CARTA ABERTA A JONAS RIBEIRO
EMÉRITO COLUNISTA SOCIAL DE O PROGRESSO
Meu caro Jonas Ribeiro (de velhas e memoráveis lembranças do colunismo social em mais de trinta anos) - saudações...
Já se vão perdendo na poeira do tempo velhas lembranças daquele nosso velho ido de 1987, 1988 e mais adiante, quando nos cruzávamos na penumbra ora no salão do Clube Tocantins ao som do saxofone de Raimundo Bossa Show, ora na penumbra da Boate Balaio, ora sob as luzes da calçada da Panificadora DULAR, ora na agitada “Boate Cantão” – todos que compunham a inocente e decente vida noturna desta Imperosa de todos nós. “Olá – olá” eram assim os nossos cumprimentos, o básico para manter a interação social.
Os dias corriam, o poeirão da cidade foi cedendo ao asfalto, depois misturando-se à nascente rede de esgoto e, nesse passo, lá em cima e cá embaixo, instalação de fios da antiga TELEMAR. A esse ponto, a luz elétrica já era uma realidade, os cinemas Muiraquitã, Fides, Marabá, a “Voz Manarlene”- uns que estiveram, outros que estavam na onda; o jornal O PROGRESSO era a nova fronteira aberta para projetar a cidade e a região como projeta até hoje. A Rádio Imperatriz chegou depois. E você, ao que me lembro, era o COLUNISTA SOCIAL que também despontava nas colunas de O PROGRESSO. Seguia a vida e a Imperosa qual um cavalo bravo – resistente a domínios – e quando a gente se deu por conta você sumiu – foi cursar uma Faculdade em Belém do Pará. Soube depois.
A cidade, o jornal O PROGRESSO e a vida social sentiram e seguiram a tua falta. Mas tarde, porém, concluída a Faculdade em Belém, você retornou, com a mesma veia, o mesmo sangue do jornalismo e do COLUNISMO SOCIAL, engatando já no dia seguinte com a tua NEWS que veio a ser, enfim, a marcante coluna social de Jonas Ribeiro, nas radiantes páginas dominicais de O PROGRESSO, no qual eu me filiei desde que cheguei por aqui em 1973, embora com uma pausa, nesse percurso.
Eu era (e sou) aquele cara que nunca esteve nem nas tuas colunas, nem nos teus eventos de folguedos e convivas em abadás, mesas e talheres e o “raio-soçaite”, mas, quais nos horóscopos da vida, dava sempre uma espiada nos teus textos e te via pela janela que me deixava à margem (ao lado) das tuas mil e tantas produções. E me convenço, meu caro JONAS RIBEIRO, que a vida é mesmo assim: “cada qual para o que nasce, cada qual para o que nasceu”. E concluo: assim foi você, assim ainda estou eu.
Roberto tem uma canção que diz: “nasci para chorar”. Nessa sina tenho chorado muitos vates que viveram aqui e algo mais. E assim lamentei pelo velho Clube Tocantins, chorei a Zé Vieira, precursor de O PROGRESSO. Raimundo e SEU saxofone também foram temas das minhas lágrimas. Chorei pela Rádio Imperatriz, chorei por Dr. Delfino Sipaúba, um juiz aqui tivemos. Lembra? Chorei por Doutorzinho do Cartório, chorei até por capitão Vinícius, então comandante PM local. Chorei por Luiz DANDA, ex-Paraíba, chorei pela agonia do Juçara Clube. Por último, chorei a Zé Moreira, pioneiro na comunicação local.
E eu que falo ao vento e às paredes (como dizia num programa de TV), chorei até pelo vento para que soprasse as mangueiras da minha infância na esperança de que fizesse cair as primeiras e escassas mangas do início da temporada. Também chorei e falei às paredes do antigo prédio do DENOCS, na beira rio, derrubadas por estroinas, sem compromisso com a história da cidade e do seu povo. Paredes que vieram a ser a sede da Colônia de Pescadores, em cujo local até parece que há uma maldição, tais os “revestrés” que ali têm acontecido ao longo do tempo. Certo ainda, meu caro JONAS RIBEIRO, de que, se a VIDA assim deixar, também chorarei por tantos outros. Mas é como te digo: “cada qual para o que nasce, cada qual para o que nasceu...”.
Tomei conhecimento do teu estado de saúde, mas imaginei que os teus amigos e amigas que compunham o glamour do teu colunismo e destacada vida social estavam todos lá. E não seria agora que eu teria um lugar. E nesse transe, acabei não indo por lá, mas ainda assim querendo te visitar. Viajei, e naquele fim de mundo, no meu chão de origem e dos meus ancestrais, tomei conhecimento da tua viagem eterna ao infinito. Na saudade, te confesso que doeu. E qual na velha canção “sentado à beira do caminho”, eu senti que a poeira do tempo e do estradão da vida cuidava de embaçar e simultaneamente destelhar velhas lembranças, velhas memórias – delas que eu guardo na memória e sei de cor - delas que nos aproximaram, elas mesmas que nos distanciaram nas encruzilhadas da vida. Sim, porque a vida tem dessas coisas. E, qual na canção: “olha só nós dois aqui”...
E como entre a gente restou uma janela à sombra de cumprimentos em “olá – olá”, é como agora me despeço ao descampado das trilhas destes CAMINHOS POR ONDE ANDEI.
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