Mestre Wady Sauáia, catedrático em direito civil e processo civil na Antiga Faculdade de Direito em São Luís, por onde passei - foi, de longe e aos meus olhos - uma das maiores riquezas materiais e da intelectualidade em todos os tempos que o planeta já viu. Sauáia dava aulas em mãos livres. Tinha todas as leis e códigos e literatura jurídica e jurisprudência na cabeça. Assim como a Bíblia e centenas de autores brasileiros e estrangeiros que os recitava de cor e salteado. Ditava textos entre as aspas, artigos, e citava a obra e a página, até. Era de uma mente extraordinária, incrível, incomparável!
Tudo o que o Professor Sauáia dizia tinha sabor de lição, de ensinamento; ainda que fosse qualquer assunto extra-aula. E contou certa feita uma passagem sobre EDSON QUEIROZ, um então notório, próspero e exemplar empresário do Ceará. EDSON foi com a mulher aos Estados Unidos, esta em tratamento de saúde. Desocupado, punha-se a andar pelas ruas observando o movimento comercial. É daí que, procurando "ocupar o tempo", acaba por parar numa chapelaria onde, de iniciativa própria, põe-se o grande empresário brasileiro, porém ali incógnito e estranho, a espanar chapéus, afugentando a poeira e procurando o que fazer. E passou a fazer disso a sua rotina.
O dono da loja, contava Sauáia, vendo aquela inusitada e bem recebida situação, bem como o desempenho e boa vontade daquele estranho, resolveu então admiti-lo como empregado em sua chapelaria. EDSON QUEIROZ não se fez de rogado, aceitou o emprego e a missão. Terminado o tratamento de saúde de sua mulher - é como me lembro - EDSON QUEIROZ mostra sua verdadeira identidade e expõe com humildade sua realidade como empresário.
É bem aí que não me lembro se ele, QUEIROZ, devolveu ou não todo o salário recebido, em envelopes, durante o "emprego". Sendo que é justo aí, nesse ponto, que reside a moral daquela palestra onde Sauáia pontificara e exaltara o caráter e a personalidade de um vulto chamado EDSON QUEIROZ, megaempresário cearense, como exemplo de cidadania, de virtude, de caráter, de valor humano, de trabalho. Uma palestra sorvida e absorvida ao silêncio sepulcral de uma turma de quarenta!
Sauáia encerra a aula com Edson Queiroz, convidando os seus anfitriões empregadores (marido e mulher) a conhecer o Brasil e, no seu Ceará, visitar seus empreendimentos, o que afinal se fez por concluir. A partir dessa aula, passei a nutrir profunda admiração e respeito pela imagem de um homem que nunca sequer o vi pessoalmente - um vulto que se chamara EDSON QUEIROZ.
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Peço vênia para reproduzir aqui, extraído da Wikipédia do Google, um texto sobre a vida e a obra do empresário cearense EDSON QUEIROZ.
Filho de Genésio Queiroz e Cordélia Antunes Queiroz, Edson trabalhou durante a sua juventude (1939 - 1945), no armazém de estivas do pai em Fortaleza. Foi aluno do Colégio Cearense, passou pelo Seminário da Prainha e concluiu o ginásio no Liceu do Ceará. Casou-se em 8 de setembro de 1945 com Yolanda Pontes Vidal com quem teve seis filhos (Airton José, Myra Eliane, Edson Filho, Renata, Lenise e Paula). Em 1947, juntamente com o pai e outros sócios, montou a Loteria Estadual de Fortaleza e se formou técnico contábil no ano seguinte, construiu e iniciou a exploração do Abrigo Central e fundou a Loteria Estadual de Pernambuco, em 1949.
Em 18 de junho de 1951, Edson Queiroz fundou a Edson Queiroz e Cia., uma empresa de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), obteve no ano seguinte a concessão de cotas de GLP da primeira Refinaria Nacional, depois renomeada Refinaria Landulpho Alves e fundou a Edson Queiroz Navegações, com uma frota inicial de cinco embarcações. Em 13 de abril de 1955 fundou uma filial da Edson Queiroz e Cia. no Pará e a S.A. Rádio Verdes Mares é fundada em junho. A Edson Queiroz e Cia. passou à sociedade anônima, sob a razão social de Norte Gás Butano S.A., em 1957 e foi criada a Sociedade Butano Ltda. para atuar no setor imobiliário.
