartunista e amigo Jaguar, Lessa criou o ratinho Sig, inspirado no psicanalista Sigmund Freud, que se tornou símbolo de O Pasquim.
Entre 1972 e 1981, Ivan Lessa era responsável por uma das melhores páginas do Pasquim, intitulada “Gip Gip Nheco Nheco”. Era uma seção que reunia cartuns ilustrando frases lapidares de Lessa, um mosaico de desaforismos, talhadas por um fino humor e que resumiam disfarçadamente a crítica situação de então. (Fonte: www.gazetadopovo.com.br)
ULYSSES
“Política não se faz com ódio, pois não é função hepática. É filha da consciência, irmã do caráter, hóspede do coração. Eventualmente, pode até ser açoitada pela mesma cólera com que Jesus Cristo, o político da Paz e da Justiça, expulsou os vendilhões do Templo. Nunca com a raiva dos invejosos, maledicentes, frustrados ou ressentidos. Sejamos fiéis ao evangelho de Santo Agostinho: ódio ao pecado, amor ao pecador. Quem não se interessa pela política, não se interessa pela vida.” (Ulysses Guimarães - 4 de março de 1985)
Nascido em 16 de outubro de 1916, Ulysses Silveira Guimarães nasceu na vila de Itaqueri da Serra, hoje distrito do município de Itirapina, que na época era parte do município de Rio Claro, no interior paulista. Ulysses foi advogado, professor universitário, escritor e dirigente de clube de futebol. Na juventude, sonhou com o mundo das artes, que acabou abandonando por outro sonho: a carreira política, galgada degrau a degrau, até chegar à cadeira de Presidente da Câmara dos Deputados. Foi o parlamentar que mais tempo ficou à frente do Legislativo federal.
A história do Dr. Ulysses é ampla e rica, e sua figura tornou-se exemplar para as gerações seguintes. Poucas vezes o rumo da sociedade brasileira foi conduzido por uma figura tão atuante e ética que conseguiu ser respeitada por todos, inclusive por outras lideranças que tiveram a oportunidade de com ele dividir algum momento importante para o país. Ulysses morreu em 12 de outubro de 1992 na queda de um helicóptero que seguia de Angra dos Reis (RJ) para São Paulo. Seu corpo nunca foi localizado. (Fonte: Wikipédia)
Otávio Mangabeira
Otávio Mangabeira nasceu em Salvador, em 1886, e morreu no Rio de Janeiro, em 1960. Ele foi engenheiro civil, ocupou alguns cargos políticos, foi ministro das Relações Exteriores, deputado federal e senador.
Engenheiro civil, formou-se pela Escola Politécnica da Bahia, em 1905. Iniciou sua carreira política como vereador em Salvador, em 1908. Em 1911, obteve seu primeiro mandato para a Câmara Federal, onde permaneceu até 1926. Nesse período, por várias vezes mudou de partido, acompanhando a instável dinâmica da política baiana durante a República Velha.
Em 1926, logo após a posse de Washington Luís na presidência da República, foi nomeado ministro das Relações Exteriores. Como membro do governo, deu apoio, em 1930, à candidatura situacionista de Júlio Prestes. Ainda que tenha sido declarado vencedor do pleito realizado no mês de março, Júlio Prestes não tomou posse em virtude do movimento armado que levou Getúlio Vargas ao poder, em outubro daquele ano. Nessa ocasião, Mangabeira foi afastado do ministério, preso e, em seguida, obrigado a se exilar na Europa.
Retornou ao Brasil somente em 1934, quando foi anistiado. Conquistou então uma vaga na Câmara Federal, onde se alinhou à Minoria Parlamentar, o bloco que fazia oposição a Vargas no Congresso. Ainda em 1934, assumiu sua cadeira na Academia Brasileira de Letras, para a qual havia sido eleito em 1930, pouco antes da eclosão do movimento revolucionário responsável por seu exílio. Na Câmara, Mangabeira se opôs às medidas repressivas decretadas por Vargas, principalmente após o fracassado levante armado deflagrado em novembro de 1935 por setores da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente antifascista e anti-imperialista, integrada por comunistas, socialista e “tenentes” de esquerda.
Perdeu seu mandato parlamentar em novembro de 1937, quando o Congresso foi fechado em virtude do golpe do Estado Novo. Passou, então, a participar de uma conspiração contra o governo, que envolvia integralistas e políticos liberais. Por conta disso, foi preso em março de 1938 e condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional. Solto em agosto, foi obrigado novamente a se exilar. Viveu então na Europa e nos Estados Unidos por vários anos.
Em abril de 1945, anistiado, retornou ao Brasil. Ingressou, então, na União Democrática Nacional (UDN), partido que aglutinava a oposição liberal ao Estado Novo. Foi eleito presidente nacional da nova organização e por sua legenda voltou à Câmara Federal, em 1946, como deputado constituinte pela Bahia. Em 1947 elegeu-se governador da Bahia. Passou a defender, nos anos seguintes, a aproximação da UDN com o governo Dutra, eleito pelo PSD em 1945. Essa sua postura visava a viabilização de seu nome como candidato de uma possível coligação entre os dois partidos na eleição presidencial de 1950. O acordo, porém, não vingou e a UDN optou por lançar o brigadeiro Eduardo Gomes como candidato a presidente pela segunda vez consecutiva, sendo novamente derrotada. Em janeiro de 1951, Mangabeira deixou o governo baiano.
Em 1954, participou da campanha movida contra Vargas, que voltara à presidência da República. Em fevereiro do ano seguinte, meses após o suicídio do presidente, retornou à Câmara Federal. Em 1959, elegeu-se senador, sempre pelo estado da Bahia.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1960. [Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001].
Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.
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