LIVALDO FREGONA
Certo dia nas minhas irresponsáveis divagações, eu me perguntava sobre “a quê e a quanto se deveria um LIVALDO FREGONA na Academia de Letras? Mais tarde passei a lê-lo e, nas linhas  e  entrelinhas dos diversos livros de sua autoria, encontrei  as respostas que se espalhavam, derramavam, alagavam!  E mais: na minha cara me esfregavam!
Nas voltas que o mundo dá, volta e meia encontro LIVALDO em minhas respostas. Certa feita, e eu doente, ele me prometeu uma visita, o que nunca aconteceu. Mal sei onde ele mora,  acho que nunca nem tomamos sequer um copo d’água da mesma jarra ou  um cafezinho à mesma mesa, mas lhe tenho uma “dourada admiração e respeito”  - pelo caráter, pela humildade, pela intelectualidade pelo homem fácil, leve e acessível que é o LIVALDO – ele que a cada três palavras, quatro é o nome de sua mulher - D. CORINA.
Do LIVALDO, e sem ele saber, eu tenho uma marca que confirma as minhas predições:  É que na nossa trajetória e experiências existem pessoas com quem  a gente convive uma vida e até se relaciona por um tempão e nem por isso conseguimos ser bons amigos; ou que mal temos um “olá”. E olhe lá!  Outros, porém, “é um amor à primeira vista”. Chega e acontece! E logo, tornamo-nos bons amigos! LIVALDO, para mim, é um desses poucos! Obrigado, meu querido LIVALDO! Obrigado por você existir!
Na sexta feira passada, na Academia de Letras local, tive a honra e a grata satisfação, já  com o livro nas mãos, em estar presente ao lançamento do seu 18º livro – MARILÂNDIA – vale de sonhos e lágrimas, com canções e recitais do impagável MARCOS LUCENA,  oportunidade em  que foi servido um  lauto Buffet ao “estilo COLATINA” de  LIVALDO; servido, é claro, pelas mãos da sua inseparável  D. CORINA. E no entremeio, um “papo” esticado e  fora de série com EDMILSON SANCHES, outra coluna de criação e sustentação da Academia de Letras local. E, como SANCHES é intelectualidade e sapiência em tudo o quando respira e transpira, no dia seguinte a conversa voltou a engatar num telefonema que ultrapassou uma banda do dia.
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Agora, no lançamento do livro de LIVALDO, outra pilastra da Academia de Letras – meu preclaro ITAERÇO BEZERRA! Itaerço é outro que a gente nem esperou anoitecer, pois que antes do meio dia, daquele dia, logo tornamo-nos bons amigos. Foi assim: Num evento da “Maçonaria da Rua Alagoas”, Itaerço era a estrela! Assim que ele me viu, em pleno discurso, mandou dez pontos para minha carteira de motorista, referente aos meus textos em... CAMINHOS POR ONDE ANDEI. Assim, na lata!!!  Aí  como “prêmio de consolação” a nós ambos, tornamo-nos bons amigos a tal ponto que, quando a gente se encontra, seja por onde for, tem-se que levar um lero-lero, uma prosa, que é pra agente não se perder de vista, tais como fazem  periquitos e papagaios,  quando vão gralhando lá em cima.
Como se vê, já sou suspeito pra falar do cara, mas olhe aqui  a declamação que ele fez no lançamento do 18º livro do LIVALDO, na Academia, onde ele, Itaerço, pelos seus méritos, ocupa uma das fechadas e seletas cadeiras ali existentes!
LIVALDO, O COMENDADOR
“Um dia aqui na cidade / Um candidato a prefeito / Em que ele votou e foi eleito /Pra sua felicidade / Lhe deu um emprego de GUARDA / Lhe entregou uma farda / Um capote e um coturno /Um cassetete envernizado / Um apito enferrujado / E ele foi ser guarda noturno  

 Passava as noites inteiras / Apitando pela cidade / Em escolas, igrejas, cinemas / Mercados e universidades / Nas noites frias de invernos / Ele usava um velho terno / Um par de meias vermelhas / Tomava quatro cachaças / Dava três voltas na praça / E corria pra Farra Velha 
 Lá existia de tudo: /Discussão, briga, lorota / Um contava uma aventura / Outro contava uma anedota / Quando um bêbado se zangava / Ele ia lá e ajeitava / E o bêbado ficava manso / Pagava-lhe uma bebida / Ele dava um apito e saía / No velho passo do ganso .
Um belo dia o prefeito / Já no final da batalha /Perguntou-lhe com voz forte: / Queres aumento ou medalha? / Antes dele fechar a boca / Ele respondia com voz rouca: / - Uma medalha, por favor / Guarda LIVALDO, obrigado / Pelos bons serviços prestados / Hoje lhe faço COMENDADOR .
Comendador com medalha / Com diploma e tudo o mais / Hoje sou chefe da guarda / Mas trabalhar me satisfaz / Quando visto a velha farda / Sinto um enorme prazer / Quando ouço o povo dizer / Estamos seguro, podes crer / Temos o guarda LIVALDO /Aqui pra nos proteger.
Obrigado senhor prefeito / Pela farda e o coturno / Pelo trabalho noturno /que executei anos a fio / Sustentei família, eduquei filhos/ Hoje não sou mais atleta / Mas já cumpri minha meta / Posso então em aposentar / E voltar a estudar / Quero ser escritor e poeta.
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E então, a gente lê um LIVALDO; a gente ouve e vê um ITAERÇO, a gente bebe na tigela do EDMILSON SANCHES e só então entende como e porque a Academia de Letras é feita desses tecidos – tecidos que nos servem de exemplo e de espelho. E é desses espelhos e dessas ramas a que  devemos nos aproximar porque elas têm luz e têm sombra para dar. E, a VITO MILESI, pilastra de veneração e unanimidade  que quando morreu -  tinha, não sei porque,  ao bolso de sua camisa, um papel com o meu nome – “que Deus o tenha no Reino da Glória”, como assim era do dizer do meu velho pai.