A nossa mente entre outras articulações e vicissitudes, irrequieta e nômade como sempre, tem a incrível capacidade de nos transportar em fração de segundos para o outro lado do planeta; para mundo/s jamais conhecidos e sequer imaginados, enfim para qualquer lugar que a nossa volição ou ainda que a vã imaginação nos encaminhar. Por vezes fico “em-mim-mesmado” no centro desse imaginário, como se desconhecesse a mim mesmo e a me interrogar sobre os mistérios da mente. E fico vendo quão é maravilhosa essa criatura de Deus com tantas peculiaridades capaz de tanta criatividade e longevidade a ponto de vencer os mares, transpor barreiras seculares, escalar montanhas e rodar o universo num instante. Fico vendo – sem jamais entender - essa capacidade incrível que é a mente humana.
É no exercício da mente que, nos finais de semana, aos domingos, principalmente, entre uma latinha e outra eu entro numa nave imaginária, com capacidade, ora para este exclusivo e solitário passageiro, ora pra mais um companheiro e, numa fração de segundos, quando dou por mim, imagine, estou lá no meu pequeno chão! Naquele pequeno povoado de uma dúzia de casas onde deixei o meu umbigo e onde, EM REALIDADE, construo o MEMORIAL ANTÔNIO DE INEZ, para perpetuar a memória (e os feitos) do meu velho pai, aquele incorrigível lavrador, pai de catorze em casa, mais uns seis fora de casa.
E aterrizo esse “cubículo-nave” entre árvores e fios elétricos, num pequeno descampado de chão irregular, no terreiro da casa do meu vizinho, à frente, quase por sobre animais do terreiro; ora num pequeno “nave-porto”, com vinte metros quadrados que, também na mente, construí dentro da reserva florestal com absoluto cuidado para não destruir um arbusto ou um galho sequer. Noutras vezes, também entre uma latinha e outra e no exercício da mente, ora eu vejo a vizinha D. Sebá enxotando galinhas e cachorros e afastando os filhos em volta, para evitar incidente. Tudo isso no exercício da mente.
Por vezes eu desço desse meu “cubículo-nave” ora de mãos vazias e sem mais nada, ora carregado de ferramentas manuais e elétricas que em realidade costumo carregar. E o domingo vai passando e a latinha se esvaziando. Ainda nesse exercício da mente, eu passeio pela casa que fiz e, mais adiante, pela cabana que acabo de levantar. E ando por todos os cantos e a cada metro quadrado daquele chão que meu irmão mandou cercar. E vejo aquele portão temático, simples, diferente - com aquela placa de letras plotadas nunca vistas por ali. Vejo aquelas outras placas nos troncos das árvores homenageando decanas e decanos pranteados que ali viveram. E vejo ainda que tudo isso é também uma travessia e uma travessura dessa minha NOSTALGIA...
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Este texto eu mando para a decana ÉDNA VENTURA - presidente da confraria da intelectualidade local - com a estima e o apreço de quem faz a recíproca.
* Viegas é advogado e questiona o social – Email: viegas.adv@ig.com.br
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