A prática de ato honesto e a ação de solidariedade parecem tão raras no país que quando acontecem viram manchetes na imprensa escrita, falada e televisada. Um faxineiro encontra uma bolsa com dólares em um banheiro de um aeroporto e devolve para o dono: é notícia no Jornal Nacional. Um gari encontra uma pasta na rua cheia de dinheiro e devolve para quem perdeu: é notícia no Brasil todo.
Agora um grande cantor de samba, Zeca Pagodinho, um excepcional artista, ajuda pessoas desabrigadas atingidas pelas fortes chuvas em Xerém, no município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e vira notícia nos sites, jornais, rádios e TVs do Brasil inteiro. A atitude do artista foi louvável em levar pessoas para seu sítio e oferecer agasalhos, alimentação e abrigo. Ele sempre fez isso, mas só agora a TV filmou e toda a imprensa foi atrás.
A notícia importante talvez fosse sobre a decisão de o governo federal liberar milhões de reais para ajudar os municípios desabrigados pelas fortes chuvas no Rio, mas não, a notícia da semana foi a bela ação de Zeca Pagodinho. Claro que as atitudes humanitárias dele ou declarações sempre serão notícias por ser um artista conhecido no país todo e até no exterior. Mas o que estou dizendo aqui é que uma boa ação não acontece todo dia e quando ocorre vira notícia na imprensa. As boas ações deveriam ser coisa do cotidiano.