QUANTO LIMÃO PELO CHÃO!!!
Vem dos meus tempos do grupo escolar primário, a inesquecível lembrança que tenho das moças em azul e branco, à hora do recreio, em suas “CANTIGAS DE RODA”. Eu era um garoto, vindo interior – sete, oito, nove anos de idade - quase um “bicho do mato”, e me comprazia ao ver aquela juventude executando os seus cânticos, todas em mãos dadas, formando uma “roda”. Quiçá daí a designação: “cantiga de roda”.
Lembro de várias delas: “Sapequei o pau no gato”, “Se essa Rua Fosse Minha”, “Ciranda, Cirandinha”, “Escravos de Jó” e tantas outras – todas que me despertavam semelhante atenção. Uma delas, entanto, ficou para... como que... eternizar essas lembranças: “Terezinha de Jesus deu um tombo, foi ao chão/Acudiram três cavalheiros /Todos três chapéu na mão/O primeiro foi sei pai, o segundo seu irmão/O terceiro foi aquele /Que a Tereza deu a mão. Quanta laranja madura / Quanto limão pelo chão / Quanto sangue derramado / Dentro do meu coração.
A vida, no entanto, nos traça certo vieses e quando nos damos conta, estamos lá dentro de uma dessas encruzilhadas que involuntariamente cruzam os nossos caminhos, como que mostrando-nos a enseada. Assim dito, essa de “... quanta laranja madura / quanto limão pelo chão”, tem sido um ponto de referência e de observação nestes... CAMINHOS POR ONDE ANDEI.
Justo agora, passadas as eleições, posso ver em riqueza de detalhes, quando estrago, quanto desperdício, quanta inutilidade, os votos dados aos candidatos derrotados que enfim nada serviram, nada servem e nada servirão. É a isso que exclamo: “...Quanto limão pelo chão!”. Nesse passo, a vida me mostra que, onde tem “tanto limão pelo chão”, tem o outro lado dessa cantiga que é “Quanta laranja madura” que são os votos brancos e nulos = 6.289 bem como os faltosos que não compareceram às urnas = 12.562. Nesse estrago lá se foram, em tese, 18.851 votos ao lixo. E tudo desse “maldito cenário” me faz rever aqueles meus tempos de “bicho do mato”, quando as moças em mãos dadas, cantavam suas “cantigas de roda”
Para começar, vamos aos tantos “limão pelo chão”, na votação majoritária, aqui mesmo de casa. Para Prefeito: Ildon Marques “o decano do pedaço”, que começou na corrida como o “franco favorito”. As pessoas diziam que ele já mandou na boca por uns onze anos. E associavam a “boca” aos seus empreendimentos. Vi até um áudio bem humorado desses que circulam na internet, referindo-se ao “candidato chambari”. Me amarrei na criatividade e fiquei esperando a banda passar. Foram 36.224 votos que, enfim, não serviram para nada. Quanto limão pelo chão!...
Em seguida vem “Doutora Rosângela”. Começou a corrida em segundo lugar. Tinha uma coligação de arromba! Nada menos que dezenove partidos com um renque de 160 candidatos a vereador. Até que eu estava bandeado pela Rosângela. Aquele sorrisão que me deixa “entre a dúvida e a incerteza”, com o Governador remando do lado dela, um cara que eu admiro e não é de agora! Mas de última hora, mudei o voto. Não por nada, mas por uma questão de “mero protesto”. E acabei votando no 21, que teve 521 votos. Esse último um foi o meu, votei ao fim do expediente.
Ainda nesse mesmo balaio, a rádio pião já dizia que Rosângela estava rodeada de uma “turba” à sua volta. Diziam que a dinheirama do Município não daria para pagar o mensalinho da sua patota - da jovem guarda e da velha guarda. Afinal foram 19 partidos “coloiados”, como disse o Seu Zé da Feira. Os 28.967 votos de Rosângela, de todos que não valeram absolutamente nada... e haja limão pelo chão... Nesse impasse eu me lembrei de um ditério de zombaria, sarcástico, que havia na minha terra: “muita gente é que faz festa”. Taí, dezenove partidos! Uma coligação de arromba! Até o Elson Araújo com uma musiquinha “afolosada”, estava pelo meio! Fizeram a festa (a zoeira) mas não fizeram a eleição. E daí... quanto limão pelo chão!
Nesse “maldito” terreiro de...“tanto limão pelo chão”, eu vi um tal de RIBINHA CUNHA. OK! “Acunha Ribinha”! Ribinha, assim como Rosângela prometia mundos e fundos e fazer disto aqui um “oásis” da felicidade do povo. Garotão predestinado ao berço farto, foi de longe o puxador dos melhores apelos musicais de toda a campanha. Aquele sanfoneiro e cantador! É um cara a quem ainda quero cumprimentá-lo pelo talento que derrama. Ali é fera! A fora os votos derramados, o sanfoneiro foi a maior conquista do herdeiro de um café cuja história não me convenceu.
Eu-Viegas, tenho a honra de morar há 43 anos em Imperatriz. Quiçá quando aqui cheguei “Ribinha”, ainda era um criança. Seu pai, Ribamar Cunha, era um então pequeno artífice relojoeiro (em minguados consertos de relógios), de uma pequena banca, sediada na Rua Godofredo Viana, nas imediações de onde hoje fica uma loja de vidros. Em todos esse anos, já vi Ribinha Cunha algo como, no máximo, quatro (04) vezes, uma das quais no velório do seu pai, na Igreja de Santo Antônio, ao fim da Rua Ceará. Com ares de quem vive nos ares e não pisa ao chão, “Ribinha”, com uma bolada de dinheiro, teve 26.587 votos, que enfim, não serviram de nada! Pra nada! Quanto limão pelo chão!!!
Edmilson Sanches: Depois que votei no SANDRO RICARDO, abateu-me uma dor de cotovelo, quer dizer, de consciência. Protesto por protesto, poderia ter votado no EDMILSON SANCHES. Mas... já era tarde. O Sanches é um cara aberto, escancarado, inteligente, sabe tudo e dá a impressão de que onde está, ninguém sabe nada porque só ele sabe tudo. Ninguém fala contra ladrões, corruptos e outros nefastos com a independência e o verbo fácil e loquaz de um EDMILSON SANCHES. Tivesse ele botado os 1.735 votos que levou, para VEREADOR e não fosse “acoloiado” entre os 19 partidos de Rosângela, certamente voltaria à Câmara. Mas aí, Edmilson candidato a prefeito com o uma votação para vereador, o que se viu foi... um punhado de limão derramado pelo chão. Demais partícipes que me aguardem na próxima edição.
Edição Nº 15740
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