UM AVIÃO
Nunca imaginei que dentro daquele Centro de Convenções pudesse transitar livremente, suavemente, languidamente... um avião. Pois é, foi o que aconteceu! Era 5ª. feira à noite, por volta das 20 horas. O movimento de transeuntes era intenso, gente por todos os escaninhos e todos os corredores. E quando me dou conta eis que lá vem... lânguido, abrindo frente,  deslizando suavemente por entre os presentes. Pés no chão, quer dizer no salto alto, quase pedindo passagem.
Uma morena, gataça de fechar o quarteirão, estonteante toda; deslumbrante e deslumbrada. Pressão para dez toneladas. Um tipo voraz e carnívora por si só, ainda que em potencial. Afinal, nenhuma aeronave anda com o “livro de garantia” à mostra. Enfim, um avião! Um caça! Último modelo! Naquela situação eu confesso: já fiquei desconcertado. Afinal uma espécie  única e fora de série, ainda que num planeta de tantas aeronaves, tanto nos ares quanto no chão, cada qual com maior capacidade de peso, autonomia de voo e mil e um “recursos tecnológicos”, além, é claro, de suporte de passageiros.
Enquanto isso, o seu suposto piloto, com dois capacetes ao braço, suposto namorado, ao lado daquele avião, fazia o papel de o “bobo da corte”, tal a desproporção que o reduzia ao inexpressivo diante daquele torpedo, senão de guerra, mas pronto para a guerra em que se desenhava  sua carcaça com todas as letras num revestimento colante, insinuante e desconcertante. Um vulcão! Enfim um exemplar em que as similares da categoria estão sem comparação, a mil milhas muito a quem. E ninguém que sequer ouse comparar que aquilo “é dose pra elefante”.

“MADE IN CHINA”
Por circunstâncias da vida, venho me tornando um observador desse maldito negócio/comércio dos produtos “made in China”; desses que situam-se ali no corredor da Rua Sousa Lima com a Getúlio Vargas. Se o consumidor comprar por unidade terá preço-X mas se comprar a partir de meia dúzia, sai a unidade por preço metade-de-X. Enquanto isso, o camelô à frente da loja, e outros tantos sem limites e sem barreiras espalhados pela Getúlio Vargas, vendem  o mesmo produto (por unidade) a preço inferior ao do comércio convencional.
Chama a atenção também para a divergência dos preços praticados. Não há uma “sintonia”, um equilíbrio de preços, sendo certo que entre uma loja e outra, o mesmo produto ao preço “por atacado” (a partir de meia dúzia), pode cair simplesmente pela metade. Então não dá para entender essa ciranda que se desdobra em meio aos mercadores dos produtos “made in China”.  E, como neste ponto, não me ocorre um órgão regulador, imagino que o Ministério Público deveria “tomar pé” dessa situação, de vez que ali o consumidor, pelo visto, expõe-se de  ponta à cabeça, num salve-se quem puder, qual numa terra sem lei.

MÃE & FILHO
Era umas dez do dia. Justo ali naquele corredor “made in China” da Sousa Lima. Em meio a tenta gente, uma mulherzinha esmirrada, magricela, toda em manchas visíveis pelo corpo, razoavelmente vestida, cabelos recortados mas um tipo declaradamente carente e excluída. Ela carregava aos braços uma criança, do tipo 500 gramas. Ela andando para cima e para baixo, como que para lugar nenhum. Era ali, publicamente, mãe e filho carregando a sua cruz; a mesma cruz. Ainda no mesmo dia encontrei essa mulher sucessivas vezes pela ruas, em lugares diferentes. Se aquilo para mim era uma “mensagem”. A mensagem ficou e... ainda permanece.

“GENTE QUE FAZ”
O último texto que produzi em GENTE QUE FAZ (para esta coluna) foi com o JAPÃO, aquele que, durante uma banda de sua vida, trabalhou como garçom na churrascaria local. Lembra do Japão? Falou-me da sua vida, da sua luta, da sua família, de suas conquistas e percalços e do batalho que ora enfrenta para ganhar, como sempre, o pão honesto de cada dia. Ocorre que JAPÃO, apesar da insistência, nunca forneceu sua fotografia para compor o tema “GENTE QUE FAZ”, razão pelo qual deixamos de publicá-la, frustrando ademais, outras edições do referido título.
Tenho, porém, em mente que a próxima edição de GENTE QUE FAZ  vai mostrar uma dupla de guerreiros-trabalhadores, marido e mulher que enfiados diários no serviço ingrato e insalubre vai, em GENTE QUE FAZ, intitular: “ESTE CASAL VAI PELA CONTRAMÃO”. E vai mostrar como, numa vírgula, aquela dupla muda a retórica da crônica da vida que “escrevem” em puro trabalho e mão de obra. Me aguarde.  Quem viver verá!

O PLURAL
Recebo do meu amigo Armando Milhomem, diariamente, e gratuitamente, em nosso escritório, a edição de sua publicação O PLURAL.  Lendo o seu “tabloide” ou simplesmente vendo aquele “caderno” de informações, ainda que fechado e só a  foto-ilustração de capa, muitas perguntas me tomam em sobressalto. Preciso conversar com o Armando pois gostaria saber de onde vem essa verve, essa ideia, o conteúdo, a criação e tudo aquilo ali. E descubro no Armando Milhomem  não o diretor-superintendente e mentor de sua publicação mas... o articulista, o colunista, o jornalista que nele desabrocha, respira e transpira. Loas  à parte, o que eu gostaria de ver, meu caro Armando, no seu tabloide, era um “editorial” de peso, conciso e diário, vergastando e traçando as linhas dos hemisférios, dos pontos geodésicos, dos polos geográficos, latitude e longitude desse teu Equador. Saudações...