UM CARA CHAMADO CAPIJUBA
Nas minhas andanças pela redação do jornal O PROGRESSO, certa feita dirigi-me a um cidadão ali existente e perguntei: E você, como se chama? Ele foi imediato e decidido na resposta: “A turma me chama CAPIJUBA”. Mas Capijuba?! De onde vem esse teu capijuba?! Perguntei exclamando e ele, novamente: “Capijuba é um pequeno macaco e a turma acha que eu me pareço com um capijuba”. Explicava ele com uma humildade que derramava pelo chão. De fato, o crânio do rapaz tem a configuração da do pequeno macaco capijuba. “Escarrado e cuspido”!
Pude ver então, dali por diante, o quanto CAPIJUBA é um ser humano pacato, simples, modesto, acessível, calado e, ainda assim, simpático, até. Percebendo, no entanto, que o “Capijuba” não se aborrece com o apelido, contudo jamais ousei tratá-lo pelo codinome tão comum, tão singular no seu meio. E então, quando o encontro, faço-lhe uma saudação com sabor de exclamação: CAPIJAS!!!! E ele responde: “CAPIJAS!!!”
Faz algum tempo, quando MESTRE CABRAL estava às voltas com as homenagens que se lhe foram prestadas pelo Município com a comenda JURIVÊ DE MACÊDO, acabei tendo seguidos contatos com o nosso personagem, até porque, em vão, tentávamos, por celular, ora falar com o CABRAL, ora com um antiga figura chamado RIBEIRO, que trabalhou nas oficinas de O PROGRESSO, ainda nos tempos do VELHO VIEIRA, uma “saudade recolhida”, do MESTRE CABRAL. Um cara que eu aprendi a amar.
As tentativas de ligação ao celular pelo “CAPIJAS”, ele já com duas cervejas no juízo, eram sempre em vão. Nada dava certo. E a gente ali entre sôfrego e tenso tentando as ligações. Só então descobri que o nosso herói não tinha uma banda de crédito. Aí eu, pê da vida, mandei pra cima: “Tu é um capijuba, mesmo!”. Depois a gente sorria e fomos tomar mais uma cervejinha para suavizar o estresse.
Mais recentemente, cheguei a conjecturar em suspender ou... encerrar a publicação desta coluna e, por conta disso, fiquei por duas edições (dois domingos) sem mandar o texto, como o faço regularmente, enviando por e-mail e, até então, sempre acompanhado de uma “carta” dirigida ao Editor. De ofício, no entanto, voltei à carga, passando a enviar os meus textos, mas agora lacônico e sem “carta” à edição.
Nesse contexto, recebi de inopino uma ligação da redação de O PROGRESSO. Era o CAPIJAS, quiçá orientado pela editoria para me avisar que o jornal de domingo sairia antecipado para sábado, em razão de um feriado. “Obrigado, CAPIJAS”, pelo gesto e pela boa vontade em face da informação, agradeci. Passados mais alguns dias, era uma sexta-feira e eu estava mais que envolvido com umas adaptações que ora faço no meu temático quintal, para dar guarida e comodidade a uma estante de velhos, abandonados e empoeirados discos de vinil, a que dei o nome de DISCOTECA “PANORAMA ESTUDANTIL”, em homenagem a um programa semanal de que participamos na Rádio Educadora do Maranhão, nos idos do meu tempo colegial – programa que me despertou mais ainda a minha paixão pelo rádio e pela radiofonia.
Estou nessa batalha acesa quando me aparece aquele rapaz, dono de uma cabecinha toda sua, um buchinho especial, aquele crânio imutável e único. Imagine! Era o CAPIJAS!!! O nosso querido CAPIJUBA! O rapaz, acho que de pura iniciativa - talvez sim, talvez não - estava ali, à minha porta, para me avisar que o jornal de domingo antecipou e eu deveria enviar a coluna, também antecipada. E mais: já estava, praticamente, tudo de última hora. Porra Capijuba, uma hora dessa?! Eu não tenho a menor condição de fazer a coluna assim... às pressas. E o Capijuba fala mansa, sem perder a paciência e a sobriedade todas suas, me sitiou: “Éh! Mas tem que mandar... tem que mandar”... Não que estivesse a me impor, a determinar, mas a me estimular.
Pê da vida, deixei os meus afazeres com a “arquitetura e decoração” do meu quintal e da “discoteca” dos meus empoeirados e desprezados discos de vinil e lá vou eu cuidar da determinação do Capijuba: “Tem que mandar... tem que mandar”. Fiz lá um jogo de cintura, emendei alhos com bugalhos e, finalmente, mandei o texto.
Nesta semana, vi na minha caixa postal da INTERNET uma mensagem que, em princípio, pensei que seria do Jornal O PROGRESSO. Aí, em suspense e cheio de expectativa, pensei: “Vai ver que é o editor, Seu Coló, que, pela primeira vez nesta vida, me manda um e-mail”. Nada não, imagine! Era o CAPIJUBA, com a seguinte mensagem: “AMIGO VIEGAS, PEDIMOS QUE NOS ENVIE O SEU ARTIGO NA QUARTA-FEIRA, POIS O JORNAL DE DOMINGO SAIRÁ NO SÁBADO. CONTAMOS COM SUA COMPREENSÃO. UM ABRAÇO DO CAPIJUBA. OBS: AGORA, O JORNAL NÃO SAIRÁ MAIS AOS DOMINGOS. E SIM NO SÁBADO!
Eita Capijuba, você é VOCÊ! Obrigado, meu querido CAPIJAS. Obrigado por você existir; obrigado pela tua simplicidade, pela tua tolerância, pela tua mansidão. Obrigado pelo ser humano que você é. A palavra de Deus nos exorta, meu querido CAPIJAS : “Bem aventurado os mansos porque eles herdarão a terra” Mateus 5,5.
Edição Nº 15750
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