A força do cordel
A literatura de cordel, que surgiu há 3.500 anos na Europa e chegou ao Brasil com os portugueses e se fortaleceu nos últimos 200 anos, continua firme e forte no país, especialmente no Nordeste. Uma prova disso foi a realização do III Encontro Nordestino de Cordel em Brasília, promovido pela Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do Distrito Federal e Entorno (Acrespo), em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Ministério da Cultura, com o patrocínio da Caixa Econômica Federal.
Durante três dias e três noites – 19, 20 e 21 de maio – poetas e artistas de vários estados se dedicaram à Literatura de Cordel e ao Repente com o propósito de manter viva e efervescente a arte da poesia do Nordeste. A palavra adornada por métrica e rima constitui várias vertentes culturais centenárias que fincaram raízes firmes em todo o Brasil, com destaque na região nordestina.
O Espaço Cultural da Caixa em Brasília foi o palco do encontro entre experimentados repentistas, cordelistas, declamadores, cantores, poetas populares, editores e músicos que se encantaram pela poesia e a mantêm pulsante e criativa em forma de arte, profissão e negócio. São quase nove mil artistas só neste segmento da arte popular.
Chico de Assis
“Este projeto nasce da importância de que esta cultura se firme no panorama atual do mercado cultural e seja difundida para as novas gerações, descobrindo novos talentos e fortalecendo sua cadeia produtiva e sua categoria, que hoje congrega centenas de profissionais em todo o país”, afirmou o poeta e repentista Chico de Assis, coordenador geral do evento.
João Santana
“Para que as artes da Literatura de Cordel e do Repente se mantenham vivas, foi de extrema importância a realização do encontro, que tornou-se um passo fundamental para o processo de registro da Literatura de Cordel e também do Repente como bens oficialmente componentes do Patrimônio Imaterial da Cultura do país”, destacou o repentista João Fontana, coordenador da Mostra Cultural do Encontro em Brasília.
Shows
Na Mostra Cultural, foram três noites de espetáculos gratuitos com grandes nomes do Repente e do Cordel e músicos e atores ligados a essas artes. Fizeram parte da programação os cantores baianos Xangai e representantes do grupo de Bule Bule e o pernambucano Paulo Matricó; os repentistas Oliveira de Panelas; Geraldo Amâncio; Severino Feitosa; Ismael Pereira; as duplas Chico de Assis e João Santana e Edmilson e Lisboa; o cordelista e declamador Moreira de Acopiara; o ator e declamador Dilson Tavares e o grupo de teatro de bonecos Mamulengo Presepada.
ABLC
Tive a honra de conhecer pessoalmente o presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, que tem sede no Rio de Janeiro, o poeta cordelista Gonçalo Ferreira da Silva. Dele, adquiri o Dicionário Brasileiro de Literatura de Cordel (Editora Rovelle) e o livro “Vertentes e Evolução da Literatura de Cordel”, 7ª edição, da Editora Milart.
“A fim de manter suas características originais firmadas nos sertões nordestinos, este dicionário vai ao encontro da inarredável exigência de preservar o estilo que distingue o cordel, além de ratificar o que possui de mais puro e desejado, característica primacial de sua expressiva beleza, visível na sua singeleza literária. De A a Z, a literatura de cordel em sua essência, está nesta obra organizada pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC)”, diz o texto da contra capa do livro, muito bem elaborado e bem ilustrado com autênticas xilogravuras.
Coletânea sobre Lula
Recebi do poeta Crispiniano Neto o livro de 528 páginas denominado “Lula na Literatura de Cordel”, da editora IMEPH, lançado em 2009, no qual ele reúne as principais obras em cordéis que fazem referência à história de vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E, para minha honra, o livro “A História do presidente Lula em Cordel”, que eu lancei em 2005, está destacado na página 107 da referida coletânea.
Livretos
Aproveitei para adquirir (e também ganhei) diversos cordéis de poetas cordelistas como “O Melhor da Literatura de Cordel”, do piauiense Pedro Costa, grande mestre; “O Caso da Menina da Estrada de Canindé” e “Brasil: um paraíso ameaçado”, de Moreira de Acopiara; “O Santo Agreste Jesus”, do poeta, cordelista e professor cearense Lucarocas, também grande artista do cordel; “A Vida do Nordestino”, de Joaquim Bezerra da Nóbrega, além de obras do presidente da Acrespo, a Casa do Cantador de Brasília, Donzílio Luiz.
Em resumo...
Em resumo, como um aprendiz do cordel, apesar de escrever neste estilo desde jovem, aprendi muito com os grandes poetas nordestinos. Fui o único cordelista da região norte convidado para o III Encontro Nordestino de Cordel em Brasília. Inclusive, faço parte da Comissão Pró Criação do Sindicato Nacional dos Poetas Populares (nome provisório), como representante da região Norte. Me senti muito honrado. Valeu. Obrigado Chico de Assis e obrigado João Santana. Parabéns a todos pela organização do evento.
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