Foi a derrama do dinheiro e um monte de frustrações, nestes tempos de eleição. Tema que fiz para o quadro RÁDIO VERDADE - Nativa FM - Programa Arimatéia Júnior. Não publicado por questão meramente "temporal".
Terminaram as eleições (por aqui). Estamos em plena ressaca eleitoral. A lei desse mundo cão tem uma regra que diz que "...aos perdedores as batatas". Enquanto isso, com centenas de candidatos a vereadores que aqui tivemos, o que se vê agora é... "tanta laranja madura, tanto limão pelo chão...".
A Câmara de Imperatriz, por exemplo, renovou em boa parte. Ótimo!!! Logo eu que respiro e me inspiro em mudanças. Tinha neguinho por lá que já estava no bico e no galho fazia tempo e contava nos dedos que voltaria novamente. Deram com a cara na parede ou... como nos tempos de Serra Pelada: "Deram com a boca no arame". E aí já viu... tanta laranja madura, tanto limão pelo chão... Mestre Sarnei, num artigo seu publicado, já dizia que as pessoas têm a capacidade de imaginar que o poder e o dinheiro são para sempre. E não é, ensinava o mestre. E por equívocos esses acabam derramando tanta laranja madura, tanto limão pelo chão...
Com a abertura de uma comporta para uma enxurrada de 21 Vagas na vereança local e outras elevações noutras tantas por aí - um escancaro de oportunismo e porta de aproveitadores. A concepção de muita gente que ali se escancha pensa que ali abriu-se cancha  para todo o mundo, qual uma cratera gigantesca na face da terra, para essa gente que vive no mundo da lua! E isso animou um batalhão para essa barafunda. E aí deu no que deu: "tanta laranja madura...  tanto limão pelo chão"...
É bem verdade que uns tantos candidatos à vereança - coitados -  não tinham na testa o que o periquito roer, quando muito só uma musiquinha chula, fuleira e um retrato no carro e blá-blá-blá-blá e um-sete-um no horário eleitoral: "peço seu voto". Enquanto isso, tinham outros que exibiam poder econômico, mostraram força de mídia-eleitoreira, música forte; articulação, sorriso orquestrado e outros que se penduraram em dívidas; outros que ficaram devendo ao diabo na corrida e no sonho do garimpo eleitoreiro. E deram com a boca no arame. E daí... tanta laranja madura, tanto limão pelo chão...

LEMBRANDO AQUELE FUSCA
- O Programa CLUBE DA SAUDADE, vai ao ar aos domingos na rádio Mirante AM, São Luís, para uma cadeia ao entorno de mais de 12 emissoras, em todo o Estado. Faz anos, pego carona com o quadro cativo PÁGINA DE SAUDADE, cujo texto envio pela internet. São temas reais da minha velha saudade que me acompanha na trajetória destes... CAMINHOS POR ONDE ANDEI. Vejamos!
Era final do ano de 1974 - faz 38 anos, foi quando entrou em cena aquele primeiro carro: um automóvel-FUSCA, zero quilômetro. Uma "celebridade", ao seu tempo. Azul da cor do céu, detalhes da cor do mar. Inteiro, bonito, chegou fazendo festa, arrasando. Era de arrasar! - Hoje, lembrando dele, vejo que era um cara bacana, "inteligente", "obediente", "manso". Ia aos lugares, aguardava o seu dono em dias e noites, fosse debaixo do sol, da chuva ou do sereno. Estacionava, ficava lá. Gostava de andar limpo e saudável. E sempre nas partidas e a cada novo dia, era como se tudo recomeçasse... novamente.
Doido por uma namorada. Sabia caminhos, ruas, portas, casas, estradas, lugares. Labirintos. Sem um único copo d'água e com um pingo de combustível, dominava estradões, ladeiras, areia, caminhos estreitos, íngremes e escorregadios. E muitas das vezes, quando menos se esperava lá se ia ele deslizando suave e quieto, rumo às suas tentações. Era um tempo em que se namorava no escuro (por aí), a pé ou nas refregas pelo banco.  Hum!!! E o FUSCA - irreverente, safado, tinhoso, malandro e "bom disso" - gostava disso.
Nas festas de clubes e como ele gostava! Chegava lá, estacionava, ungia-se do sereno, atravessava a noite ali, parado, aguardando o chamado. Bastava dizer "vambora...". Era como se respondesse: "na hora"! E ali estava ele: sorridente, alegre, feliz!  Era madrugada quando voltava para casa. Sem reclamar, sem lamentar. Aquele 1312 de sua identidade combinando com o número do seu telefone. Era tudo uma orquestra. Canções que se multiplicavam. Irrequieto, guloso, safado, manhoso, bom de nêga... talentoso.  Haja canções que embalavam devaneios e seduções...
Esse FUSCA - tinha namorada firme mas tinha também as paralelas e perpendiculares. E namorava tanto nas horizontais quanto nas verticais. E não é atoa que ele tinha em sua caderneta uma frase: "CARCARÁ - pega mata e come". Um dia esse mesmo FUSCA ganhou um toca-fitas. E como ele gostou! Muitas músicas que tocaram em seu interior e mexerem com a sua estrutura; muitas delas que contavam histórias, ao seu redor que o velho posseiro ainda guarda na memória e lembra de cór. Azul da cor do céu; detalhes da cor do mar. Aquilo? Era um terrível carcará: "pega mata e come".
Um dia, aos dois anos idade, aquele fusca-1312 se foi. Uma ingênua injustiça para quem amou e foi amado. Mas a vida tem dessas coisas. E hoje nesta lembrança e PÁGINA DE SAUDADE ele volta inteiro, manhoso, sedento, cheio de volúpias, carinhoso. Sim, porque a vida é um eterno voltar. E do seu interior ainda explode aquele cantar: "Carcará - pega mata e come"...

" Viegas trabalha as suas lembranças
e questiona o social. Email: viegas.adv@ig.com.br