ERA UMA VEZ... O TEMPO DE REIS!!!

Uma passagem da Bíblia em Mateus capítulo 12, veículos 1 a 12, nos lembra que os Três Reis Magos, Melquior, Baltazar e GASPAR, guiados por uma estrela no céu, foram levar presentes tais como ouro incenso e mirra ao Menino Jesus que nascera em Belém. Daí então que no universo cristão-católico, com sabor folclórico praticam-se festividades a SANTOS REIS, sempre envolvida com doações, ou presentes.

Dita o ditério que “cada terra tem o seu uso e cada povo tem seu fuso”, de sorte que, ao que se tem notícia, há diversidade na prática dos festejos de SANTO REIS, consoante as tradições a cultura e os costumes de cada lugar ou região  E então naquele meu tempo de criança, na minha terra, havia uma época que se chamava TEMPO DE REIS. Era uma  uma cultura, um costume do relacionamento social. Um tempo  em que se dava e que se recebia O REIS. E você aí, você lembra? Você conheceu o TEMPO DE REIS? Era um tempo alegre, festivo, cordial  em que se dava e recebia-se O REIS, período  que se estendia do dia PRIMEIRO ao dia SEIS DE JANEIRO.

O REIS (como assim se dizia), consistia  em dobras e redobras em papel crepom, em  cores diversas e individuadas,  recortado, com formato arredondado ou quadriculado. Qualquer pessoa poderia fazer um ou mais reis e distribuí-los. Mas o saudável daquela movimentação social era RECEBER UM REIS. Afinal dar ou receber aquela “comenda”, era um gesto de simpatia, de cordialidade, de amizade. E, tantas vezes era  dado ou recebido  como  um estímulo ao namoro ou à sedução.

O REIS em papel digamos “artisticamente recortado”, trazia ao centro, sempre um verso simplório que tantas vezes consistia num pedido: “vai este reis / feito neste momento / E a quem eu entregar/ quero receber um presente”. Outras vezes O REIS tinha um direcionamento rumo a uma proposta de namoro:  “Quando eu fiz este reis/ fiz pensando em você / E até hoje eu não esqueço / De tanto pensar em você”. E assim os reis circulavam naqueles terreiros festivos, naquelas noites de reza e novena ou naqueles bailes VESPERAIS. A recíproca era sempre um presente (sempre um presente) que poderia ser um sabonete, uma lata de talco, um púcaro de brilhantina ou coisa assim. As pessoas que entre si davam  ou recebiam um REIS,  chamavam-se entre si de “MEU REIS”.  Era a interação (o entrosamento) do social!!!

Durante o período de UM A SEIS DE JANEIRO, dar ou receber um reis era uma honra, um ato de prestígio e consideração, porém  depois do dia  seis de janeiro, qualquer tentativa  de circulação do reis era vista como “brincadeira de mau gosto”, no que vinha a reprimenda:  “Não vem com essa de reis! Não vem com essa que  TEMPO DE REIS JÁ PASSOU”. E então eis que tudo na vida é um tempo!!!

Agora venho eu: “quando eu fazia este tema / refleti por um momento / bem assim somos nós / cada qual ao seu tempo / E então me convenci / De que tudo na vida é um tempo / Só um tempo...
           
Parei então, a propósito daquele TEMPOD E REIS, para refletir uma verdade /pois  que assim somos nós / vivendo a realidade. Seja no poder, no prestígio, no trabalho, no campo ou na cidade, na pobreza, na riqueza, na solidão ou n na sociedade, assim como no TEMPO DE REIS – um tempo que não tem mais, tudo na vida é um tempo. E só um tempo! E nada mais!!! E  de lembranças e reflexões essas qual  num papel crepom faço este REIS, quer dizer: ESTA PÁGINA DE SAUDADE!!!”