A superintendente da FAPCEN, Gisela Introvini, acredita que a ABROBALSAS deve gerar um volume de negócios em torno de R$ 1 bilhão

Agronegócio – AGROBALSAS

O Maranhão será o foco do agronegócio de 20 a 24 de maio. É que neste período estará acontecendo nesta importante cidade maranhense o AGROBALSAS, umas maiores feiras de tecnologia do Norte e Nordeste do Brasil.

Nós entrevistamos com exclusividade a superintendente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (FAPCEN)*, Gisela Introvini, responsável pela realização da AGROBALSAS. Ela também é presidente das Mulheres do Agronegócio e faz parte da Mesa Internacional de Soja Responsável (RTRS), que certifica propriedades rurais com soja. 

Gisela Introvini nasceu em Ponta Grossa (PR), é Técnica em Agropecuária e Engenheira Agrônoma, com pós graduação em Fitopatologia de Sementes e Gestão da Informação. Trabalhou em grandes cooperativas e disse que aprendeu muito neste trabalho. “Acompanhava todo o ciclo de produção visando qualidade nos produtos, que consistia em vistorias de lavoura (trigo, soja, milho, canola, forrageiras, etc.), em análises de sementes - onde aprendi reconhecer e identificar espécies consideradas invasoras nos campos de produção, as principais doenças nas sementes e toxinas para grãos destinados as fabricas de ração”.

Ainda nas cooperativas, Gisela gerenciava unidades de beneficiamento de sementes, efetivava compras e comercializava através da plantabilidade obtida pelos resultados do teste vigor. “Grandes ensinamentos utilizados até o momento, que trazem lucratividade ao produtor”, destacou.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o governador do Maranhão, Flávio Dino, foram convidados pela organização da AGROBALSAS para a abertura da feira dia 20 de maio, mas até o momento não confirmaram presença, segundo informou a Superintendente da FAPCEN.

Confira a entrevista com Gisela Introvini:

Quando a senhora chegou à região de Balsas?

Cheguei em Balsas no 2000. Estive por 15 anos como presidente da Comissão de Sementes e Mudas do Estado do Maranhão, um órgão do Ministério da Agricultura. Com isso, conseguimos trazer ao Estado uma nova legislação direcionada ao momento que estávamos iniciando com a produção de sementes e grãos e a certificação de sementes. Também estou na FAPCEN este mesmo tempo, mas agora como Superintendente.

Por que sua família resolveu investir em Balsas?

Eu vim por primeiro, depois vieram os filhos, que não quiseram retornar à terra natal, pela oportunidade de trabalho, belas belezas naturais e pelo povo que aqui habita. Por tudo isso, decidimos ficar e constituir nossa família.

 Há quanto tempo surgiu a FAPCEN e quais seus objetivos?

A Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (FAPCEN) foi criada em 1993 pelos empresários rurais.

Como a senhora vê hoje o potencial agropecuário do Maranhão e, especialmente, da região de Balsas?

A região de Balsas abriga 18 municípios onde se destacam como polos de maior produção, as chapadas situadas na Serra do Penitente, divisa do Maranhão com o Piauí e Gerais de Balsas na divisa do Maranhão com o Tocantins. A logística pode se dizer que é uma das melhores no mundo, por causa da proximidade com o Porto do Itaqui. Perde-se pela precariedade das estradas da produção, alto custo do frete, reparo dos veículos e dificuldades de escoamento e entrega dos principais insumos. Falta de aeroporto também vem ser prejudicial ao agronegócio. Se num espaço curto a médio de tempo isso for considerado pelas autoridades governamentais, daí sim poderemos afirmar o grande potencial, pois com isso teremos outros produtos de grande valor a estes cerrados, como frutas, legumes e assim por diante. Facilidade de escoamento ao mercado, é o que precisa para atrair novos investidores para a agroindústria, gerar empregos e mais renda.

O Maranhão ainda será um dos maiores produtores de soja, milho e algodão do Brasil?

NÃO pelo espaço físico, quando comparamos a outros estados brasileiros. Podemos sim alcançar os mesmos tetos produtivos de grãos, como já vem acontecendo quando em períodos com chuvas regulares, e principalmente pela palhada que cobre os solos, resultados de mais de quinze anos de trabalho dos produtores rurais, com safrinha de milho, pastagens e coberturas, mas sempre dentro do espaço delineado para produção de grãos. Mas todas estas culturas estamos plantando e colhendo bem produtividades.

 O Matopiba é uma realidade econômica no agronegócio da região?

Depende, pois a Agência  MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) foi criada pela Ministra Kátia Abreu em 2018, mas no mesmo ano foi extinta. Essa agência tinha um plano de ação, que acredito agora ficou pra cada estado que compõe esta sigla resolver por si só. Mas a proposta ficou, a visibilidade do que somos e fazemos. O oeste baiano é o maior destaque (região de Luís Eduardo Magalhães), seguido pelo Maranhão e agora observamos Tocantins e Piauí por estarem juntos ao Maranhão em área e produção de grãos. Esse desenvolvimento estará de acordo com a visão e produtividade de cada Governante nestes estados e nas prefeituras das cidades que abrigam o agronegócio.

Qual sua expectativa para a AGROBALSAS em termos de negócios e visitantes?

Em negócios, apesar das três últimas safras não terem sido muito boas, em 2017 geramos R$ 413 milhões, em 2018, R$ 719 milhões, e estima-se para 2019  R$ 1 bilhão.  Segundo a Revista Mapa da Minha da Rede Globo, estamos entre as 20 maiores feiras no Brasil, um público bem especifico a negócios, cada vez mais frequente e participativo, inclusive de outros estados nitidamente observado pela falta de lugares nos hotéis e superlotação dos restaurantes.

