Senhora Governadora:
Cumprimento-a com as minhas cordiais saudações.
Longe se vai a era em que o destino por um tempo cruzou-nos ainda que à distância. Você morava na Rua do Passeio, Centro Histórico, no cruzamento com a Rua de Santana, num sobranceiro e altaneiro casario de tom amarelo que, imagino, pertenceu ao patriarca dos Macieira, enquanto eu residia logo ali ao lado, na Rua de Santana, no “pensionato” da Dona Zenite, mãe de Fátima, tua amiga.
O que me remete a esse tempo,são (eram) as contantes referências da meiguice de Fátima, àquele tempo, sobre tua pessoa e sobre a amizade que as duas nutriam entre si. Àquele tempo você e Fátima, então colegiais, cursavam no Ginásio Zoé Cerveira, enquanto eu, mais idade, remetia-me ferro e fogo pelo pranteado curso Pré-vestibular Castro Alves. Digo assim, Governadora, mas àquele tempo, como até hoje, nunca trocamos um bom dia ou um boa tarde sequer – tal a distância que sempre nos separou - tal como assim acontece entre nobres e plebeus - embora isso não exclua a minha admiração e respeito que te posso devotar.
O que me faz evocar estas reminiscências, Senhora Governadora, é que, recentemente, a minha mãe, DONA LOLA, moradora apaixonada desta Imperatriz, tua eleitora de carteirinha com retrato carimbado, esteve internada por cinco dias na UTI DO HOSPITAL CARLOS MACIEIRA, em São Luís, onde faleceu. E eu, ora esperando na sala de recepção, ora caminhando pelos corredores, ora subindo escada, ora sob o ambiente contido de uma vasta sala da UTI de 12 leitos, punha-me a contemplar e a tecer um imaginário, dentro dos meus limites, sobre parte do que vi, projetando na mente o universo de tudo aquilo ali.
E pude sentir e imaginar e viver a EXCELÊNCIA de complexidades e qualidade que é o Hospital CARLOS MACIEIRA, uma homenagem justa e mais que merecida ao pranteado teu velho avô, o patriarca que deu nome ao hospital. Ali, pude sentir a qualidade da prestação do serviço público, do bem público e do carreio do erário público. Lá, pude sentir – dentro dos meus limites e nas duas oportunidades únicas que ali estive, uma delas com a minha mãe ainda respirando por aparelhos e a outra quando a minha mãe ali já era um cadáver. Era como ainda é um momento de dor, em coração apertado. E pude sentir o atendimento, a presteza, a retidão, a hospitalidade, a honorabilidade de quantos ali vestem a camisa do serviço público, no seio da saúde – desde o mais modesto serviçal, o atendimento de balcão, portaria, ou até o médico de plantão por onde perlustrei, com destaque ao Serviço Social.
Posso dizer, Governadora, que embora vivendo um momento difícil e vendo a minha mãe imobilizada num leito de UTI mas que se debatia em pura emoção e abria os olhos quando falavam o nome da minha mulher, MARIA NILSE, sua nora, que lhe serviu neste chão como uma verdadeira FILHA e alma-gêmea, eu sentia ali, igualmente, um tributo de reconhecimento e agradecimento da sogra pela nora; sentia também a EXCELÊNCIA e qualidade do Hospital CARLOS MACIEIRA. “Coisa de primeiro mundo”, e eu ali extasiado – era como me vinha na cabeça, na imensidão daquele organismo a serviço da saúde e da vida – valores inestimáveis do ser humano – que encerra o HOSPITAL CARLOS MACIEIRA, como verdadeiro HOSPITAL DE REFERÊNCIA, no quanto se presta.
Aliás, Governadora, que a homenagem que ali se presta ao velho avô – digo eu, é justa e merecida, digna. Conheci o pranteado Dr. CARLOS MACIEIRA, ainda nos tempos colegiais, quando, quiçá seu diretor, atendia no Centro de Saúde Doutor Paulo Ramos, ali na Rua do Passeio, a duas ou três quadras do solar dos Macieira, na mesma Rua do Passeio. E dele tenho memoráveis e indeléveis lembranças. Creia!
Ainda posso ouvir a sua voz, na frase que um dia me disse e me advertia naquele tempo em que eu, tentado pelas diatribes daqueles dias e, fustigado pela venérea do momento, submeti-me a seus serviços de urologista (... …). É daí pois, Governadora, que vem o meu apreço e estima pelos Macieira, na cepa do médico Dr. Carlos e, nessa esteira, na simplicidade humanista que vem do semblante daquela MACIEIRA que se chama Dona MARLY. Marly Macieira Sarney.
E assim, Governadora, a oportunidade que temos agora para uma breve reflexão: seu avô se foi ao pó; minha mãe voltou ao chão – ambos sob as graças do SENHOR e, inevitável, assim faremos todos nós, porque é assim... como A VIDA CONTINUA.
Finalmente, Governadora, receba esta mal-traçadas linhas como um gesto de reconhecimento, agradecimento e apreço da família BARROS VIEGAS, aqui na pessoa deste signatário, rogando ademais a qualquer pessoa do povo ou da confraria palaciana ou sarneista que esta encontrar, queira prestar-me especial favor em transmitir, em seu inteiro teor, o termo desta à ilustre destinatária – ao que subscrevo-me com as minhas CORDIAIS e atenciosas SAUDAÇÕES.
* Viegas é advogado e questiona o social.
E-mail: viegas.adv@ig.com.br
Edição Nº 14637
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