TROFÉU DOMINGÃO DO FAUSTÃO
O jornal da IG, provedora da internet que assino, publicou na edição de 16 do corrente, matéria com o título “Troféu Domingão está longe de ofertar a consistência democrática da premiação oferecida anualmente pelo SBT, o Troféu Imprensa”.
Tenho por convicção que a referida matéria grita ainda que em parte do quanto penso e gostaria de dizer a respeito dessa premiação. A Globo, como sempre, com o rei na barriga e na empáfia do seu poderio, “não se junta nem se mistura”, deixa a entender que não há talento fora de casa e acaba por fazer uma escolha entre os de casa, com os de casa e para os de casa. Daí que o certame perde o caráter democrático e abrangente do meio e não expressa uma competição que mereça respeito, convencimento e credibilidade.
Não há dúvida, porém, de que muitíssimos dos “agraciados” são profissionais de peso, de prestígio e indiscutível profissionalismo deles com páginas de serviços prestados à prova de fogo e água e que fazem jus ao mérito a que são reconhecidos pelo sistema Globo. E daí o merecimento público ao troféu da “Venus platinada”. O que ocorre, porém, é que no universo da imprensa brasileira, existe uma infinidade de “astros e estrelas” de semelhante senão até mesmo de mais arrojado talento e fôlego profissional que são marginalizados pela competição, tal o perfil, o desenho de como esta fora criada e, portanto, vendida ao público - “com os de casa, para os de casa, pelos de casa”. Daí o descrédito que é o Troféu Domingão, de caráter fechado e longe, muito longe de ser o apregoado “Oscar da televisão brasileira”.
De lembrar oportuno, que o similar “Troféu Imprensa”, de Sílvio Santos, embora feito em parte de um corpo de jurados que são fregueses e fichas carimbadas do SBT, com Sônia Abrão, Décio Pichinini, Leão Loba, Cinira Arruda (salvo engano) etc., há outros tantos e em maior número que chegam ao programa com pleno ar de independência e o que se vê é uma premiação cujos concorrentes vêm da famosa “voz das ruas” que, aliás, são colocadas na amostragem. Troféus que, enfim, bailam por todos os setores do universo da imprensa e da música brasileira.
Mas no Silvio, ao que posso lembrar, nem tudo sempre foi mar de rosas. De anotar também que jurados haviam, vírgula, ao meu entender, vírgula, que chegavam ao programa, embora que por conta própria, como que tendenciosos em agradar ao patrão. E daí votos que, descomprometidos com a razão, me pareciam de um servilismo capacho em prol das “estrelas” do SBT, ainda que à revelia dos anseios do Senhor Abravanel que, afora certas brincadeiras de mau gosto, inapropriadas e reprováveis até, que faz em suas apresentações, de resto se me revela um homem sério nas conduções do quanto também é sério.
Oportuno ainda lembrar que o próprio Silvio Santos, inspirado na minúscula e inexpressiva “Revista Melodia”, de Plácido Manaia Nunes – este que por muito tempo, igualmente inexpressivo e lacônico costumava aparecer como “jurado” do Troféu Imprensa”, que se me parecia servil ao SBT. Sílvio sempre exortou e abriu a que outros canais se interessassem e alternassem na produção da referida premiação. Algo como “um de cada vez”. E aí que, mirando no bisaco da fortuna e da fama e dos seu próprio terreiro, a Globo resolveu topar a parada. Distanciou-se da democracia como fruto da vontade popular e fez uma estatueta só com os de casa, para os de casa e pelos de casa. Arranjou uma democracia de fachada e deu no que deu. Quer dizer: está dando no que está dando.
VAMOS À PUBLICAÇÃO DO IG, SOBRE O ASSUNTO:
“Como era de se esperar, o Troféu Domingão repetiu as tendências verificadas nos anos anteriores, em celebrar os destaques da própria Globo, distanciando-se do que representa, por exemplo, o troféu Imprensa, oferecido pelo rival, o SBT, muito mais democrático e consciencioso.
“O Troféu Domingão dos melhores do ano parece reverberar apenas o microcosmo da emissora sediada no Jardim Botânico, bairro da zona Sul do Rio de Janeiro. Não à toa, é apresentado pelo Faustão, famoso por monopolizar as atenções e rivalizar com seus convidados pelo microfone. Como já é tradicional em seu programa dominical, Faustão cerceia aqueles que estão no palco para serem homenageados falando mais do que prevê o cerimonial.
O constrangimento atinge, também, os bastidores. Já que muitos dos concorrentes têm consciência de que estão ali apenas para figurar, já que não reúnem nenhuma chance efetiva de vitória.
É imperioso que a Globo se dê conta que esse tipo de comportamento autocongratulatório não se ajusta ao estado das coisas no momento. Com a voz da internet cada vez mais estridente e a população, bem informada, fica difícil convencer o público de que não há vida – e talento – fora dos domínios da Globo.
A própria alcunha de “Oscar da TV brasileira”, que Faustão levanta e alguns dos convidados, desajeitadamente, ecoam, revela essa pretensão inerente ao prêmio, concebido em essência para celebrar a produção da própria emissora ano após ano. Há de se indagar até quando a Globo será resistente a reconhecer valores externos a ela?
A 21ª edição do Troféu Domingão foi mais do mesmo. Até mesmo em categorias que não contemplam estrelas globais, como a de cantora. Mesmo ali, artistas com bom trânsito na Globo – ou que integram o elenco de realities da casa, como Ivete Sangalo – são destaques. A cantora baiana, por exemplo, nem sequer lançou disco de inéditas em 2016. É um caso que sugere que a premiação carece de revisão. Isso, claro, se o objetivo é premiar o que de melhor foi produzido no ano. Não apenas o que convém ser premiado pela Globo no ano”.
Edição Nº 15790
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