GENTE QUE FAZ

Qual o meu velho pai, traço projetos. Muitos que se esvaem, perdem-se com o tempo. Outros que se materializam, concretizam-se. O meu pai, debaixo do sol, riscava ao chão os seus projetos. Vi isso tantas vezes. De minha vez, traço-os na mente, nas noites acordadas. E jamais imaginava que haveria um paralelo, uma similaridades de ideias entre os projetos do meu pai e meus ideais. E então puxei ao meu pai. O meu velho avô-materno Doca Barros, de quem guardo exemplos e lembranças moráveis; de quem me tornei o seu “fã” por tudo o que foi a sua personalidade, o seu caráter, sua alma e a sua conduta, costumava dizer ao seu tempo que, “quem puxa aos seus não degenera”. E então, meu velho Doca, que Deus o guarde no Paraíso e que assim seja!

Faz  tempo, muito tempo e tive um velho projeto, desses traçados nos desvãos das noites acordadas: gostaria de prestar homenagem a pessoas do povo, dessas com uma página, senão um livro inteiro de trabalho realizado em sua vida, notadamente neste chão-Imperatriz; pessoas, enfim, não receberam ou que talvez jamais receberão o reconhecimento dos entes público – e outros tantos que fazem mimos de homenagens e comendas por aí.

A ideia não era de protesto, nem de oposição, mas o intuito de fazer a minha parte, a uma injustiçada parte dos esquecidos. E isso porque àquele tempo eu, voltado para tais ideais, costumava ver tanta gente suando forte, trabalhando no braço, vivendo pública e honestamente; ralando no rochedo por um lugar ao sol. Vi isso e... imaginem... queria homenageá-los publicamente como resposta à cidadania a que talvez nem foram vistos.

A esse tempo eu tinha um programa no rádio/AM e queria aproveitar a mídia do rádio para trabalhar a pretensa homenagem. Era em princípio uma ideia “solo”, quer dizer: um rasgo de uma individuada “prestação de serviço social”, do programa. E como uma ideia logo traz outras, imaginei que se esse trabalho de alcance social tivesse o emblema (o respaldo) da emissora (Rádio Imperatriz), a titulação seria mais forte, teria mais prestígio. Pensei nos prós e nos contra e logo me vi ilhado, ao imaginar que o dono da emissora poderia não topar a ideia, “o projeto”. E, para não sofrer frustração de uma “contradita”, comecei a me recolher. E assim se foi para o ar (para o brejo), o meu projeto de GENTE QUE FAZ.

Aliás de lembrar que na breve passagem do impresso JORNAL DE IMPERATRIZ, que tivemos por aqui e eu lá pelo meio, fiz um coluna denominada “GENTE DA GENTE”, mas o projeto não andou, fiz apenas algumas edições. É como diz o Marcelo Rezende / TV Record, “pra fazer dá trabalho”. Sendo certo ainda que na própria Rádio Imperatriz, cheguei a fazer em raras edições um quadro “ESTA É A SUA VIDA”, uma espécie de “arquivo confidencial”. O projeto também não andou, porque “pra fazer deu trabalho”.

Por último, nas noites acordadas venho tecendo na mente a ideia de fazer aqui o “GENTE QUE FAZ” para reverenciar e homenagear cidadãos desta cidade – pessoas que ganharam e ganham a vida com o trabalho honesto, digno e responsável. E se antes, o “projeto” era voltado para os descalços e descamisados que não foram vistos nem lembrados publicamente, agora o ideal vai mais adiante: abraça a todos sem distinção, sejam empaletozados, engravatados; empresários ou  serviços gerais. Vivo ou morto, não importa. O que importa é o caráter, o trabalho, a honradez a honorabilidade.

Nesses desvarios de que quem perde o sonho da noite e acaba por sonhar acordado, cheguei a pensar em criar uma ONG com estatuto, CNPJ, registro público e tudo o mais e nesta um  “Conselho Diretor”; uma Comissão ou algo assim colegiado para indicação e escolha dos “homenageados”. Mas aí sofri uma dura retração. É que recente tenho visto por aí uma ONG criada entre uma “irmandade”, sem fins lucrativos com o intuito tão somente da prestação social – um sacerdócio a serviço da benemerência. Só isso e mais nada. A terra deu só algumas voltas e o que se viu e se vê por lá é uma guerra fratricida (entre irmãos)- tanto pessoal como na Justiça. Bem aí acabei com o espírito do coletivo.

E assim nas noites acordadas, vou sonhando, idealizando um velho projeto: agora através destes CAMINHOS... para homenagear essa GENTE QUE FAZ.

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Em tempo:

O título “GENTE QUE FAZ” não é necessariamente meu. Faz 15 ou mais anos a então TV Bandeirantes, andou fazendo rarefeitas edições semanais, em que homenageava pessoas com o seu “GENTE QUE FAZ”, mostrando sua origem, sua saga, seus exemplos, sua vida, seus empreendimentos, sua contribuição à prosperidade. Por quê não sei, o programa foi ao ar poucas vezes. Vi o exemplo e gostei! E como os bons exemplos devem ser seguidos, eis-me aqui. De sua vez o meu velho pai ao seu tempo já dizia que “as palavras do alfabeto, ficaram para todos”. Então, senhores leitores não tenho qualquer sentimento de culpa frente ao título e à homenagem a que pretendo produzir. Assim, de logo aceito sugestões e indicações, tudo muito simples. Como simples é a ideia e o ideal. E me aguardem nestes... CAMINHOS POR ONDE ANDEI com GENTE QUE FAZ.