A coluna de hoje é em homenagem ao grande Chico

 Dedico o espaço de hoje ao grande Francisco Melo, o “Chico”, que durante mais de 40 anos vendeu milhares de exemplares do jornal O Progresso, e de outros jornais e inúmeras revistas na Banca da Praça de Fátima, onde também reunia pessoas das mais diferentes profissões, credos e raças para falarem sobre política e outros temas. E sempre, ao final do ano, acontecia a grande “Confraternização dos Amigos da Banca do Chico”, com a presença até de ilustres autoridades do município de Imperatriz e da região.

Chico morreu no domingo, 28 de junho, aos 54 anos, vítima de acidente de moto, após ficar alguns dias internado no Hospital Municipal de Imperatriz.

Em março de 2011 publiquei uma coluna dedicada as duas mais famosas confrarias de Imperatriz: a Confraria do Olimpão e da Banca do Chico.

Depois, em 13 de dezembro de 2017 falei sobre as confraternizações das duas confrarias.

E levando em conta que “Seu” Olímpio Bandeira morreu recentemente, vou republicar hoje trechos em que falo das duas confrarias.

Este trecho da coluna é o original. Portanto, as idades das pessoas e datas citadas são referentes até dezembro de 2017:

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Imperatriz

Existem muitas confrarias famosas no Brasil, entre as quais a “Boca Pequena”, de Curitiba. Em Imperatriz, não seria diferente. Há na cidade, locais onde amigos se reúnem para jogar conversa fora e falar sobre política, futebol e, às vezes, até mesmo sobre religião. Vamos comentar aqui sobre os dois pontos mais polêmicos da cidade: o “Bar do Seu Olímpio” e a “Banca do Chico”, na Praça de Fátima. (Conforme o próprio Chico faz questão de esclarecer, a banca de jornais e revistas é da Distribuidora Dimapi e ele trabalha lá desde 1981).

“Banca do Chico”

Chico, 50 anos, natural de Imperatriz, revela com muito orgulho que quando era garoto vendeu exemplares de O PROGRESSO pelas ruas da cidade. Em 1981, começou a trabalhar na banca que a distribuidora Dimapi instalou na Praça de Fátima. Segundo ele, o pessoal se reúne por lá diariamente de manhã cedo e no final do dia. Após as 18 horas as conversas e discussões são mais demoradas, a exemplo das manhãs de domingo. Empresarialmente, a banca de jornais e revistas é da Dimapi, conforme já disse anteriormente, mas informalmente a banca é do Chico.

Início

Os encontros e debates, de acordo com o gente boa Chico, começaram em 1986 com a chegada do amigo Célio Louza, cujo depoimento você lerá logo mais à frente. “Aqui na banca discutimos política, esporte e outros assuntos. Esse é um ponto democrático. Aqui vem gente de todos os partidos e nós tratamos todos pelo nome. Aqui não tem nada do cara ser rico ou doutor. É um debate saudável”, afirmou o experiente jornaleiro.

Claro que já houve discussões acirradíssimas entre frequentadores da banca da Praça de Fátima e políticos de São Luís e de Brasília em passagem pela cidade.

Célio Louza

Um dos mais antigos frequentadores da “Banca do Chico” é o empresário do setor gráfico Célio Louza, 56 anos, sempre gozador e brincalhão com os amigos. “Aqui é o local mais democrático de Imperatriz. Vem gente de todos os partidos. Há debate político, mas nunca teve a questão da inimizade”, ressaltou.

Célio lembra que o local começou a ficar tão conhecido como ponto de encontro de amigos que há 12 anos – todo segundo domingo de dezembro – é realizada a festa de confraternização dos frequentadores da “Banca do Chico. Comparecem ou dão uma passada por lá vereadores, prefeitos e deputados. Na oportunidade, são servidas bebidas (refrigerantes e cervejas), panelada, Maria Izabel (prato feito com carne seca picada, arroz e outros ingredientes) e picanha. A conta é dividida entre todos os frequentadores.

Segundo Louza, foi na praça que surgiu o famoso “boletim” informativo denominado “Jabá News”, que criticava políticos e a administração municipal petista da época. O “informativo” circulou entre 2001 e sobreviveu até 2006, sem uma periodicidade definida, mas com muita picardia e sem que os autores das “notícias” aparecessem. Em formato A4, de acordo com Célio Louza, chegaram a ser distribuídos em vários pontos da cidade 2.500 “exemplares” do Jabá News.

