“VENDE-SE ESTE TERRENO”
Corria o início de 1973. Foi quando cheguei por aqui, faz 43 anos. E lá se vão três quintos (3/5) da minha vida. Afinal, são 70 anos cravados! Isto aqui tinha aura de garimpo; gente chegando de todos os cantos do Brasil e do mundo, um poeirão. A Nova Imperatriz tinha começado. As “Quatro Bocas” (na Nova Imperatriz) eram tema do sermão do padre-capuchinho na Igreja. Juçara Clube e Clube Tocantins estavam na onda. A Revolução de 64 dava as cartas. O “Cacau” era o eixo da roda que movimentava as noites nos finais de semana. E haja garimpo!!!
Era setembro de 1974. A moeda era o “Cruzeiro”. E para proteger os meus primeiros cruzeiros, sabedor da instalação de uma nova agência bancária, fui lá. Um dia depois da inauguração. Era o BANCO REAL, que ficava ali, na Avenida Dorgival Pinheiro, em frente à Praça de Fátima.
Havia por aqui, naquela época, uma loja da COVAP, líder no segmento em material de construção, que ficava na Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Rua Maranhão. E todo aquele local, por trás, inclusive à altura da Avenida Dorgival Pinheiro, cortando rumo à Nova Imperatriz era conhecido como LAGOA DA COVAP, tal o alagadiço, o pântano que era aquilo.
Certa feita, ao passar por ali, vi uma singular plaqueta pregada em uma ponta de caibro enfiado ao chão, coma inscrição: “vende-se este terreno”. E então eu disse para os meus botões: “Eu jamais teria coragem de comprar um terreno neste local”. Pouco depois, no entanto, qual o vento-norte mudando de direção, quando me dei por conta, vi que no local erguia-se uma arrojada e suntuosa construção com os seus “arcos góticos”, fazendo-me rejuvenescer em meus tempos colegiais no curso de Desenho Técnico. Era o BANCO REAL que pouco depois, em nova agência, abria suas portas ao grande público. E eu lá, cliente, a partir do dia seguinte, pós-inauguração.
A vida continua na giratória e eu vendo que lá se foi o Banco COMIND, o BAMERINDUS, O BANORTE, o FINASA, o Banco BEM, o Banco BEG, o Banco Econômico. E bem aí me dava um frio na espinha e eu me perguntava: “E O MEU BANCO REAL?” O Banco Real é uma velha relação! Afinal são quase 42 anos que ando por lá (quer dizer, por aqui). Não tenho dinheiro, mas tenho vergonha. O nome “real” sempre me remeteu ao “Império”, ao “Colonial”, à “Majestade” à “nobreza”, à “tradição” à instituição longeva, segura e séria.
Hoje estou no SANTANDER que é, como entendo, uma “continuação do BANCO REAL”. E, nesse contexto são quase 42 quase anos! Uma vida, quer dizer: três quintos da minha vida! E vejo como a vida é um processo de mudança. De lá para cá, por aqui, muita coisa mudou. É a força do progresso que aqui se faz com o trabalho desta gente de boa vontade e das instituições que aqui chegam para operar nesta terra de todas as oportunidades.
E ... ainda me lembro daquela plaqueta que dizia: “vende-se este terreno”. O local, enfim, sem mais comentários, acaba de ser transformado na mais moderna agência bancária, deste pedaço do planeta! É o BANCO SANTADER!
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- Discurso que fiz quando da reinauguração do prédio da citada agência.
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