José Rico, o garganta de ouro do Brasil, deixou saudade
Inezita Barroso, grande defensora da música de raiz e da cultura popular

Os grandes ídolos se vão e deixam saudade

Em menos de quinze dias, o Brasil perdeu dois grandes artistas da área da música: José Rico e Inezita Barroso.  Quanto mais a gente escuta nas rádios tanta porcaria musical, é que a gente fica imaginando quanto vazio estes artistas vão deixar. Eles cantavam a alma do sertão, da roça, do interior e da pureza do verdadeiro cancioneiro popular.
Em 1988, eu fiz o programa Cultura no Campo, na Rádio Cultura FM de Brasília, e em 1999-2000 fiz o Canto da Terra, na Rádio Câmara, também na capital da República. Em ambos os programas, destacava a verdadeira música raiz, o folclore, a cultura popular, as curiosidades do Mestre Câmara Cascudo sobre o folclore brasileiro e a poesia do cearense Patativa do Assaré (meu patrono na Academia Parauapebense de Letras).
Lá nos programas eu tocava Inezita, José Rico, Luiz Gonzaga, Sérgio Reis, Rolando Boldrin, Jair Rodrigues, Pena Branca e Xavantinho, Renato Teixeira, Almir Sater, o violeiro Renato Andrade, o pernambucano Antônio Nóbrega, Juraíldes da Cruz, Genésio Tocantins, Xangai, Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias, o gaúcho Borghetinho, Jackson do Pandeiro, Marinês, Pixinguinha, Noel Rosa e tantos outros artistas. Muitos deles, inclusive, especialmente os mais jovens, não tinham espaço e não têm até hoje nas emissoras de rádios comerciais. Mas, enfim, desde aquela época já era fã de Inezita Barroso e José Rico. Há três anos faço o Conexão Rural na TV do Pará, onde procuro resgatar os grandes artistas e valorizar os novos que cantam uma boa música sertaneja, a MPB, o forró pé de serra e a chamada música regional.
Com a morte de José Rico e de Inezita Barroso, o Brasil fica mais pobre musicalmente. Para a infelicidade de quem gosta da verdadeira cultura popular brasileira. Música com letra, conteúdo e melodia e não umas porcarias que tocam por aí.

Notícia triste

A imprensa toda divulgou e as emissoras de rádio e televisão destacaram a morte destes artistas consagrados. O site www.musicauol.com.br, por exemplo, informou isto sobre a morte de José Rico: “O músico José “Rico” Alves dos Santos, voz principal da dupla Milionário e José Rico, morreu nessa terça-feira (3), aos 68 anos, no Hospital da Unimed de Americana, interior de São Paulo. De acordo com um comunicado divulgado pela assessoria de imprensa, a morte ocorreu às 14h18, por infarto do miocárdio.
O velório ocorre nesta terça-feira, desde as 20h, na Câmara Municipal de Americana, e é aberto ao público. O corpo será sepultado no Cemitério da Saudade, na mesma cidade. O horário do enterro ainda não foi divulgado”.
A notícia da morte foi divulgada na página oficial dos artistas no Facebook. “É com muita dor no coração e profunda tristeza que comunicamos o falecimento do nosso ídolo José Rico”, diz o comunicado. O cantor de sucessos como “Estrada da Vida” foi internado pela manhã, em Americana (SP), com problemas no coração, rins e joelho, ainda segundo a nota.
“Vamos rezar por este homem que tanta alegria nos deu. É impossível descrever nossa tristeza, estamos todos em estado de choque”, conclui a nota.
De acordo com a assessoria de imprensa, a dupla fez shows no sábado e no domingo no interior de São Paulo. José Rico teria sentido fortes dores na perna e cantou sentado em um banquinho.
Ainda segundo a assessoria, o músico tinha previsão de alta do hospital e voltaria para São Paulo na quarta-feira, onde faria uma participação no programa “Ritmo Brasil”, da RedeTV!.
Um dos últimos registros da dupla, que vendeu 35 milhões de discos em 43 anos de carreira, é uma participação no DVD ainda inédito de Victor e Leo, gravado no dia 29 de janeiro, em São Paulo. Na ocasião, a dupla cantou a música “Estrada Vermelha”, composta por Victor”.

Sobre Inezita

Sobre a cantora e apresentadora paulistana Inezita Barroso, o site www.musicauol.com.br destacou: “Morreu na noite deste domingo (8) a cantora e apresentadora Inezita Barroso, conhecida por sua defesa da cultura caipira, à qual dava espaço no programa ‘Viola, Minha Viola’, que apresentou por quase 35 anos. A informação foi confirmada pelo perfil oficial da TV Cultura. Inezita estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 19 de fevereiro. Completou 90 anos no último dia 4. A cantora deixa uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos.
Segundo a família, Inezita morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda e o velório se inicia às 6h na Assembleia Legislativa de São Paulo, no centro da capital paulista, e fica fechado apenas para a família por meia hora. O enterro acontecerá às 17h no cemitério Gethsemani, no Morumbi, zona sul da cidade.
Ignez Magdalena Aranha de Lima, nome de batismo de Inezita Barroso, nasceu em 4 de março de 1925, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Filha de família tradicional paulistana, passou a infância cercada por influências musicais diversas, mas foi na fazenda da família, no interior paulista, que desenvolveu seu amor pela música caipira e pelas tradições populares. Formou-se em Biblioteconomia pela USP e foi uma grande pesquisadora do gênero musical. Por conta própria, percorreu o Brasil resgatando histórias e canções.
Além de cantora, foi instrumentista, arranjadora, folclorista e professora. Em cerca de 60 anos de carreira, gravou mais de 80 discos. Como intérprete, sua gravação mais famosa foi ‘Moda da Pinga’, dos versos ‘Co’a marvada pinga é que eu me atrapaio/ Eu entro na venda e já dô meu taio/ Pego no copo e dali num saio/ Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio/ Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!’.
Na televisão, iniciou a sua carreira artística junto com a TV Record, onde foi a primeira cantora contratada. Depois, passou pela extinta TV Tupi e outras emissoras, até chegar à TV Cultura para comandar o ‘Viola, Minha Viola’, onde apresentava desde os anos 1980.
Inezita manteve a rotina de apresentações e gravações do programa até 2014. Em dezembro, ela chegou a ser hospitalizada após cair dentro da casa de sua filha, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Desde então, não participou mais do seu tradicional programa de música sertaneja”.

Marvada Pinga

Marvada Pinga foi seu grande sucesso. Mas ela tinha muitos outros. Todos falando da vida do caipira. Ela não admitia guitarra nem teclado em seu programa Viola, Minha Viola. Fica a saudade.