A Norte Gás Butano construiu e inaugurou, em 1959, o primeiro terminal oceânico do Nordeste, em Fortaleza, o Terminal Ernesto Igel e no ano seguinte, em 21 de abril, inaugurou o terminal de gás de Belém. Em 1961, adquiriu o controle acionário da Rádio Verdes Mares AM. Em 1963 inaugurou a Tecnomecânica Norte Ltda., a Tecnorte e a Estamparia e Esmaltação Nordeste S/A Esmaltec, para fabricação de botijões e fogões. Edson Queiroz comprou, em 1967, as fábricas de bicicletas Bristol e Göering, do Rio de Janeiro, que posteriormente seriam vendidas à Monark e se associou a José Afonso Sancho no jornal Tribuna do Ceará, onde implantou o sistema pioneiro de composição a frio e impressão offset.
Associado ao empresário Edmundo Rodrigues, Queiroz fundou, em 1968, a Cascavel Castanha de Caju Ltda., em Cascavel, de beneficiamento e exportação de castanha de caju e em 26 de maio do ano seguinte recebeu a medalha do Mérito Timbira da Cidade de São Luís, outorgada pelo governador do Maranhão, José Sarney. Em janeiro de 1970 inaugurou a Piauí Gás Butano, em Teresina e a TV Verdes Mares. Em 17 de abril de 1971, os conselhos Curador e Diretor da Fundação Edson Queiroz decidiram criar a Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Em 5 de março recebeu do governador Plácido Aderaldo Castelo a medalha da Abolição, do governo do Ceará.
Em 1972, Queiroz iniciou investimentos no setor pecuário, a Butano Agropecuária e recebeu o título de Cidadão de São Luís, em 3 de dezembro. A Norte Gás Butano comprou o acervo da Brasilgás em Alagoas, Pernambuco, Pará e Rio Grande do Norte, em 1973 e inaugurou o terminal José Ribamar Marão, da Maranhão Gás Butano. No mesmo ano recebeu a Placa de Prata Homem do Petróleo do Ano. Em 1975, inaugurou a Rádio Verdes Mares FM, recebeu o prêmio Homem Tendência, da revista Tendência.
No ano seguinte comprou a Heliogás no Rio de Janeiro e entrou em operação a Norte Gás Butano Distribuidora Ltda., sucessora da Norte Gás Butano S/A Comércio e Participações, que se transformou numa das holdings do Grupo. Edson Queiroz recebeu o título de "Cidadão de Belém" e o troféu "Mascate do Ano" 1976, da Confederação Nacional do Comércio no Rio de Janeiro. A Norte Gás Butano inaugurou sua base em Maceió. No ano seguinte, iniciou suas atividades no setor de distribuição de água mineral, adquirindo a marca Indaiá.
Em 1980, Edson Queiroz recebeu o Diploma Sesquicentenário de Alencar, da Secretaria Estadual da Cultura do Ceará e foi designado, pelo Decreto 75.421, para integrar o Conselho Nacional de Pesquisas. Em 29 de outubro de 1981 recebeu a Medalha Cidade de Fortaleza da Câmara Municipal de Fortaleza. Ainda neste ano fundou o jornal Diário do Nordeste, que circulou pela primeira vez em 19 de dezembro de 1981.
Em 16 de fevereiro de 1982, Edson Queiroz adquiriu a Rádio Tamandaré (Pernambuco), em março, comprou a Rádio Tamoio do Rio de Janeiro. Recebeu a medalha do Mérito Industrial outorgada pela Confederação Nacional da Indústria. Edson Queiroz morreu no acidente do Voo VASP 168 em Pacatuba-Ceará.
* Viegas questiona o social
Edição Nº 14909
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