Hoje eu ataco de CLEVIEGAS.  Conheci ainda na minha juventude um cara chamado CLEVIEGAS. Era o tempo da Revolução de 64, quando o moleque apareceu, começou escrevendo e assinando temas de protesto no JORNAL PEQUENO, em São Luís. Um protesto “laite”, como se diria hoje em dia. Gostou da aventura e foi-se aventurando por outros canais: Rádio Educadora, Jornal do Maranhão (da Igreja Católica), Rádio Gurupi-AM; Rádio Timbira, Jornal Vanguarda (de estudantes). Era  um “foca”,  um “penetra”, na linguagem dos entrujões como se dizia, na época. Assim era o CLEVIEGAS.
Deixa que certa noite, quando a Revolução de 64 ainda engatinhava, num tempo em que se realizavam os famosos FESTIVAIS DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA, com mil e um protestos e bombas explodindo e matando, gente desaparecendo, cassações, prisões, e mães chorando - eis que por ali surge uma música: “VISÃO GERAL”.  CLEVIEGAS de soslaio e sorrateiro, nem teve tempo de se ligar na canção mas logo a si declarou: “o dia em que tiver uma coluna no jornal, tai o nome: VISÃO GERAL”.  E guardou consigo, debaixo de sete chaves, aquele que almejava ser o suposto título de uma suposta coluna que supostamente escreveria em um suposto jornal. Um dia, talvez. Que tal?
Em 1973, empurrado pelos ventos do destino, quando CLEVIEGAS veio dar com os costados em Imperatriz e aqui o verdejante, promissor e exclusivo Jornal O PROGRESSO do então complacente e velho VIEIRA, lá certa manhã, chegou nos panos e, diante do velho VIEIRA, deitou cantilena: “gostaria de colaborar com o seu jornal”. Velho VIEIRA, entre atencioso e reticente pôs-se a escutá-lo. E  CLEVIEGAS deitou o verbo, um verbo que aliás ele trazia na memória e sabia de cor e salteado: “... é... porque eu já escrevi em diversos  jornais... já tive participação no rádio mas sempre como colaborador, o Sr, entende?”. Velho VIEIRA, ao final, sem saber que correria o risco de meter pelas mãos, acabou aceitando da intromissão daquele cara que tinha a minha cara – O CLEVIEGAS!

E aí o sonho adormecido da coluna VISÃO GERAL – aqueeeeela da música do FESTIVAL, logo tornou-se uma realidade e então entrou  na onda e estigmatizou-se no jornal  como uma coluna de variedades, de fuxicos, de encrencas, polêmica, dedo em riste e na ferida – com amigos e simpatizantes e uns poucos nem tantos - que ali se chamou VISÃO GERAL. E Visão geral, viveu e fez das suas  em dias de chuva e sol - até o dia em que o JORNAL O PROGRESSO pertenceu ao velho VIEIRA.  Hoje, eu ataco de CLEVIEGAS.
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 vigilância sanitária
Volta e meia ouço por aí falar numa tal “vigilância sanitária”. Imagino que seja mais um órgão (entre os demais)  da burocracia pública e, confesso:  não sei de onde vem nem como vai, nem para onde vai.  Faz tempos e eu gostaria de que essa tal vigilância sanitária fizesse uma fiscalização nas caixas de água de hotéis, restaurantes, lanchonetes e outras coisitas do gênero. Seria coisa dos fiscais caírem enfartados na hora! Eu acho que desde os idos de Frei Manoel Procópio até aqui, tem estabelecimento por aí que não tem a menor noção de onde vai nem a sujeira nem a limpeza de sua caixa d’água. Aliás que sobre o tema eu dou conta de escrever um livro mas... eu fico por aqui.

Vigilância sanitária-II
Dia desses, dez do dia, Mercadinho de Imperatriz e lá se vem um carro-de-mão, cheio de mamões maduros, corroídos e esburacados de rato, rumo ao lixo. E nem fiquei horrorizado!!! Aliás que não é de agora que o odor característico de rato  é igualmente característico de setores feirantes do Mercadinho, cujo problema, aliás foge à vigilância sanitária e passa ser um “caso de polícia”. Chega a ser afrontoso, senão vergonhoso e lamentável essa enrustida proliferação de ratos sobre os alimentos, denunciada pelo péssimo odor que prolifera em certos setores da feira pública.

Vigilância sanitária-III
E já que o assunto é feira popular, estive recente na feira da Nova Imperatriz – aquela que, na maior marra foi arrancada de um pardieiro que se fazia ali nas beiradas da  Rua Ceará, nas Quatro Bocas. Outrora, já fiz por aqui o meu traçado saudável sobre essa nova feira. Agora, volto decepcionado. O odor da ratazana está presente mas as pessoas até parece que estão surdas. E a vigilância sanitária, cadê?

Cachorra
Faz bem pouco tempo e dediquei, em parte, duas edições seguidas a uma cachorra que, com o seu companheiro apossaram-se e apojaram-se em uma repartição da justiça pública local. Chegaram, ficaram  e, “mansos” como é próprio dos que apojam-se sobre espaço alheio, viraram uma espécie de cria e protegidos da repartição. O maridão da cachorrona divide com a fêmea as mordomias que se estendem ao casal, embora a matrona seja bem mais aceita, ao passo que o machão vai pelas “vias oblíquas”, como da linguagem jurídica. Consta que tiveram uma “reeducação alimentar”, com direito a ração especial, banho semanal, atendimento particular e... o prestígio, segurança e tranquilidade  sob as sombra daquela repartição federal. E ganharam até nomes  novos nas suas identidades: ELA chama-se CONCILIAÇÃO. E ele, EXECUÇÃO. Verdade!!! Os filhos que poderiam chamar-se “PRECATÓRIO”, não os terão mais. Ela foi  “ligada” a mando de sua protetora pelo cirurgião-veterinário.

CACHORRA-II
Tenho um tema, faz dias,  para escrever sobre  outra cachorra. O seu senhorio mudou-se e, a propósito, deixou-a abandonada à própria sorte. Ela passava o dia nas ruas e à noite dormia sobre a calçada da morada onde fora abandonada. Descobrindo e reencontrando seus parentes e aderentes que se mudaram para as cercanias, ela continua uma moradora de rua, mas constantemente barafusta as sobras daquele supermercado pertinho de onde morava. Vai lá, faz um lanche, ou almoça e sai calmamente por aí. Sempre que eu a vejo, eu encontro nela algo como a sina de uma criatura humana, como enfim são outras tantas que as conheço por aí. E então eu reconstruo na mente uma velha lição: “assim como são as pessoas são as criaturas”.
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·               Viegas é advogado e questiona o social