“PETROBRÁS”

Doído, trágico, difícil é, para mim, perder um texto ou ainda que parte dele. Aí é um pesadelo, jamais consigo refazê-lo. É um sofrimento! Ainda semana passada, comecei a escrever um tema denominado “PETROBRÁS” (com acento) e já estava a setenta por cento (que é como digo), daquela redação. Lembrava uma empresa que chegou à minha terra, na minha infância e estabeleceu-se num “acampamento” e que logo tudo ali tornou-se famoso e inacessível aos bípedes e terráqueos comuns. “Os homens” eram como lunáticos ou marcianos vindos de outro planeta, tal a distância e a importância de que se vestiam e revestiam-se.
Segue o texto lembrando a PETROBRÁS que andava por aqueles cafundós, marcando e demarcando lugares com uns pontaletes com umas anotações “alfa-numéricas” que a gente não entendia. A orientação era que sobre tais pontaletes, ninguém sequer podia tocar ou se aproximar. E ficávamos imaginando, todos, que mais tarde eles viriam ali naqueles meus cafundós do meio do mundo - uma terra  então de todas as pobrezas e onde o vento faz a curva - para fazer prospecção (extração) de petróleo. Esperou-se... esperou-se... qual uma mariposa sofrida e enganada e “os homens da PETROBRÁS” nunca mais ali voltaram. Nunca mais!
Pois bem, num texto bem humorado, revivendo a época da minha criancice, seguia narrando aquela maratona de fatos bem humorados e até mesmo uns “defloramentos” ali deixados pelos “homens da PETROBRÁS” e o restante “trinta por cento” faltoso do texto, iria derramar no esgoto que é a PETROBRAS dos nossos dias (sem acento) com uma  matança, lambança e roubança que, segundo o noticiário nacional, já chega a estratosféricas cifras bilionárias.
E, esticando um pouco mais esse esgoto de lambança e roubança, o texto - que faltava trinta por cento - diria que, uma vez vendida a PETROBRAS por um e noventa e nove, a exemplo de outras “res publicas” que se venderam por aí, a nação ainda sairia no lucro. Moral da estória: perdi o texto e fiquei perdido. E então mudei o caminho. Também mudei a ideia, como mudaram todos aqueles “presságios” sobre a PETROBRAS. Logo ela, uma sexagenária “empresa do tamanho do Brasil”, mas agora tão desmoralizada e humilhada como as moças defloradas no acampamento dos marcianos e lunáticos “homens da PETROBRÁS”.
Perdido o texto, o caminho e o enredo, publico aqui um tema que mandei para a minha crônica PÁGINA DE SAUDADE na Rádio Mirante/AM, São Luís, domingos, oito da manhã: “A PRIMEIRA VEZ”.
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“A PRIMEIRA VEZ”
Hoje eu não escrevo digamos uma “crônica” mas... um texto diferente de tudo o que você já viu e já ouviu, meu caro ouvinte, nesta PÁGINA DE SAUDADE.
Então, meus caros ouvintes, gente de todas as matizes e de todos os intelectos -  e sem nenhum intuito dar um sentido reles ou vulgar a esta participação eu lhe convido para que juntos façamos uma reflexão: uma viagem ao planeta da nossa juventude – como se entrássemos livremente na NAVE DO TEMPO, no túnel do tempo – 40...  50... 60 anos atrás e vamos nos encontrar... imagine...  vivendo a nossa PRIMEIRA VEZ!!! A primeira vez!!!
A PRIMEIRA VEZ é sempre um ponto inevitável e intransferível e até mesmo inconfessável na vida de todos nós. De todos nós! Uma inexpugnável e inesquecível MARCA na nossa história. E mais do que uma marca: um “marco”, na nossa vida, nos rastros da nossa vida. E então  “atire a primeira pedra” aquele (ou aquela) que não teve a sua PRIMEIRA VEZ! E que aliás... a partir daí... “tantas outras vezes”, porque como no dizer  dos antigos: “cesteiro que faz um cesto... faz um cento”.
A PRIMEIRA VEZ na vida de qualquer ser humano tem sempre uma aura, uma história, uma particularidade. Imagina-se que uma parte desse universo acontece na contramão do involuntário, da insegurança do desequilíbrio, ao mesmo tempo que imagina-se que a grande totalidade são situações felizes... espontâneas... almejadas. E até mesmo programadas.
Aliás que – A PRIMEIRA VEZ é ponto de partida para que se multiplique a humanidade sobre a terra;  a interatividade dos cristãos sobre a face do chão e daí o grande universo do social que somos todos nós. E daí a constituição da família; a criação dos filhos, a realização dos ideais, mas também o universo de múltiplas situações e dos caminhos na faixa da contramão. É como se tem visto no quotidiano da vida.
E agora? Enquanto o mundo dá voltas e a vida continua... fecham-se as portas da nave do tempo... E aqui do chão, nós os protagonistas dessa epopeia, na cena e contracena dessa odisseia, concluímos no  imaginário  uma viagem  que um dia fizemos no túnel do tempo: um banquete de romantismo,  emoções,  sedução, mas também um tempo de inexperiência e interrogações - e que, agora à sombra da nostalgia, deixamos lá – 40... 50... 60 anos atrás,  na lembrança daquele dia  - aquela experiência única do amor que se fez – que  foi a nossa PRIMEIRA VEZ.
E que nessa “viagem” tal como num esquecido diário, quase perdido no imaginário... lê-se agora esta PÁGINA DE SAUDADE.