... UMA GRANDE OBRA
Professor Wady Sauáia, de longe, um dos maiores luminares do direito que os meus olhos já viram, ele que tinha todos os códigos e leis e doutrinas na cabeça e que os recitava “de cor e salteado”, que leu incontáveis autores e que de inopino, mandava transcrever textos entre aspas com página e tudo, ele mesmo um culteranista da língua portuguesa como ninguém, ele mesmo que qual um Rei Midas, onde tocava virava ouro e, portanto, uma das maiores propriedades materiais que o Maranhão já conheceu em terras e gado;  ele que dava aulas em paletó e gravata sem recorrer a um único livro ou anotação, um dia dissera em lição aos seus discípulos, comigo pelo meio: “... o bom operário é aquele que faz de um péssimo material, uma grande obra”. Ouvi e fiquei com aquilo na cabeça. Tantas vezes preguei a terceiros a lição do mestre; delas que vivi o caso em concreto.
Quase meio século já se foi quando aspergiu em mim a velha lição, mas eis que agora, novamente, estou de volta à cátedra do mestre Sauáia. “Trabalho”  em arte de marcenaria, por vocação. Me envolvo, gosto, amo. Por vezes passo um fim de semana inteiro envolvido com tais afazeres. Tenho todas as ferramentas que, de convencional, o ofício requer: desde as manuais até as elétricas e eletrônicas e geradores de energia. Tudo, porém, coisa para “amador”. Quer dizer, nem tudo. Um dos meus encasquetamentos na mercenária  é... fazer escada/s.
Recente, peguei umas madeiras empenadas (tipo canoa), improvisei um gabarito, e fiz uma escada “quadrípede” em linhas retas. Ótimo! Agora, quero fazer uma escada, também “quadrípede”, servindo-me de madeiras empenadas (tipo canoa), na estrutura e deixá-las igualmente empenadas; esse é o projeto. E daí a obra de que falou o mestre Sauáia: “o bom operário é o que faz de um péssimo material uma grande obra”. Longe, porém, de querer me exaltar como “bom operário”, logo eu que não sei apertar um parafuso nem fazer uma linha reta com auxílio de  lápis e régua mas, por vezes, qual um Niemeyr faço riscos e peço aos meus “colaboradores“ que executem”. Tem dado certo. Quer dizer: nem sempre!
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ERA NOITE...
Era noite e eu, na engenharia da mente, construía um painel retângulo-vertical, em telha-cerâmica tipo “canal”, utilizando  finos cabos de aço, com cobertura com as ditas telhas, formando lá em cima um teto  em “T” com declive à direita para, à sua frente assentar um “banco-colonial” para estamparem-se na área que ora construo o MEMORIAL DOCA BARROS, em que trabalho a memória do meu velho avô, justo em cima do “monturo” de saibro, onde um dia foi a sua casa “tapada de barro” – um trabalho, aliás, feito dentro do mato, “onde o caminho faz a curva”, transformado parte do local num sito florestal no qual será erigida uma pedra de memória, com uma lápide em homenagem ao meu “velho guerreiro”, sua mulher minha avó, além de outros filhos seus – o que será um tema, para outro momento.
Pois bem, nessa “engenharia da mente” e, na pura ficção, quando dei por mim, estava em Teresina, no Piauí, às voltas da chácara daquele meu exemplo maior de  irmão e pessoa humana inigualável que é o Zé Branco. Naquela noite, deixei a chácara e... fui comprar uns preservativos – sabe como é que é, né? – e quando voltei, uma chuva fina no ar tomava conta do lugar. Tudo perto, voltei rápido, dobrei a esquina, mas não acertei o portão da chácara. Fui ao outro quarteirão, dobrei a esquina e nada do portão. Exasperado, vi que esta “perdido”. Aloprei!
Na note e em lugar estranho, não havia ninguém por ali. Saí andando a esmo numa estradinha, mas logo vi que pouco adiante caminhavam três pessoas que me pareciam pai e filhos. Tentei alcançá-los e por mais que apressasse o passo, foi em vão. Estava realmente “perdido”. Caminhei um tanto mais e encontrei uma casa em que as pessoas estavam em movimento. Apresentei-me pedindo auxílio, dei uma “carteirada” e declarei-me advogado, para tentar viabilizar alguma credibilidade. A mulher logo ensaiou uma “consulta”. Aí eu pensei: vou me dar bem. Mas logo ela desistiu. Então fui embora, imaginando que pegaria um ônibus que um cidadão sentado à calçada me disse que passaria dali a uma distância de uns cinco quilômetros e que a passagem custaria cinco reais e dez centavos.
Acreditando ter algum dinheiro, meti a mão no bolso e... além dos preservativos tinha apenas um real e dez centavos, sentindo-me cada vez mais perdido. Logo lembrei-me das minhas eventuais caminhadas pela beira-rio, imaginei que, “na boa”, faria um “cooper”, venceria os cinco quilômetros e chegaria à parada de ônibus. Sim, mas e cadê o dinheiro? E o pior, não tinha a menor noção, naquele meio do mundo, de como chegar à casa do meu irmão. Tampouco sequer me lembrava do nome da rua e do local onde ele mora. Aí eu endoidei de vez! Foi aí que eu acordei. Ufa! Eu estava dormindo, e “sonhando com um pesadelo”, como  sugere a canção de Erasmo Carlos.
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BEM-ME-QUER, MAL –ME-QUER...
Olho a Globo, não olho – Olho, não olho – Olho, não olho. Tenho com a TV Globo, uma relação de “bem me quer mal me quer”. Por quê? Porque acho que a Globo é “empacotada”, “engomada”, metida a certinha, e aí... conduz a manada! Aquela Sandra Anemberg, então?! Aquela Fátima Bernardes dançando?! “Me compare com uma porca que eu lhe dou um bacorinho”. Fantástico mesmo é o Tadeu Schmidt!
Esse “Troféu Domingão”, então?! Esse eu nunca engoli. Aquilo, vindo da TV engomada, é um jogo de “cartas marcadas”: em casa, com os de casa e pelos de casa. E daí dizer que é o “Oscar da TV brasileira”? É a “goela abaixo”, como sempre fez e a faz a Globo. Queria, para hoje, transcrever um texto que obtive do jornal do IG, o meu provedor de internet mas... a “escada” e o “pesadelo”, acabaram mudando a direção. E então, fica para depois. A vida continua. Feliz Natal!!!