Era o ano de 1.973 quando cheguei por aqui. Era eu estranho, numa cidade estranha. Tudo estranho por aqui. Por vezes, no silêncio das noites acordadas, chorava sozinho. Aprendi que é preciso sofrer para resistir. Naquela época, isto aqui era um cavalo bravo, um risco, um corisco. Nomes fortes que ditavam a vida e a sorte. Eu falo de Imperatriz, no contraponto - na outra ponta - do "Maranhão do Norte".
A cidade estava em construção. Nova Imperatriz era uma cidade dentro da cidade; Bacuri, outra cidade dentro da cidade. Na época serrarias, arrozeiras e depois o ouro de Serra Pelada ditavam com dinheiro o zuadão do terreiro. Imperatriz, como sempre, um cavalo bravo que não se submete nem se entrega ao cavaleiro.
Naquela época, CASAS DE TÁBUA, de luzes acesas se espalhavam por aí. Mulheres livres em tempo livre. Eis a cidade livre!!! Nova Imperatriz, Cacau, Macaúba, Mangueirão, cerveja gelada, mulheres livres e prostituição!!! Farra Velha e por que não? E haja embalos, o tempo todo, o tempo inteiro. Era assim neste terreiro. Ninguém é de ninguém, rolando sexo, bebida e dinheiro. E as músicas se espalhavam por aí. Fosse manhã, à tarde ou à noite. Mulherada e macharada pronta para o açoite. Música de um tom goiano; som de Mato-Grosso, isto aqui é terra de todos; de todas as gentes de todos os gostos!!!
Milionário e José Rico cantavam, rodavam, marcavam. E  compunham o recinto, o ambiente, o mulherio, a identidade que marcou este terreiro. Era o tempo das casas de tábua... de mulheres livres. Do som das radiolas, dos amores por dinheiro. Era cerveja derramando, dinheiro rolando; homens e mulheres se dando... Era o tempo das casas de tábua.
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