SÃO LUÍS, 405 ANOS – HIP, HIP - URRA!!!
Noite dessas, Minha Querida São Luís, eu sonhei com você. Sonhei que estava na Praça Benedito Leite, em frente ao Hotel Central. Lembrei-me então quando, no ano de 1962, você completou 350 anos. Eu estava lá naquela concentração, na Av. D. Pedro II, integrando o exército da minha Escola Técnica Federal, em que a nossa participação foi dar um grito de HIP, HIP, URRA!!! - UMA SAUDAÇÃO de amor e  bravura pelos teus 350 anos. Lembro-me que fomos correndo, de short e camiseta, do Monte Castelo ao cento e vice-versa. Velho tempo, belos dias!!!
No sonho, saí da Benedito Leite pela Rua de Nazaré, velho caminho meu.  Era noite, a cidade estava em silêncio sem uma viva alma.  E, diante do medo que a noite remete, o que era um vapor, logo se transformou  num pavor. Logo a EX DESAPARECEU, como bem assim é dos sonhos. Sozinho eu fiquei como que perdido na imensidão da minha cidade.
E, no clarão da mente, olhei para a Av. Magalhães de Almeida, rumo ao Mercado Central, olhei pela tangente a Igreja do Carmo e segui pela estreita Rua Grande, ainda em paralelepípedos, lembrando das paralelas dos trilhos e do bonde. Rua Grande do Cine Éden, da antiga Mercearia Lusitana, da Singer, da Quatro e Quatrocentos, da Sapataria São Luís. Nesse sonho agora ao clarão do dia e da imaginação, eu via o Cine Passeio, o Canto da Viração. Vi a praça Deodoro, a rota da Gonçalves Dias, a silhueta da Rua do Sol, tudo velhos caminhos meus.
Nesse enlevo num voo um rasante, vi a montanha Russa, o velho Casino Maranhense, a pedra de Bequimão, e fui parar na Beira-Mar; Lá eu vi lanchas e barcos que iam e vinham da minha  Baixada. Vi o homem do Picolé, o do sorvete de coco, o outro do quebra-queixo. E o garoto com sua tábua de pirulito. Vi o Jornal Pequeno de Bogéa “o órgão das multidões”. Vi a ponte de São Francisco, em 1970.  naquela tarde de inauguração Eu vi, eu estava lá.
E nessa caminhada da mente ao sonho, eu dava uma esticada pela minha querida Rua do Passeio, a Rua que marcou a minha vida, por tantas vindas e idas;  a rua que eu quisera para ser minha pelo resto da vida.  Vi a Casa do estudante, na Esquina da Vila Bessa, lembrei-me ali da Rua Norte, do iluminado  bairro-centro de São Pantaleão; das Cajazeira e sua ladeira e na mente saí pela Praça da Misericórdia, até a Praça da Alegria, ouvindo o apito da FABRIL.  De lá eu vi o antigo pensionato onde morei, ao lado da casa de Sarney - Na Rua de Santana das minhas travessias e travessura. Vi o MARISTAS de azul e branco, belo, imponente, soberano. Que cumpriu sua missão. E voltou ao chão!!!
Nesse transe Eu acordei. Era 8 de setembro. Legal!!! São Luís agora completa 405 anos! E então lá se vão 55 anos entre a juventude dos meus 17 em 1962, no grito do  HIP URRA e agora aos 72, quando o sol da minha vida já vai declinando no horizonte, para contemplar em lembranças e saudades, esta minha cidade que agora vive os seus 405 anos!  Então eu grito: São Luís, 405 anos!!! HIP, HIP URRA. E faço desse grito a minha saudação, a essa  cidade que me  deu escola, estrada, emprego e pão; amores, espaço, oportunidade e chão. - É como escrevo com emoção  em lembranças e  gratidão  esta... PÁGINA DE SAUDADE!!!

SÃO LUÍS: UMA ANTIGA ILHA  DO MERENGUE

Ainda me lembro daqueles dias – quer dizer: daquelas tardes – melhor dizendo, daquelas noites - quando a Ilha de São Luís era uma praia do merengue. Velhos tempos, belos dias, aqueles dias!!! A ilha de São Luís, como se sabe, é um PONTO DE CONVERGÊNCIA e convivência com todos os ritmos e sons que por aqui aportam. Nessa praia bailam o bumba-boi, o tambor de crioula, o tambor de mina, o pagode, o axé, o sertanejo, o forró, o samba, a jovem-guarda, a lambada, o reggae e outros tantos. Com o merengue não foi diferente!!!
Creio que pelos meados dos anos 60, quando a Ilha de São Luís, se deu  conta, estava tomada e sitiada pelo merengue por todos os lados – por todos os cantos. No rádio, nas radiolas, nas baladas (nas “festinhas” de finais de semana), o MEGEUGUE era aquele ritmo  latino-americano, caliente, de uma dança insinuante, dinâmica, provocante e sensual – que mexia com a cabeça da gente, COM “CUBA LIBRE”, bailando na  nossa mente.
Nos bailes populares em tudo o que era gente e festa só dava merengue. Em Fátima,  No João Paulo, no Anil, No monte Castelo,  na Fabril – No Lira, Madre-Deus, Belira, Fé em Deus. Só dava merengue. Um som; um ritmo  com que a gente se identificava. Moças e rapazes curtiam, se amavam.  E, nessa onda, nesse som, muita coisa rolava... acontecia...  marcava... mexia.
Não sei porque sim – não sei porque não, guardo em mim, uma relação entre o Merengue e o Bairro da Vila Passos, ali por trás do Estádio. Acho que lá existia um baile popular. E aquilo ali era uma central do merengue. O merengue da Vila Passos a gente podia ouvir, no Lira, na Belira, na Coreia de Cima,  na Coreia de Baixo, na Av. Kennedy, da Macaúba e na FABRIL e cercanias.
Tantos anos se passaram e o merengue também passou, mas volta e meia ainda dá o ar da graça. Mas agora MERENGUE nesta “Ilha do Amor”é só uma página de saudade. Hoje, só os saudosistas, nos seu devaneios, deixam rolar aquele som latino-americano que um dia mexeu com a cabeça da gente -  marcando... tocando... dançando, inebriando fosse pelo MARTINI, Caipirinha, Campari, Run,  Vodka  ou pela inevitável “cuba libre”. Mas, ninguém deve esquecer que a capital já foi uma verdadeira PRAIA DO  MERENGUE que agora é só uma... PRAIA DE SAUDADES...