E quantas empresas e quais as instituições bancárias deverão participar da Feira?

Somos ao todo 430 marcas, dos representantes das grandes fábricas de máquinas atomizadas, equipamentos, veículos, caminhões, motos, e principais insumos. Banco do Nordeste, Banco do Brasil e Banco da Amazônia, parceiros desde a primeira edição, e agora chegando entre nós o Bradesco.

Como a senhora vê hoje a participação da mulher no agronegócio?

Eu percebo que ela está tomando o lugar que sempre foi dela de uma maneira muito mais forte e confiante que está à altura de discutir qualquer assunto ou da fazenda, ou da produção ou economia ao lado do seu companheiro. Se não sabe determinado assunto, se reúne com outras e através de cursos, treinamentos busca a sua auto valorização neste espaço tido por muitos com preconceitos. Importante frisar que não é competir com homens e sim, dividir problemas e soluções, o que para uma sucessão familiar, a figura feminina terá o maior zelo e cuidado em perpetuar sua família na atividade.

Qual sua expectativa quanto ao governo Bolsonaro e à ministro da Agricultura, Tereza Cristina?

Ainda não sabemos definir de fato. É muito recente e quando aparecem as divergências me assusta um pouco, porque nós ficaremos sempre no meio das brigas políticas e às vezes coisas prioritárias podem ser deixadas de lado, esquecidas num tempo que geram atraso considerável, onde somente nós, sentimos este reflexo. Cito como exemplo as estradas da produção prometidas por governos na década de 1990 onde plantamos hoje no Maranhão, que teve reflexo do governo federal também. Vamos aguardar. É muito cedo pra prever e/ou apostar.

O agronegócio e a agricultura familiar são a saída para a fortalecimento da economia do Brasil, com a geração de emprego e renda?

A produção de alimentos é a saída pro mundo, e o país que estiver preparado para suprir esta demanda estará à frente sem dúvida. Do pequeno ao grande a diferença está no uso e entendimento sobre práticas agrícolas, financiamentos e acompanhar as tecnologias inovadoras que resultam qualquer produto em maior produtividade. O Brasil lidera este ranking mas tem que proceder da forma correta. No mesmo espaço físico ele pode produzir soja, milho, carne, floresta e ainda ter carbono neutro. O Brasil é considerado o pulmão do mundo. Devemos rever sobre florestas e o uso dos cerrados, sobre ocupar áreas de pastagens degradas e transformá-las em produção de alimentos. A responsabilidade é de todos, a geração de empregos e renda só irão acontecer com muito profissionalismo e respeito ao uso do solo, da biodiversidade e inclusão de pessoas.

A ministra da agricultura e empresários do agronegócio farão uma longa viagem pela Ásia visando abrir novos mercados. O que a senhora espera dessa viagem? (Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, a ministra Tereza Cristina informou que pretende ampliar a presença de produtos brasileiros na Ásia. Na segunda-feira (6), a ministra, representantes do governo e empresários iniciaram uma viagem de 16 dias por quatro países do continente asiático – Japão, China, Vietnã e Indonésia).

Que ela possa levar a imagens do que somos e fazemos, não esquecendo de nós, o Nordeste, que produz e participa ativamente neste processo. Já está na hora dela (ministra) vir nos conhecer e entender como fazemos agricultura, as nossas dificuldades, a nossa ousadia e nossa coragem. Somos resilientes.

*FAPCEN

FAPCEN - Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte “Irineu Alcides Bays”, foi instituída em 27 de abril de 1993, é uma entidade sem fins lucrativos, criada por empresários e produtores rurais para atender às suas necessidades e anseios para a região do Corredor de Exportação Norte, que é formado pelos Estados do Maranhão, Tocantins e Piauí, de forma sustentável, equilibrando a produção de alimentos com responsabilidades, ambiental e social. Reconhecida de Utilidade Pública (Lei Municipal Nº. 048/93 e Decreto Estadual Nº. 263/93), a FAPCEN, em 30 de novembro de 2004, foi qualificada através da Secretaria Nacional de Justiça como OSCIP-Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, isentando-a de eventuais dúvidas sob seus interesses e atividades desempenhadas para desenvolvimento da agricultura nos Cerrados Nordestinos. Outra importante conquista foi o credenciamento, através do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para executar trabalhos nas áreas de pesquisas e ensaios demonstrativos experimentais, com agroquímicos. Ao longo desta década, a FAPCEN passou a operar nos estados, MATOPIBA, para mais outros, CE, RN, PA, RR, MG, DF, MT, SP, agregando as maiores marcas de cotistas multiplicadores de sementes de soja, em parceria com a EMBRAPA. Contudo entendemos que, os diagnósticos realizados nas propriedades rurais pela FAPCEN, quando na adequação destas dentro de um modelo que premie ao produtor que utiliza práticas com responsabilidades sócio ambiental para fins de certificação internacional em soja, foi sem dúvida o maior desafio, por ter saído a frente com esta inovação, por ter proporcionado uma visão maior do que seja, do que faz, do que precisa e do que almeja o produtor rural dos cerrados nordestinos. A procura por este trabalho se torna cada vez mais crescente e a região bem como os produtores rurais, passam a adquirir uma nova imagem.

A Missão da FAPCEN: “Promover o desenvolvimento sustentável no corredor de exportação norte, Maranhão, Tocantins e Piauí”. (Fonte: site oficial da Fapcen).

AGROBALSAS

Portanto, você produtor rural da região tocantina, aproveite e vá conhecer as novas tecnologias do campo visitando a AGROBALSAS de 20 a 24 de maio. O dia está chegando. É o Maranhão mostrando a sua força no agronegócio. A coluna deseja bons negócios para todos os participantes da AGROBALSAS.

Boa semana e a até quarta-feira com saúde e paz.