Tenho um texto que está prontinho. Na hora de mandar para a edição. Intitula-se JERÔNIMO DE JOANA ou... “A SAGA DE JERÔNIMO DE JOANA” que seria o tema desta minha edição. Jerônimo é um velho lavrador, hoje aposentado, que dele me lembro à meia idade, ainda rapaz. Procurei-o por mais de 50 anos e acabo de descobri-lo em terras do Pindaré, com quem vou encontrar-me brevemente. Jerônimo era um sujeito “presepeiro”, cheio de “presepadas”. Contava estórias de Lampião no cangaço; seguia por Padrinho Padre “Cirço Rumão” e ia parar nas loas e tiradas em livretos de cordel que as recitava ao escuro das lamparinas apagadas como se estivesse lendo no livro. Eu era garoto e fiquei “fã” do cara. E dele já fiz várias edições diferentes. Hoje eu tento encontrá-lo para rever e reviver os... CAMINHOS POR ONDE ANDEI.
Pois bem, ia mandar o “JERÔNIMO DE JOANA” para esta edição mas, como é tempo de carnaval, uma pândega que há muito risquei do meu caderno, essa coisa pouca a que não aceito, não permito e não tolero, uso então, aqui, textos que os enviei para a Programa Clube da Saudade - Rádio Mirante/AM, manhãs de domingo em PÁGINA DE SAUDADE.
“EU TE CONHEÇO, CARNAVAL!!!”
Lembra do bordão “Eu te conheço, carnaval”...?
Velhos tempos aqueles tempos dos bailes de carnaval em clubes populares que se espalhavam pela cidade, durante o reinado de momo. João Paulo, Monte Castelo, Anil, Fátima, Fabril e outros tantos por aí. E os bailes de máscara eram uma cultura, uma tradição – coisas de uma época dessa minha cidade.
Bigorrilho, Maracangalha, “Clube do Hermelindo”, “Boa Vontade” no Bairro de Fátima, Gruta do Satã e tantos outros - foram marcas que marcaram o carnaval de São Luís que um dia denominou-se o terceiro carnaval do Brasil! Num tempo do “assalto carnavalesco, em danças de salão, com direito a confete e serpentina.
Os bailes populares muitos deles eram animados por conjuntos musicais – música de sopro: trombone, trompete, saxofone e tudo o mais. Outros, porém, eram animados ao som mecânico das músicas em toca-disco; as famosas radiolas. Era o tempo do rodó (do lança-perfume). Tudo permitido e nada proibido!!!
As mulheres, maduras, eram livres para voar – inclusive para máscara usar. Umas que punham máscara inteira outras em meia-máscara. E volta e meia por entre as mascaradas, alguém conhecia alguém ou ainda que na onda, soltava o bordão: “eu te conheço, carnaval!!”. Conhecendo ou não conhecendo, era o contágio da folia, o calor da alegria – era assim o carnaval. E a mulherada de todas as matizes, fosse de culpa ou pecado – casadas, solteiras, viúvas ou desquitadas - escondiam-se mascaradas.
Mas não eram só os homens que dirigiam-se às mulheres com a frase “eu te conheço, carnaval”. As mulheres também piscavam com a mesma frase. E todo o mundo, na onda, “naquela base”. E o certo é que, no vai e vem do bordão – conhecendo ou não, muitos amores do trivial, lero-lero e coisa e tal - descobriam-se ao som do... “EU TE CONHEÇO, CARNAVAL”.
Enquanto a música troava no salão, uns dançando; outros conversando, mão naquilo, aquilo na mão, máscara em rosto inteiro ou a meia máscara, certo é que, no chamego e no vai e vem da emoção, o grande assédio, a tentação, era o pedido para levantar a máscara. E o aceite de levantar a máscara e mostrar o rosto... era fatal. Lero-lero e coisa e tal. E logo se fazia escrito: “era amor de carnaval”.
QUANDO O CARNAVAL ERA NO SESI
Ainda me lembro daquele tempo dourado - dos meus anos dourados QUANDO O CARNAVAL ERA NO SESI; isto é: quando os bailes de carnaval eram no SESI. - O clube do SESI ficava no antigo casario de assoalho, ali no setor da Fabril, ao lado do campo do Moto Club. E realizava festas (bailes) em programados finais de semana, bem como durante a temporada de CARNAVAL.
Eu não era associado, nem tinha carteira do clube, mas era um “PENETRA”. Dava um jeitinho daqui, outro dali e volta e meia estava na festa, até que um dia descobri que o meu ex-professor JOSÉ RUFINO DE SENA (Professor SENA) – de grata e saudosa memória, era ali esposo da Assistente Social D. NEIDE ROMANA LISBOA DE SENA e, portanto, pessoa influente no CLUBE DO SESI.
Por intermédio do Professor SENA, obtive um “PERMANENTE” e passei a frequentar regularmente as festas do SESI. Foi lá que conheci ALTINA, uma moça que frequentava o clube, junto com sua família. E nos finais da festa, lá pelas duas da madrugada lá vou eu, com Altina e companhia, cortando a Fabril, rumo ao Retiro Natal.
Hoje eu lembro com saudade daqueles anos dourados QUANDO O CARNAVAL ERA NO SESI; lembro daquele PENETRA; lembro do meu cartão-de-ingresso-PERMANENTE, lembro do Professor Sena e da Dra. Neide Romana (Assistente Social), porque a gratidão é o meu centro e meu norte – é palma da minha mão. E faço dessas lembranças mais esta PÁGINA DE SAUDADE.
· Viegas é o olhar do pássaro sobre o galho e questiona o social. Email: viegas.adv@ig.com.br
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