A força da literatura de cordel

Meu caro leitor, minha cara leitora, se eu fosse destacar uma manchete hoje no jornal diria: Jornalista imperatrizense escreve A História de Parauapebas em Cordel. Pois é. A pedido da Secretaria de Cultura de Parauapebas (PA), eu escrevi em literatura de cordel toda a história da cidade, em comemoração aos 26 anos do município, cuja data de emancipação é 10 de maio. E para minha felicidade, o trabalho foi elogiado pelo governador Simão Jatene, que participou das comemorações do aniversário da cidade; pelo prefeito do município, Valmir Mariano; por secretários municipais e artistas locais. Não é a primeira vez que escrevo cordel a pedido da Secretaria de Cultura. Esta é a segunda vez. A primeira foi por ocasião da festa junina de Parauapebas em 2012, denominada Festival Jeca Tatu.
Só para lembrar, já escrevi em cordel as biografias de várias personalidades, como, por exemplo, do então presidente Lula em 2005; da apresentadora Ana Maria Braga, em 2007; da presidente Dilma Rousseff, em 2011; do publicitário Duda Mendonça e de Luiz Gonzaga, em 2012, entre outras.

Com 34 estrofes, em homenagem aos 100 anos do Rei do Baião, eu comecei o cordel dizendo:

Luiz Gonzaga nasceu
No meio do sertão
Em 13 de dezembro de 1912
E sagrou-se o Rei do Baião
Encantou plateias no Brasil
De São Paulo ao Maranhão.

E terminei com o seguinte verso:
Viva Luiz Gonzaga
Você fez o que o povo sempre quis
Viveu o Nordeste e suas raízes
Deixando muita gente feliz
Por sua simplicidade
Por toda sua humildade
Da música, você é Matriz.

Agora, também com 34 estrofes, no livreto Parauapebas em Cordel eu conto a história da cidade oficialmente, sem entrar em questão política. A Secretaria de Cultura anunciou que mandará imprimir milhares de cordéis para distribuir na rede municipal de ensino.
Em homenagem a esta potente cidade do sudeste do Pará, hoje com mais de 250 mil habitantes e considerada a capital do minério, eu começo o cordel dizendo:

Parauapebas é tudo de bom
É a terra das oportunidades
Todo dia chega gente
Vindo de outras localidades
Em busca de melhora de vida
Com trabalho e cordialidade.

Hoje a cidade é pujante
É destaque na economia nacional
É a capital do minério
Mas tem beleza natural
Tem gente trabalhadora
Com a benção protetora
Sem esquecer seu lado cultural.

No livreto, eu conto a história de Parauapebas desde a chegada dos primeiros pesquisadores à Serra de Carajás para avaliar o potencial mineral da região, ainda na década de 1960; falo da economia do município, de sua gente e do seu desenvolvimento.

Em 26 anos de existência
De conquista de emancipação
Que deixou de ser distrito de Marabá
E ser respeitada em toda a Nação
Quem pisa o solo parauapebense
Se entrega de verdade de alma e coração
A cada dia chegam centenas de migrantes
Vindo do Goiás, Tocantins e Maranhão
Na realidade, gente que vem de todo o país
Muitas vezes só com a cara, a coragem e a força da mão.

Xxx
Eu finalizo o cordel em homenagem a Parauapebas com as seguintes estrofes:

Parabéns Parauapebas
Pelos seus 26 anos de existência
Por acolher a todos com carinho
E pela sua vitalidade e persistência
Após escrever sobre Luiz Gonzaga
A pedido da Secretaria de Cultura
Esta é minha segunda experiência.

Viva a capital do minério
Com toda a sua beleza
Que tem um povo amigo
Na alegria e na tristeza
Parabéns Parauapebas
Nós te amamos, com certeza!

A força do cordel

A literatura de cordel, pela qual me apaixonei há muitos anos, já tendo inclusive escrito as biografias de várias personalidades, surgiu no Brasil com a chegada dos portugueses e ganhou força no Nordeste. Na Paraíba, por exemplo, o poeta Francisco Ferreira Filho Diniz coordenou o projeto Literatura de Cordel na Escola. O Cordel nas Escolas foi implantado com muito sucesso nos estados do Piauí, Ceará, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Comunicação de massa

Literatura de Cordel
É poesia popular
É história contada em versos
Em estrofes a rimar
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.
 
A capa é em xilogravura
Trabalho de artesão
Que esculpe em madeira
Um desenho com "ponção"
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.
 Os folhetos de cordel
Nas feiras eram vendidos
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.  (...)

A História da Literatura de Cordel

A poesia popular, enquanto literatura oral já existe há mais de 3.500 anos. No Brasil o cordel chegou, trazido de Portugal, onde era vendido como "folhas soltas", mas foi com um poeta nascido em Pombal, que ele ganhou celebridade. Foi Leandro Gomes de Barros quem primeiro passou a editar e comercializar, no final do século XIX, o folheto na forma tal como temos atualmente; por isso ele é considerado o patriarca dessa expressão popular e a Paraíba é tida como o berço da literatura de cordel.  
O cordel que era vendido nas barracas das feiras livres pendurado em cordões e recitado ou cantado pelos poetas violeiros para atrair os compradores, hoje sofre dos males do esquecimento e do abandono, explicado pelo advento da era tecnológica e assimilação desenfreada da cultura estrangeira. Ele já foi, no interior do Nordeste, o jornal, a música, o lazer de um povo que se reunia nos salões ou terreiros das casas para fantasiar histórias lidas por aqueles que dominavam os códigos da leitura e servia também para alfabetizar tantos outros que às vezes sabiam de cor folhetos famosos. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no Nordeste poetas de expressão como Patativa do Assaré e revelar ao mundo uma música inigualável de Luiz Gonzaga, valores que sintetizam a grandiosidade da nossa arte popular.
(Fonte: estudos do professor e poeta cordelista Francisco Ferreira Filho Diniz, paraibano, autor de mais de 60 folhetos e autor do Projeto Cordel nas Escolas em João Pessoa).

Agradecimento

Quero de público agradecer os elogios e as belas palavras ditas a meu respeito pelo radialista Arimatéia Júnior, em seu programa de sábado passado, transmitido com exclusividade pela rádio Arara Azul FM, de Parauapebas. Não é a primeira vez que o companheiro faz elogios sobre minha história de vida. Meu caro irmão e parceiro Arimatéia, estava acompanhando as atividades do aniversário de Parauapebas e não ouvi seus comentários, mas várias pessoas comentaram comigo a respeito do assunto. Nos conhecemos há muitos anos e era com orgulho que entrava ao vivo direto de Brasília no jornal da Rádio Imperatriz AM, na década de 1980, e em seu programa matinal na Rádio Nativa FM, de Imperatriz, nas décadas de 1990 e 2000. Obrigado pela força e por tudo o que você já fez por mim. Muito obrigado meu amigo. Saiba mais uma vez que sou seu  fã e admiro seu trabalho, sempre feito com dedicação, humildade e profissionalismo. Que Deus te abençoe sempre.  Valeu, meu parceiro.