Notícia em primeira mão

Há quem afirme que às vezes a notícia da demissão de um secretário municipal chega em primeira mão na “Banca do Chico” para depois sair na imprensa local. Esta informação a coluna checou até com políticos que estão no exercício do mandato e eles confirmaram o que me disseram na cidade. Para os críticos da banca da Praça de Fátima, o local não passa de “uma central de boatos”.

Toínho

O dentista Antônio Rodrigues, o “Toínho”, 68 anos, criado em Imperatriz, frequenta a banca da Praça de Fátima há uns 16 anos e o “Bar do Seu Olímpio” há de 31 anos. “Os dois locais fazem parte da vida e da tradição da cidade. Reúnem pessoas para discutir política e outros assuntos de forma descontraída”, afirma Toínho.

Portanto, esta foi minha homenagem a todos os frequentadores do Bar do Seu Olímpio e da Banca do Chico.

“Seu Olímpio”

Seu Olímpio” é um pioneiro de Imperatriz, pescador famoso e dos bons; 90 anos, aposentado da antiga Sucam (hoje, Funasa), homem simples e de poucas palavras, mas um experiente comerciante. Seu estabelecimento funciona no mesmo local na Rua 15 de Novembro desde 1960, quase em frente à Assembleia de Deus.(“Seu” Olímpio morreu dia 17 de maio aos 93 anos de idade. Faria 94 dia 11 de julho).

O local já recebeu a visita de personalidades ilustres como, por exemplo, a do ex-presidente José Sarney. Lá, se reúnem empresários, políticos, jornalistas, poetas, músicos, funcionários públicos e pessoas de todas as áreas. (...)

Nelson Bandeira

Segundo Nelson Bandeira, filho mais velho de “Seu Olímpio”, os encontros mais frequentes dos amigos no bar passaram a acontecer há cerca de 20 anos. “Aqui se reúnem pessoas de pensamentos heterogêneos para conversar e discutir assuntos diversos. Às vezes, num momento de embriaguez, acontece uma discussão mais acirrada por causa da empolgação política”, destacou Bandeira, responsável pelo preparo de pratos (especialmente peixes) deliciosos, para a alegria dos amigos que vão ao bar beber uma cerveja bem gelada.

Sergio Godinho

Para o diretor-presidente do jornal O PROGRESSO, Sergio Godinho, que há mais de 15 anos frequenta o local mais assiduamente, o Bar do “Seu Olímpio” é um lugar para se conversar descontraidamente e jogar conversa fora. “As pessoas vêm ao bar para se divertir. Aqui, o que se discute fica aqui mesmo”, frisa Godinho, um simpático ludovicense radicado em Imperatriz e com bons serviços prestados à cidade.

Carlos Gaby

O jornalista Carlos Gaby, imperatrizense de nascimento, frequenta o bar há mais de dez anos e considera o local um ponto de encontro de amigos e de pessoas de todas as classes sociais. Para Gaby, “o Bar de Seu Olímpio é um espaço livre para pessoas de opiniões diferentes. É um ambiente tranquilo, onde as discussões ficam dentro da civilidade”.

Hamilton Miranda

O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Imperatriz, Hamilton Miranda, frequenta a “Banca do Chico” e do “Bar de Seu Olímpio” há mais de 15 anos e, claro, já foi alvo de críticas nos dois locais, mas não reclama disso. “São dois pontos altamente políticos e democráticos que reúnem as pessoas da cidade. Há uma verdadeira integração de quem frequenta. Há um debate político qualificado”, disse ele.

Para Hamilton, “quem quiser ser político e não frequentar esses dois pontos de Imperatriz, não obterá êxito”. Talvez seja uma expressão exagerada do ex-presidente da Câmara, mas a “Banca do Chico” e o “Bar de Seu Olímpio” lembram bem aquela famosa frase: “Falem mal, mas falem de mim”, especialmente em se tratando de políticos ou aspirantes à essa classe tão criticada pela sociedade brasileira.

Este aí foi um trecho do texto original de março de 2011, republicado em 13 de dezembro de 2017 e agora publicado mais uma vez em homenagem ao “Seu” Olímpio e ao grande Chico, da Banca de Revistas da Praça de Fátima.

Saudade meu amigo. Fique com Deus.