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Textos que os faço para o programa CLUBE DA SAUDDE, Rádio Mirante AM, domingos, 07:45 hs, em cadeia com 19 emissoras de todo o Maranhão, na minha crônica “PÁGINA DE SAUDADE”
A CANÇÃO DE JERRY ADRIANY
Rolava meados e um pouco mais adiante dos anos 1960. A jovem guarda estava no ar; a Revolução de 64 estava no ar; as festinhas de baile em radiola e discos de vinil também estavam no ar. Eu era feliz e doido pra amar. É uma história que eu não vou nem contar... com Renato e seus Blue Caps, na vitrola a tocar.
Entre as múltiplas paixões que mexiam com o meu coração teve uma que marcou a minha vida por tantas emoções. De consequente eu vivia num mar de incertezas, de indecisões. Por essa e tantas outras que o BARCO é um símbolo da minha assinatura e da minha vida, a singrar nos oceanos da vida.
Nesse grande terreno e panteon da vida, tem um nome, uma pessoa, um odor, uma respiração, uma transpiração que me marcou e me marca pelo resto da vida – um silêncio que guardo comigo porque individualidade, pessoalidade e particularidade são coisas que não se divide.
Mas hoje, ainda que sem o odor, é dia de abrir as portas para esse amor.
Me lembro daquela tarde, FIM DE SEMANA, quando VOCÊ trabalhava no Anil. No Cruzeiro do Anil. Professora, amante, amada e educadora. Um pedaço inteiro de morena que passou pela minha vida, minha sina, minha ida e minha vinda.
Peguei o ônibus rumo ao teu encontro. Fui te encontrar. Naquela época estava na moda tocar música nos ônibus – músicas que vinham das emissoras de rádio. Aquele clima musical tornava a viagem mais atraente, menos demorada, principalmente, quando a gente se ligava na letra, na canção que tocava...
Domingo passado, quando eu curtia o Programa Clube da Saudade, tocou uma música que qual um clarão, abriu-se sobre o meu chão, fazendo voltar atrás um tempo que nunca mais voltará, tendo você pelo meio, entre o claro e a escuridão. Sim porque são lembranças mal resolvidas do quanto ficou ao desvão.
E foi nessa viagem, rumo ao Cruzeiro do Anil que tocou uma canção, canção que eu nunca esqueci; canção que tocava quando a gente dançava de mãos dadas e rosto colado e que toca a gora para lembrar o Jerry Adriany e para LEMBRAR “VOCÊ“ que é um nome que guardo pelo resto da vida; dona daquele odor todo teu; daquele par de olhos todo teu, daquele voz toda tua – quando a gente se amava na praça, em todos os lugares e até no meio da rua. Lembro daquele ar de silêncio que sumiu, com que a gente se multiplicou... e se dividiu...
E ao lembrar daquele “sim”, vejo tudo o quanto na vida é princípio, meio e fim. E fico por aqui ao lembrar da canção que tocava no ônibus e a gente na dança de rosto colado e a recordar lembranças mil, quando eu fui te encontrar no Cruzeiro do Anil.
PARA LEMBRAR O VELHO RÁDIO/AM
Na minha criancice, no meu chão baixadeiro, naquele velho tempo, apenas poucas pessoas possuíam um rádio - um privilégio dos mais abastados. Era comum, então, em dias de domingo e a pretexto de um jogo de futebol, as pessoas irem ao comércio para “peruar” e ouvir o rádio do comerciante. E até nas noites, em distâncias a pé, também pra ouvir o rádio. Acho que é desse tempo minha paixão pelo rádio/AM. Paixão indelével que mexe comigo até os dias de hoje.
Assim é que, estudante na capital, eu vagueava pelos corredores das emissoras de rádio, queria ser radialista, locutor. E assim, como quem vê as estrelas, mas as estrelas não veem a gente, conheci vários locutores do então exclusivo Rádio/AM, de São Luís: Helberth Teixeira com o seu Timbira Faz amigos, nas noites da Rádio Timbira; o Raimundo Coutinho e depois Raimundo Palhano em Alegria na TABA, na Timbira, o Edivaldo Assis, na Educadora, o Muniz Pinto (de Arari) na Educadora com o seu DESFILE DE SUCESSOS, o meu Compadre Jairzinho, primeiro na Educadora, depois na Difusora, o José Santos com o seu Radiola Mágica, na Rádio Gurupi, o José Branco com o seu “Quem Manda é Você”, o SANTOS DE OLIVEIRA, primeiro na Ribamar, depois na Gurupi, o Hemelindo Sales com o seu “CLUBE DO HERMELINDO”, na Rádio Ribamar. O Lauro Leite, na Timbira, Diel Carvalho, na Timbira, era a voz da notícia. E assim tantos outros.
Em meio a essa constelação de tantos astros e estrelas, alguns deles me marcaram. O Rui Dourado foi, para mim, o mais eclético e o mais completo radialista: Ronda Policial, “Futebol de Meia Tigela” com o seu imortal personagem “Xeleléu”, um crítico atualizado e bem humorado do futebol, em noites de fim de semana. Qual um Uirapuru nas matas amazônicas, a galera parava e silenciava para ouvir RUI DOURADO com o seu XELELÉU com seu bordão – final: “a vida é boa, a vida é bela”.
Outro cara que até hoje me “assombra” é o Valter Morais (ou Valter Morales). Com o seu CASTIGANDO UM FORRÓ, nas impagáveis tardes da Rádio Gurupi. Vindo de RÁDIO PIONEIRA (de Teresina), Morales, levitava no ar e não pisava ao chão, deslumbrado com o sucesso do seu programa, num tempo em que o locutor de rádio sentia-se o dono de meio mundo e muito mais. Nessa onda, numa tarde, baixei na Gurupi. Diretor (aposentado militar), Novais me ouviu em gravador e me mandou para uma espécie de estágio com Valter Morales, o qual tudo o que me permitiu foi, uma única vez, ler um texto comercial. E nada mais!
O mundo continuou a girar e nunca mas nem vi nem ouvi aqueles velhos ícones do Rádio, nem mesmo o SANTOS DE OLIVEIRA que me fez gastar sola de sapato em sua companhia e que nunca me deu uma chance sequer. Faz anos numa festa social por aqui, eu ouvi um forró. Era a música/instrumental “Forró na Fazendinha”, que lembra a característica musical do programa daquele lunático Morales, que assim como MARINEZ, JAKSSON DO PANDAEIRO, TRIO NORDESTINO, GONZAGA e outros tantos “pé de serra”, sacudiam as tardes impagáveis da Rádio Gurupi. E eu agora, relembrando aqui, uma velha passagem para esta... PÁGINA DE SAUDADE.
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