No fundo, no fundo, o Planalto está de olho no Congresso Nacional
Estive em Brasília e constatei que o clima político não é bom para a presidente Dilma Rousseff

O momento político é tenso

O momento político em Brasília vivido pela presidente Dilma Rousseff é tenso. Não chega a ser dramático, ainda, mas está a caminho. Ela demorou a acordar para a situação ou talvez seus assessores mais diretos e coordenadores políticos só levaram notícias boas para a presidente, com exceção da pesquisa do DataFolha de que ela só tem a aprovação de 9% da população. Abra bem o olho, Dona Dilma. A coisa pode piorar.
Ela começou a abrir um olho sobre a nada boa situação política do governo após a movimentada Convenção Nacional do PSDB, no último domingo, que reconduziu o senador Aécio Neves (MG) à presidência nacional do partido por mais dois anos. O encontro tucano foi palco de muitos discursos bem dosados de críticas ao governo e à presidente Dilma, incluindo até previsões de que ela não terminará o seu mandato devido à crise política que impera no país no momento, sem contar o baixo desempenho da economia brasileira. Há setores da oposição e até da base aliada governista se articulando para aprovar, agora no segundo semestre, o possível impeachment da presidente Dilma, apesar de cabeças tucanas afirmarem que o partido está pronto para governar, mas dentro da institucionalidade e sem golpismo.
Boa parte tucana se ancora na possível rejeição das contas de Dilma no Tribunal de Contas da União (TCU) e, consequentemente, pelo Tribunal Superior Eleitoral. Com isso, especula boa parte tucana, a Câmara estaria pronta para afastar Dilma, alegando que ela não tem mais condições políticas de governar o país. Caso isso ocorra, como deseja boa parte tucana e da oposição, seriam afastados ela e o vice-presidente Michel Temer. Neste caso, assumiria o presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que convocaria eleições presidenciais em 90 dias. É aí que as cabeças tucanas alegam que o partido entraria para salvar o Brasil e, por isso, estão dizendo que as eleições seriam antecipadas. Vale lembrar que Dilma ainda tem três anos e meio de mandato.
Após a convenção do PSDB, realizada em um hotel localizado nas proximidades do Palácio da Alvorada, em Brasília, residência oficial da presidente, Dilma Rousseff começou a abrir o outro olho e na segunda-feira cedo se reuniu com os membros da articulação política do governo e depois convocou o Conselho Político. Após isso, o vice Michel Temer, que chegou a pensar em deixar a articulação política, concedeu entrevista coletiva dizendo que “não há perigo de afastamento da presidente”, que “não há motivo para isso” e que, se o impeachment acontecesse, “geraria uma crise institucional no país”. Já a oposição pensa ao contrário e afirma que isto seria muito bom para o Brasil.
Ainda na segunda-feira, Dilma Rousseff declarou que lutará “com unhas e dentes” para defender seu mandato. Acho que ela deveria ter dito isso há algum tempo e não agora, quando as investigações da Operação Lava Jato estão ficando cada vez mais fortes e prendendo gente graúda, com a chamada delação premiada de dono de construtora.
Reconheço que há uma crise política (sem falar a econômica) no governo, mas não vejo motivo para o afastamento da presidente Dilma. O que ela tem que fazer é articular melhor sua base aliada para evitar as derrotas que vem tendo no Congresso Nacional; adotar medidas duras para conter a inflação e outras para gerar mais emprego e renda, além de melhorar a saúde, a educação e a infraestrutura do país. Mas ela precisa se articular bem, porque se não souber fazer bem essa articulação, poderá ser surpreendida até mesmo por político de sua confiança atualmente. Confiança em parte. Tem político da base governista doido para mudar de lado, querendo se dar bem no futuro.
Para a oposição, na minha visão, resta criticar o governo e apontar as soluções. E ainda barrar as votações que achar inconvenientes no Congresso Nacional, mas querer afastar a presidente simplesmente por afastar, discordo e chamo isso de golpe. É melhor esperar a próxima eleição e ganhar o Palácio do Planalto na urna e não na marra. Enquanto isso, abra os dois olhos, presidente Dilma.

Solto

A justiça do Pará determinou na segunda-feira a soltura do vereador Odilon Rocha de Sanção, que estava preso em Belém desde o final de maio acusado de envolvimento em atos de corrupção na Câmara de Vereadores de Parauapebas (PA). Um detalhe do despacho chamou a atenção: o juiz determina que Odilon, que é natural de Imperatriz, não volte à Câmara de Vereadores; não converse com vereadores; não vá aos prédios da Câmara e da prefeitura municipal e não converse com testemunhas da Operação Filisteus, que investiga a corrupção na Câmara de Vereadores.
Pelo jeito, Odilon, que é um rico empresário em Parauapebas, ficará numa espécie de prisão domiciliar. Aí cabe mais um comentário: o que um homem bem sucedido financeiramente, a partir de um supermercado montado no antigo garimpo de Serra Pelada no começo da década de 1980, quis se envolver com desvios de recursos públicos, ninharia em relação ao seu patrimônio? Poderia estar bem mais tranquilo agora e sem ter ficado conhecido nacionalmente como corrupto, conforme ele mesmo disse em discurso na Câmara de Vereadores. “Aqui em Parauapebas, vereador que não é corrupto não sobrevive até o final do mês com um salário de R$ 10 mil”, declarou Odilon. A frase ganhou o Brasil por intermédio da televisão, do rádio, da imprensa em geral e, principalmente, das redes sociais. Só a vergonha e a humilhação que ele passou já foram suficientes para punir qualquer cidadão. Assim entendo.

Acidente

Na segunda-feira pela manhã, houve um acidente grave na PA-275, entre Curionópolis e Parauapebas, no sudeste do Pará, com a morte de um caminhoneiro e pessoas feridas. À tarde, no mesmo local, outro acidente, mas sem vítima fatal. Mas, pelo que observei na estrada, muito motorista provoca acidente ao realizar ultrapassagem errada e mal sucedida. Tem muita gente afoita no trânsito. Se todo mundo dirigisse com consciência e respeitando as leis, não haveria acidente nas estradas nem nas ruas das cidades.

Festa junina

Parabéns ao secretário Lucena Filho e sua equipe pela brilhante festa junina (Arraiá do Povo Festeiro) realizada em Imperatriz mais uma vez. As tradições populares não podem morrer. É dever da Fundação Cultural preservá-las com garra e determinação. Viva Santo Antônio. Viva São João e Viva São Pedro. Viva a cultura popular.

Retorno

Graças a Deus, fiz boa viagem e cheguei ao Pará na segunda-feira à tarde, após dez dias em Brasília. Obrigado, meu Deus, por tudo.

Boa semana e até quarta-feira, com saúde e paz.