LÁGRIMAS, GRATIDÃO E A SAUDADE

Já disse aqui que escrevo e envio um texto, denominado PÁGINA DE SAUDADE assíduo e pontual há mais de dez anos para a Rádio Mirante/AM, programa Clube da Saudade, manhãs de domingo, na apresentação e interpretação  impecáveis do  barítono e tenor JOSÉ SANTOS. Esta é mais uma PÁGINA DE SAUDADE.

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Esta é coisa do túnel do tempo. Ano de 1962. Faz 56 anos!!!

Havia em São Luís e mares a fora, em tempos de jogos da COPA DO MUNDO, a prática de um “jogo consistente no palpite do jogo”,  que se chamava BOLO.  Era assim: o banqueiro, quer dizer o DONO DO BOLO, organizava uma folha em papel almaço, geralmente em jogos do Brasil, e os palpiteiros assinavam com seus palpites: 2 a 1, 3 a 0, 4 a 2. Sempre a favor do Brasil. O DONO DO BOLO, quer dizer o Banqueiro do “Jogo do Bolo”, tinha direito a TRINTA POR CENTO DA RENDA, e os SETENTA POR CENTO RESTANTES eram divididos com os acertadores.

Quando das assinaturas dos palpites, os palpiteiros (assinantes) costumavam pilheriar dizendo que “O BOLO DÁ EM BOLO”. Quer dizer: resultava em problemas, enganações, ROLO!!! Era uma brincadeira, mas soava como uma advertência!

1962, COPA DO MUNDO, eu estava no internato da minha amantíssima, gloriosa e inesquecível Escola Técnica Federal, na capital. E, depois de ver bolarem outros BOLOS por ali, resolvi também BANCAR UM BOLO. A ESCOLA era  muito rigorosa em absolutamente tudo; entretanto, não proibiu a realização do BOLO em jogos da COPA, até porque aquilo tinha um sabor de brincadeira, de diversão. E não se registravam problemas, por ali.

Resolvi, então, BANCAR UM BOLO. E a lista foi crescendo e os palpites aumentando. A esse tempo o Dr. RONALD CARVALHO era uma das mais expressivas autoridades dentro da Escola Técnica Federal: Professor, Vice-Diretor, Assessor Pedagógico e  mandante em tudo e em todos. Resolvi, na cara limpa, enfrentar aquele gigante que era o Professor Ronald Carvalho para comprar pontos, dar palpites e assinar o MEU BOLO. Olha a cara dura!

Dr. RONALD, que tinha o poder nas mãos, que jogava basquete com os alunos e que anos mais tarde me deu o meu primeiro emprego via de um seletivo e que eu aprendi a amá-lo, então me perguntou: “Por que é que você quer que eu assine o teu BOLO???”. “Porque o senhor dará honra e credibilidade ao meu projeto”, respondi.

Ronald me olhou... como a interpretar o maroto e travesso,  sorriu... gostou da resposta e assinou DOIS PONTOS (dois palpites) no meu BOLO - este que foi o mais bem sucedido em todos os tempos naquele universo de Escola Técnica. Ganhei os meus 30%, algo como vinte e poucos reais de hoje e reparti honestamente os créditos com os ganhadores.

Esta semana sonhei com o meu inesquecível e exemplar Dr. RONALD CARVALHO de quem fui funcionário frente a frente e lado a lado. E ACORDEI CHORANDO. Como chorando eu acordo pela segunda vez que sonho com o chefe, mestre e amigo a quem devo honrarias. E tanto ele quanto eu, seja na assinatura do BOLO, seja no meu primeiro emprego, há maias de meio século  longe de imaginarmos que ali se plantaria uma GRATIDÃO pelo resto da minha vida.

E hoje entre lágrimas GRATIDÃO e saudades eu relembro o inesquecível e pranteado Dr.  Professor RONALD CARVALHO, a quem devo um pedaço da trajetória da minha vida e escrevo esta PÁGINA DE SAUDADE.

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Ouçamos, agora, um breve texto da música “Amigos para sempre”, que rolou após esta Página de Saudade:

Eu não tenho nada pra dizer/  Você parece no momento até saber /  O quanto eu estou sofrendo / ... ... / Amigos para sempre é o que nós iremos ser/ Na primavera ou em qualquer das estações /  Nas horas tristes, nos momentos de prazer  Amigos para  sempre ///  Você pode estar longe, muito longe, sim /  Mas por te amar sinto você perto de mim / E o meu coração contente /  Não nos perderemos, não te esquecerei/ ... ////  Amigos para sempre é o que nós iremos ser / Na primavera ou em qualquer das estações ///  Nas horas tristes, nos momentos de prazer / Amigos para sempre