A GENTE ERA FELIZ E NÃO SABIA
(NUM TEMPO DE RADIOLA E DISCOS DE VINIL)
Escrevo, já disse aqui, um texto semanal, cativo, faz onze anos, denominado PÁGINA DE SAUDADE, para o programa CLUBE DA SAUDADE, há TRINTA ANOS no ar, Mirante/AM – São Luís, em cadeia com mais de 20 emissoras em todo o Estado. Manhãs de domingo, 08:00 hs. O tema em foco em mais um deles.
A vida me ensina que “tudo na vida é um tempo. Só um tempo”. E nessa onda eu pego embalo e vejo UM velho tempo a gente era feliz e não sabia. Era um tempo dos nossos bailes de radiola em discos de vinil, em casa de família. Aquelas “FESTINHAs” que enfeitiçavam rapazes e moças (a juventude daquele meu tempo).
Nos bailinhos, tinha neguinho metido a dançarino, cheio de ginga! Era a nossa balada! Sem droga, sem álcool, sem grilo - retão com camisa no ombro, garota do lado. E, na volta pra casa, duas da madrugada e sem medo de nada. A gente era feliz e não pensava em nada! No rádio tocavam aquelas nossas canções que embalaram aquele nosso velho tempo. No rádio, nas radiolas, no ônibus, nas casas, no radinho de bolso e tudo enfim por aonde a gente ia, Um tempo em que a gente era feliz e não sabia.
De cara vinha o Roberto ora com AR DE MOÇO BOM, ora cara de malvado, no seu CALHAMBEQUE, com mil garotas querendo passear. Depois, de posse do CADILAC, “PARou NA CONTRAMÃO”. Logo Roberto de Malena, do Broto do Jacaré, Ana, Rosinha; ele que manou TUDO PRO IMFERNO e que apaixonou-se pela “NAMORADA DE UM AMIGO seu”. Ele mesmo, Roberto que narra sua “PRIMEIRA VEZ”. E quem não teve a sua primeira vez?! Que jogue a pedra!!
Nesse meio tinha um cara metido a TREMENDÃO. Era o Erasmo Carlos! Não cantava nada mas era parceiro e amigo de Roberto. E quando fez uma “FESTA DE ARROMBA” aí... é como diz a Rita Lee – ARROMBOU A FESTA!! E é uma das canções que marca um tempo em que EU ERA FELIZ E NÃO SABIA! Nessa turma tinha também o Ronnie Von. Ele desenhou A PRAÇA, tirou onda de O CARPINTEIRO e disse que não teve coragem e baixou o olhar, quando passou pela CATEDRAL. E eu ali, vivendo a canção e a emoção!
Naquela época, Renato e Seus Blue Kaps estavam em toodas as paradas! em toodos os rádios! Eles tiveram um LAR, DOCE LAR, também se meteram com um capeta que era um guri, lembraram daquele DOMINGO FELIZ, cantaram A PRIMEIRA LÁGRIMA e lembraram de QUANDO A CIDADE DORME. Era os meus prediletos! E deixaram um imenso vazio na canção brasileira!!!
A gente não pode esquecer de GOOLDEN BOYS. Já chegaram rebentando com PENSANDO NELA. E se meteram com um tal de FUMACÊ. Lamentaram-se com “AI DE MIM”. Tiveram uma curta passagem nesse cenário. Nesse meio de campo passou DENY E DINO que viram na moça uma CORUJA que não dava atenção nem amava ninguém. E aquela do CIÚME ficou para lembrar um pedaço da minha vida. E assim como LENO E LILIAN, em “DEVOLVA-ME”, que pedia para rasgar as cartas, devolver retratos, até parece que falavam de mim. Pena que essas duplas não tiveram vida longa.
Nessa época pintou um tal Jerry Adriani. Pintou com “Doce Doce amor”, deu título de uma palavra da moda: “QUERIDA”. E um dia ele cantou “VIVENDO SEM VOCÊ”. Eu ia dentro do ônibus encontrar com a garota que lecionava no Cruzeiro do Anil. Aí ficou uma marca para o resto da vida!
Foi nessa época que apareceu um cara fora de série que teve a ousadia de escrever e gravar suas canções. Era PAULO DINIZ! Naqueles bailes de radiola e disco de vinil, tinha que ter Paulo Diniz! Se não tocasse “O CHORÃO” e também aquela que dizia “SERIA BOM se eu pudesse contigo casar” não tinha baile; também veio aquela de “PONHA UMA ARCO-ÍRIS NA SUA MORINGA”, “As estradas”, “Bahia comigo” e outras mais. PAULO DINIZ até hoje canta por eu onde vou...
Nesse tempo rolava o CARLOS ALBERTO (o chorão), com AQUECE-ME ESTA NOITE, LOUCO FUI EU; rolava Carlos Gonzaga com sua “DIANA”, “JURAMENTO DE PLAY BOY”. E quando tocava DIANA o salão se enchia. E eu lá pelo meio, sem medo de ser feliz. Feliz e não sabia! Também pintou um mulherengo, cachaceiro, farrista, Waldick Soriano! Com sua lamúria “EU NÃO SOU CACHORRO NÃO”. PAIXÃO DE UM HOMEM” DAMA DE VERMELHO. Fez uma CARTA e depois dizia: “quem está tu para querer manchar meu nome”.
Na trinca tinha Vanderléia que suplicou: Senhor juiz ”PARE O CASAMENTO”. Tinha Vanusa que, decepcionada em “MENSAGEM”, rasgou uma carta e queimou para não sofrer mais. Tinha o Márcio Greick, que me parecia mais declamar do que cantar. E dava a impressão e que falava real da sua vida pessoal com “Aparências” “Vivendo por viver”. “IMPOSSÍVEL ACREDITAR QUE PERDI VOCÊ”. E o Sérgio Reis? Começou na Jovem Guarda e vazou para o sertanejo. Tocava na balada e o salão se enchia; “Coração de Papel”, “Eu resolvi não lhe deixar”. Explode coração!!!
Tanta gente boa, tanta gente, nesse baile, nessa festa – sala cheia e muita gente ficou de fora! Mas tem dois caras que a gente força a barra e manda entrar. Lindomar Castilho e Odair José. Lindomar chegou e mandou ver! “EU VOU RIFAR MEU CORAÇÃO” porque VOCÊ É DOIDA DEMAIS. E era! Tanto que deu no que deu! E Odair José, perguntando CADÊ VOCÊ?, forçando a barra, choramingando com as “MINHAS COISAS” e dizendo que ESTA NOITE VOCÊ VAI TER QUE SER MINHA. Aí, DIANA do outro lado, cantarolando: FOI TUDO CULPA DO AMOR.
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