Fiz, para esta edição, um tema sobre a "descoberta" agora e só agora das boates e similares deste país, depois do tenebroso sinistro ocorrido com uma delas lá no sul, em que centenas de vidas foram ceifadas e outras tantas correm risco. Boates que vêm dos tempos das Capitanias Hereditárias, coisa vinda dos costumes de Portugal, até parece que agora estão sendo descobertas pelas "autoridades" do setor, depois do tsunami lá do sul. Coisa do Brasil de Cabral. Tive problemas com a transferência eletrônica do tema para a edição de O PROGRESSO mas, para não perder a viagem, reproduzo aqui textos que os enviei para o PROGRMA CLUBE DA SAUDADE, na "Página de Saudade", Mirante/AM, manhãs de domingo.
*****************
FESTA DE SANTOS REIS
Hoje eu ouso voltar no tempo para lembrar a FESTA DE SANTOS REIS. Uma passagem da Bíblia nos lembra que os Três Reis Magos, guiados por uma estrela no céu, foram levar presentes ao Menino Jesus que nascera em Belém. Daí então que no universo cristão-católico, até hoje, celebra-se a FESTA DOS SANTOS REIS.
Na minha criancice, havia um tempo: "TEMPO DE REIS". Era um tempo alegre, festivo, feliz. Era um tempo ali, da FESTA DO DIVINO. Com caixas e caixeiras. Com bandeiras e bandeireiros. Um tempo com bandeirolas em cores, cânticos, levantamento de mastros, novenas em café-com-bolo. E muitos mimos, donativos, muitos presentes para a festa do DIVINO, ela mesma dos SANTOS REIS. E faziam-se "REIS" recortados em papel crepom que eram distribuídos a amigos, simpatizantes, pretensos namorados.
OS REIS (em papel crepom), dobrados e redobrados, traziam ao centro uma mensagem, geralmente um voto, um verso ou um pedido. Circulavam entre dezembro e 06 de janeiro. Não se davam a qualquer um, nem se recebiam de qualquer uma. O espírito dessa "dação" (dessa entrega) de REIS era sempre o congraçamento da fraternidade, da amizade. Do gosto de festa.
Entre rapazes e moças, a troca de REIS aí... era um indicativo da pretensão ou de uma intenção de namoro. E, a partir da entrega ou do recebimento de um REIS, entre moças e rapazes, poderia nascer entre ambos um novo dia - uma nova emoção.
- Esse TEMPO DE REIS... se foi. Hoje naquele meu chão de Baixada, pouco celebra-se a festa do divino, com levantamento de mastro e noites de novenas em café-com-bolo. E já não existem nem aquelas caixas... nem aquelas caixeiras; nem aquelas bandeiras; nem aqueles bandeireiros, nem aqueles coloridos em papel crepom com versos e mensagem que faziam OS REIS - coniventes das amizades... e dos amores, na trajetória social e Cultural daquele meu velho tempo. TEMPO DE REIS. DE SANTOS REIS. Mas é dessa lembrança que hoje eu faço esta PÁGINA DE SAUDADE!!!
NO AR, AQUELA CANÇÃO...
Ainda me lembro daquele tempo. Manhãs e tardes daqueles dias.
- Imperatriz, este velho garimpo de todas as pedras e de todos os metais - quer dizer, de todas a gentes e de todos os rostos e sentimentos, vivia um tempo de manhãs de neblina, de tardes nubladas; por vezes de infinito azul, por vezes de um céu nevoento. E, no ar aquela canção... No ar e por todos os lugares por onde a gente andava.
- A gente ouvia... gostava. Parece até que nem entendia, mas a música nos contagiava. E a gente ia ouvindo aquele música por todos os lugares que a gente passava. E aquilo ficou na mente, foi ficando, rodou no tempo e foi rodando, mas depois até parece que a gente nem se lembrava.
- Era um "maluco" que cantava. "Maluco" como ele mesmo se apresentava. Diria eu que não era um "maluco", mas um ser extraordinário, um cara acima da média que passou por aqui. Foi no gênero, no estilo - único e exclusivo. Não teve nem tem cópia nem seguidor porque ninguém ousou fazer o que ele fez, nem como ele fez.
Hoje eu paro no tempo e me lembro daquele tempo, neste garimpo de todas as gentes. E lembro daquelas manhãs de neblina e tardes de um céu nevoento. E, no ar, aquela canção que mexeu lá dentro... da gente. E vejo que a música é assim: ora no sucesso do céu azul, ora no infinito, perdido... esquecido sob um céu nevoento.
- E que, agora, a gente se reencontra e revive nesta... PÁGINA DE SAUDADE.
MÚSICA: GITÃ - (Raul Seixas)
*Viegas questiona o social
Edição Nº 14621
Comentários