OZÉBIA GRANDE
Lá pras bandas da minha Baixada, assim um tanto mais adiante, tem uma distinta  figura a qual não conheço pessoalmente – chama-se OZÉBIA GRANDE. OZÉBIA é Mãe de  Santo profissional, praticante dos cultos de magia. Temida e respeitada no seu ofício. Dois fatos que chegam ao meu conhecimento, me trazem uma “curiosidade” em conhecê-la pessoalmente. E qual nos meus tempos colegiais, também entrevistá-la. E vou fazer isso em breve.  Não sei por que cargas d’água o meu irmão paterno AFONSO tem lá suas simpatias com OZÉBIA GRANDE, esta que lhe conta suas bravatas e ele que me repassa. 
Parte um – Dois vizinhos, ambos estabilizados na vida para os padrões do local onde moram, estavam inimigos “de sangue a fogo”, entre si. Um deles fez festa de aniversário, muitos comes e bebes e OZÉBIA foi convidada especial do aniversariante. Presença ostensiva no local. Sai OZÉBIA para dar um giro no povoado, “desanuviar”, quando, de passagem, passa pela casa do desafeto do seu anfitrião. O homem corre até OZÉBIA GRANDE e suplica: “Ôh dona, não me mate”. E insistia “Ôh dona, não me mate”...
OZÉBIA, ao que me disse o informante, ficou ou fez-se de perplexa diante daquela súplica e intercedeu: “O que é que está havendo moço???” “É porque estão dizendo que a senhora veio me matar. Não me mate, não me mate... Moço, disse OZÉBIA, por favor, eu não sei nem do que o senhor está falando, etc... etc... Foi quando o homem ali lhe revelou que tinha uma intriga com o festeiro seu anfitrião e que, segundo a rádio pião, OZÉBIA vinha para matá-lo.
OZÉBIA, em missão ou não (não sabemos), ali deu uma de anjo bom e comprometeu-se em apaziguar os vizinhos inimigos. E foi aquele clamor. Aquela lamentação. OZÉBIA  então, dali em diante,  dali em diante  queria apenas contornar as divergências, mas era preciso que ele – o lamuriento e desesperado – colaborasse com a situação e a acompanhasse até  casa do festeiro anfitrião. Olha o drama de um desesperado!!!
Forçado pelas circunstâncias que o assolavam lá vai ele, grudado nos braços de OZÉBIA, à casa do inimigo em festa: “Ô Dona, tome de conta de mim, faça do jeito que a senhora quiser, mas não quero ser “desfeitado” nem desmoralizado publicamente”. E lá se vão os dois.   A moral da estória é que OZÉBIAS GRANDE fez as pazes entre o dois vizinhos, nada de “trabalhos pesados” e voltou carregada de presentes. E a festa seguiu alegre e feliz e os vizinhos “contentes e satisfeitos” com a obra humanitária de OZÉA BRANDE.
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Parte-02.
OZÉBIA estava em sua modesta casa, quando chega “o homem para cortar sua energia”. Senhora sua conta dos mês****, no valor de ***** estão pagas? Não sinhô.  E, direto e reto: “Então eu vou cortar”. Não sabia o sujeito que bem ali ele estava mexendo com uma mulher humilde que logo se transformou numa cascavel e bradou: “Você pode cortar mas essa é a última vez que você corta uma energia”. Qual aquele cachorro que não acreditou no coice da jumenta e levou uma espinafrada no meio da cara para o resto da vida, o sujeito não acreditou na declaração de OZÉBIA GRANDE. Foi lá e mandou o alicate!!! E só três dias depois, encontrou-se o dito cujo em rigidez cadavérica e com a boca cheia de formigas. E OZÉBIA GRANDE, de próprio punho, religou a sua luz.
Passados alguns dias, lá vem um segundo homem cortar sua energia. Óculos escuros, capacete na cabeça, farda com faixas refletivas, bateu palmas e foi direto: Senhora, constatamos que sua energia foi desligada, a senhora não pagou a conta e fez desligamento ilegal”. Ozébia intercede: “Você veio cortar a minha energia?”. Se não estiver paga, não é?? Ozébia replica: Você pode cortar, mas é a última que corta. Vergastado em seus focinhos e pê da vida, o cara recolheu a prancheta, entrou no carro e foi embora. Chegou ao seu escritório e foi entregá-la ao chefe: E aí cortou a energia da mulher?”. Resposta: “A mulher fez foi me ameaçar”. Então diante disso resolvi trazer o caso ao seu conhecimento (... ...)
O chefe do serviço ou sei lá o que, diante de duplo vergaste: o primeiro que foi encontrado em rigidez cadavérica e o segundo que na mesma linguagem foi ameaçado, resolveu, ele mesmo comparecer “in loco”, carro caracterizado, escada atrelada e dar uma desfecho à situação: “Boa tarde dona OZÉBIA”. DONA OZÉBIA, eu vim aqui, porque estamos constatando que suas faturas de energia estão em atraso;  que sua energia foi religada etc. etc... então eu vim aqui para encontrarmos um solução para o seu caso.
“O senhor veio aqui cortar a minha energia? Perguntou OZÉBIA. Não senhora, vim avaliar a situação. Ozébia responde: Vindo com respeito e com educação você me encontra, mas se vier com desaforo, ainda está faltando primeiro. “Olhe que eu sou freguesa da sua empresa faz **** anos, sempre paguei minha conta em dia, é o meu dever. Mas olhe aqui moço... e levantou a blusa e mostrou a descoberto parte do seu corpo: “Eu estou doente”. “Olhe a minha situação:  é por isso que não paguei a energia nos dois últimos meses. E mais: “Eu queria dizer isso para os moços que estiveram aqui, mas eles não me deram oportunidade, e tudo o que eles falaram é que iam cortar. Pra mim foi um desaforo. E remédio de um desaforo é desaforo e meio”. Eu compreendo a sua parte, o senhor é mandado e está fazendo o seu serviço. E se o senhor cortar  minha energia agora, não tem aborrecimento e eu ainda lhe dou razão.
Aí o sujeito que viu o que já tinha acontecido com dois dos seus antecessores, e deve ter visto a “caçapada” que o cachorro levou da jumenta e sabendo que “juízo toma quem quer”, foi arrego: “Não Dona Ozébia, eu não vou cortar sua luz, eu estou vendo a situação. E vou fazer melhor: vou lhe dar um ano de gratuidade... ... está aqui o documento. Quem vier aqui cortar sua luz, basta mostrar este documento. Despedida com votos de saúde e felicidades e cada um foi cuidar da sua vida. Eu heim???!!! Nada contra D. OZÉBIA GRANDE. E na próxima viagem, nº 48 quando eu voltar à minha Baixada quero visitar a nossa personagem; tentar uma entrevista e trazer o resumo para estes... CAMINHOS POR ONDE ANDEI.  Quem viver, verá!