LEMBRANÇAS DAS MINHAS PASSAGENS PELA RÁDIO IMPERATRIZ (um tema em 3 edições)

Cheguei a Imperatriz em maio de 1973. O Jornal O PROGRESSO já circulava. E eu, pelas mãos  de SEU VIEIRA, logo comecei com a coluna VISÃO GERAL.  O jornalismo  é uma velha paixão, é sangue a que desperto e exerço desde os vinte anos – faz cinquenta. E cheguei trazendo na bagagem breves passagens  de um  “foca” pelas Rádios Timbira,  Gurupi e Educadora; pelo Jornal Pequeno (o dono do campo, da bola e de todas as torcidas) e Jornal do Maranhão, este um periódico da Igreja  Católica. Era com essa armadura e iniciante da advocacia que eu me apresentava por onde ia – de olho na comunicação. As portas então se abriam.
Quando a Rádio Imperatriz aportou aqui no ano de 1978, logo mandei uma carta à direção da emissora, objetivando “um lugar ao sol”, todavia nunca tive resposta. E só mais tarde vim a saber que não receberam a minha carta, cuja cópia em máquina elétrica IBM, tenho-a guardada até hoje. Acho que a esse ponto me fiz de rogado, não dei o braço a torcer, também não apareci por lá.
Mais tarde, quando as águas já passaram por debaixo da ponte, passei a me aproximar da emissora e assim, entre outros, fui ter com CARLOTO JÚNIOR.  CARLOTO era então um jovem e recente narrador esportivo que foi guindado a fazer um programa “disck-jockei”, no horário das oito às dez (da manhã). CARLOTO me recebe para fazer um quadro em seu programa a que dei o título de A PALAVRA DO ADVOGADO. Por vezes, no meu espaço de cinco/seis minutos eu intercalava uma crônica que é uma velha paixão. CARLOTO me deixava solto na minha participação.
Eu, porém, embora tivesse o aval e o apreço do Carloto, não estava satisfeito, pois ali era mero partícipe e coadjuvante. Queria um “programa solo”, independente, só meu, titular do horário onde pudesse fazer livremente “o que eu gostaria”. Nessa busca, tentei junto ao MÁRIO FILHO, o então  diretor artístico e apresentador, um craque incrível do rádio-AM. Este que embora muito amistoso para comigo – hoje-amanhã, hoje-amanhã, nunca me definiu.
Nessa sequência, certa feita, manhã de sol, eu-Viegas, compus uma comissão  da OAB para, junto à Rádio Imperatriz, objetivando apoio publicitário numa campanha por reivindicações do Fôro local. Justo esse que temos hoje. Éramos em três: Osvaldo Rocha (Presidente), um terceiro a que não me lembro e eu-Viegas como Vice-Presidente da entidade. O diretor Moacyr Spósito nos recebeu na vastidão de sua sala com as janelas para a rua. 
Ao final daquele encontro, cara-a-cara com o Moacyr-diretor, saquei uma velha carta da manga: disse que havia mandado uma carta, falei das minhas passagens por outros canais e jornais e declarei que gostaria de “fazer um programa” na Rádio Imperatriz. Notei claro que o Moacyr não gostou da ideia e dela não se interessou. No entanto, mandou-me para o “Departamento Artístico”, ao novato comando do tarimbado ASSIS OLIVEIRA que, recente, havia chegado de Belém do Pará, na companhia do seu “braço direito” ROBERTO MARTINS; sendo Roberto uma espécie de “agente de publicidade” e dublê de locutor, ambos com a corda toda na Rádio Imperatriz. Os dois, na mesma sala, ainda estavam tomando pé da situação: sentindo os primeiros ares, observando a programação, os comerciais, o ambiente, o clima.
Qual o meu pai com os seus versos de cordel – que ele mesmo os recitava, ele mesmo  sorria, ele mesmo gostava, então fui desfiando as catilinárias do  meu “curriculum” na comunicação. Dominando o encontro, pedi permissão para mostrar-lhe alguns textos do que fazia no jornal e na participação com o Carloto Júnior. Percebi que o ASSIS OLIVEIRA gostou e que o ROBERTO MARTINS simplesmente “enlouqueceu”. E nessa, Roberto me pede para apresentar-lhe outros tantos textos de que ali casualmente eu dispunha. E assim, nessa amostra, uma espécie de “apresentação”, atravessamos a manhã. Ao final, o Roberto falou: “VOCÊ É O CARA QUE A GENTE PRECISA”.
O Doutor Aureliano Neto, que apresentara um programa de cunho jurídico em nome da OAB/local, acabara de sair para assumir a sua cátedra. Tornara-se Juiz de Direito. Foi quando os dois a um só tempo, “na lata”, me entregaram o Programa do Doutor Aureliano Neto. De cara, pulei fora, disse que não era aquilo que eu gostaria de fazer. Mas os dois insistiram. E, ao consolo, me deram “carta branca” para inovar no programa. Um programa solo, de onze e meia ao meio dia. Acabei aceitando o encargo, agora com um novo nome e nova vinheta que era um arraso! A PALAVRA DO ADVOGADO: cartas, orientações, comentários jurídicos e um “tema livre”, diário, tudo intercalado por musicais. Entrevista/s até. Com convidados no estúdio.
Toquei A PALAVRA DO ADVOGADO por uns dois anos e mais, porém um dia cheguei para os mesmos diretores – ROBERTO Martins e ASSIS OLIVEIRA, e, naquela mesma sala de dois anos atrás, declarei: “estou cansado, muito obrigado, estou satisfeito. Estou me despedindo do programa e de vocês”. Os caras tomaram um impacto e disseram: “não é possível”. Ultrapassei o balcão e deixei o programa e a Rádio Imperatriz. E fui embora. Sem me despedir nem do programa, nem de mais ninguém.
Algo como três ou quatro dias depois, eu estava de volta. Fui à mesma sala, aos mesmos Roberto Martins e Assis Oliveira e declarei: “Quero voltar”. “Não aguentei”. E os dois, sempre juntos e unidos, responderam: “eu sabia que você não ia aguentar”.  E declararam: “toma o teu lugar”. E voltei! Ainda me lembro da minha volta. Voltei com a música O PORTÃO, de Roberto Carlos. Foi uma festa!!!
Fiquei mais por outros três anos, sem deixar e sem levar problemas ou aborrecimentos. Afinal eu era um “freelance”, sem carteira e sem salário. E quando voltei no “terceiro turno”, tão pacífico quanto saí, voltei com a CRÔNICA AO CAIR  DA TARDE”. Cinco minutos. Seis da tarde, em ponto, prenúncio da Ave-Maria e com a música que fazia a vinheta de sempre! Ao vivo! Em carne e osso! Uma das minhas realizações: no coração, na vida, na emoção, nas vértebras, no sangue e... no rádio.

(Continua a saga, na próxima edição. Conto com você nesse encontro).