AVES DE ARRIBAÇÃO
Lição da vida me ensina que, “políticos são como aves de arribação, nos tempos bons ele vêm, nos tempos ruins eles vão”. Aí alguém dirá: “é o ditado mais certo que existe”. Fico vendo então, qual neste tempos a sanha dos políticos., em véspera de eleições. Saem pelas ruas da vida, abraçando, cumprimentando as pessoas, beijando as crianças. Entrando nos casebres das pessoas e fazendo outras mesuras e firulas. “Amabilidade” à flor da pele. E até para os vira-lata da família que ousam chegar por perto naquele momento de alvoroço, do povão, coitado, cercando o candidato, até o vira-lata é cumprimentado com um “bater de dedos”. E o cachorro sacode o rabinho. Políticos são assim, como aves de arribação. De olho no cofre da prefeitura, então!!!
E saem por aí distribuindo santinhos, fazendo mil e uma promessas. E o povo como sempre... acredita. Aí, tempos mais tarde se diz enrolado, enganado e... visivelmente revoltado. E o político de outrora que antes passava pegando na mão das pessoas, cumprimentando velhinhos, abraçando crianças e até batendo os dedos para o cachorrinho e fazendo carícia na cabeça do papagaio, é só passar o período eleitoral, eleito ou não, simplesmente... desaparece. Quem sabe até a próxima eleição. Políticos são assim: nos tempos bons ele vêm, nos tempos, passadas as eleições, eles vão...
Enquanto meros candidatos, eles e elas saem pela bairros e ruas empoeiradas sozinhos, sem guarda-costas, na cara limpa, com seus cupinchas carregando bandeiras, outros distribuindo papeis, adesivos e vão levando no rolo, porque “é com banana e com bolo que se engana os tolos”. E lá vai o cara, distribuindo simpatia e popularidade por aonde vai. Uma vez eleito é dois, três e até quatro segurança. Já não se vê mais pelas ruas. E já não distribuem nem simpatia nem popularidade. Agora retrancam-se nos seus carros, nas suas casa inacessíveis e portas fechadas ou noutros esconderijos como são contumazes. E já não são mais aqueles que em tempos de eleição saiam pelas ruas, abraçando e beijando velhinhos e cordiais com criança e até com os cachorrinhos.
Os políticos, no frigir dos ovos, é uma coisa pela outra, tudo farinha do mesmo saco e banana do cacho. Desacreditados, desmoralizados, mal falados e todo o mundo interessado na “burra” que é o erário público, mas todo o mundo vestido da “honestidade” e do véu. E, como diz o Seixas: “... Quem provar que estou mentindo, eu tiro o meu chapéu”. Aí, pelo meio do caminho, veio uma tal de lei da ficha limpa que é pra botar ordem no galinheiro, quer dizer, no terreiro. Pronto! Reinventou-se a roda! Mas aí veio um ministro lá de cima e declarou: “parece uma lei feita por bêbados”. Pronto! Esculhambaram a roda. E até eu que não tenho nada a ver com isso fiquei a me perguntar....
Os políticos não se entregam. Se não ganharem nesta eleição, estarão na outra, na mais outra e em outras tantas. Eles sabem que no depósito tem leite e tem queijo. Quais os garimpeiros que sonhavam com a riqueza fácil do ouro de Serra Pelada e jogaram seus recursos pelos ares, assim também são os políticos: emprenham e entregam a sua alma para ao diabo e, se tirarem a sorte grande nas eleições trarão tudo de volta, ao décuplo e outras tantas e mais vezes ao décuplo. A história e os registros estão aí.
Tem gente nesta cidade que está prontíssimo para ser um candidato: um vereador, um prefeito, um homem público, mas a “cultura” da corrupção é latente e inevitável: o candidato corrompendo o eleitor, o eleitor corrompendo o candidato. Os pedidos, favores, os “compromissos” com os “correligionários” e outros partidários e os grilhões que serão colocados pós-eleições deixa qualquer pessoa de boa fé, ressabiada pelo futuro que advirá. E a conclusão é uma só: “a política de interesses é uma coisa nojenta”.
Outra coisa: candidatar-se a prefeito, a vice-prefeito, a vereador, isso não é nada, é bocada pra qualquer um: nem é preciso ter olho na cara, nem “na testa o que priquito roa”. A grande maioria entretanto, uma vez eleita/o não sabe sequer o que fazer do ponto de vista da administração. Daí que ficam pelas mãos dos outros. Varrer uma rua, limpar ou capinar uma ou outra praça, caiar calçadas, isso não é nada! Aí se toca pra viajar pra capital e pra Brasília e diz que está “arrumando projetos” e “realizando parcerias”. Enquanto isso, o leite vai escorrendo e o queijo vão comendo...
- E o vereador? O grande mote do vereador é “fazer leis”, é “fiscalizar” os atos do executivo. No frigir dos ovos nem fazem leis, nem fiscalizam o executivo mas... estão por lá, com direito a gravata e bravatas e fazer parte da “base aliada”. Uma coisa porém me chama a minha atenção: uma vez vereador, a depender dele/s, para sempre vereador, sinal de que o leite e o queijo têm algo mais interessante do que possa imaginar a nossa vã imaginação. E não é à toa que a gente vê exemplos tantos.
Nesse páreo de agora, estou vendo “conluios” por sobre conluios. Até onde imagino, os minoritários dos grandes conluios tem que se virar para atingir um tal de “coeficiente eleitoral”, é aí que os nanicos levam vantagem. E essa é a antítese da tese. O nanico por exemplo com quatrocentos votos pode dar de lambuja e se eleger em cima de quem de quem tem 1.500 votos e não se eleger. E aí o que afinal se verá é votos em quantidade que não servirão para nada. E aí será... “tanta laranja madura / tanto limão pelo chão”...
Mudando de carruagem, porém na mesma “carrumbamba”, tava eu dia desses na FECOIMP, um lugar apinhado de gente toda “empacotada”,, nos trinques. Aí os candidatos desses que se levantam às nove, dez do dia, fazendo corpo a corpo com o povão, coisa que nunca fizeram – isso não. Lembrei-me então que, faz anos, um ceguinho pedia esmola na descida da beira-rio, ao lado do antigo Cartório do 2º Ofício, ali existente. Ele tinha um canto fanho e tocava um improvisado reco-reco, fanho também. Tocava o reco-reco depois cantava. Depois tocava, depois cantava.
Aí passou um sujeito, parou, olhou, não se conteve e exclamou: “o que a pessoa não faz pra ganhar o dinheiro dos outros!”. E ali na FECOIMP, os bonitões, distribuindo cumprimentos, abraçando as pessoas e eu me perguntando: “o que o candidato na faz, pra querer ganhar o voto do incauto?”. Emociona-se, até! Abraça, promete, jura, “confessa”, abraça velhinho, beija o menino, bate o dedo para o cachorrinho e... entrega alma para o diabo. É quando se vê “segundo as pesquisas”, qual nas últimas eleições (Governo e Presidente), que Prefeituras, ainda que só no discurso e no gogó tem uma dinheirama que não acaba mais. Tudo para as obra sociais. Só para obras sociais, até porque os arroubos da ocasião é “não roubar e não deixar roubar”. E o povão acredita. Passadas as eleições, como sempre, batem em revoadas, as aves de arribação.
Edição Nº 15717
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