“OS CACHORROS DO MEU AVÔ”

Hoje, pelo visto, não é o meu dia de escriba. Ainda ao amanhecer, numa troca de áudios via celular, senti uma picada que me desequilibrou. Pronto! A partir daí o dia azedou. Sim, mas já está deliberado que hoje é o dia de mandar o texto para o jornal, até porque, recente,  tenho faltado a algumas edições. E “faltar” ao compromisso nunca foi nem será da minha conduta. Sou fiel aos meus tratos e, para mim “a palavra é o homem e o homem é a palavra”. E isso é conduta que vem dos tempos do curso primário, uma prática a que fui levado e tenho levado a ferro e fogo: “Não faltar aos tratos”.

Lembro-me, por exemplo, que na Faculdade, certa feita, fui à aula doente, mais morto do que vivo: uma terrível infecção intestinal. É que não tinha marmita e eu peguei a comida na lata oxidada. E entre outros sintomas uma desidratação de matar! Não tinha condição de concentração e absorção em absolutamente nada. Mas, como era da origem, da raiz, não poderia faltar. E assim tem sido a minha vida em passagens tantas. Sou assim, fazer o quê? Acredite se quiser.

Tenho algumas ideias perdidas na cabeça que tento contorná-las para a edição destes ... CAMINHOS,  mas o meu estado psicológico, hoje, não me ajuda. Tenho vontade de dar porrada no Gilmar e outros por lá e ser mais um a gritar, a vociferar, a esculhambar. Mas aí os canais não vão publicar. E eu poderei ir no xadrez parar. E ação de  indenização ter que suportar. Mas como suportar se não tenho grana pra pagar? Os áudios e vídeos e textos que me mandam são se arrasar! Escuta só! 

Escuta só!: Um deles estampa o atendimento em uma seguradora. O cidadão comparece e pede um “seguro contra vendaval”. A atendente confirma que tem seguro contra raio, granizo, tempestade e vendaval., porém sugere uma segunda opção “comprar um deputado”. O cliente mostra-se na dúvida e pergunta  sobre a compra do deputado. A atendente explica que o deputado faz uma lei  que obrigue o governo a pagar o vendaval.  O deputado  “mexe os pauzinhos”  e  nem  precisa ter o vendaval. O cliente manifesta querer saber se isso é seguro. A atendente retrocede um pouco e diz que com A LAVA JATO aí, o deputado pode ser denunciado, cassado  e até  preso.  Aí a atendente sugere uma saída de mestre: Que o cliente COMPRE UM MINISTRO. ”Porque se o deputado for preso, o ministro anula, pede vista, alega foro privilegiado”.  Até parece “coisa de artista”, porque simplesmente, simples. E segue o vídeo... que eu posso enviar a quem possa interessar.

E aquele outro vídeo em que chega “barrufando” um carrão numa venda (na esquina) numa banca de artesanato?  Aí o engravatado ao volante pergunta ao vendeiro, “onde aprovar um projeto de lei que possa livrar a cara de uns senadores”? O vendeiro responde: “Aí, é com o Gilmar Mendes”. O homem ao volante insiste em perguntar onde conseguir suspender coleta de provas contra tucanos, acusados de corrupção em Furnas? O vendeiro responde, na lata: “Aí é com o Gilmar Mendes”. Insiste o engravatado em perguntar onde adquirir “voto de desempate pra livrar petista da cadeia? – O vendeiro responde: Aí, é com o Gilmar Mendes. O engravatado ao volante insiste que está precisando  de um habeas corpus pra livrar a cara de um empresário do ramo de transportes que está sendo investigado do pela LAVA JATO. O vendeiro responde: “Habeas corpus é lá com o Gilmar Mendes”. E segue o vídeo. E eu aqui fico na exclamação, seguida de reticências: “esse povo sabe de cada coisa!!!...”

Por último o Senador  Kajuru (palmas pra Jorge Kajuru), sou “fã de carteirinha” do Kajuru, ensino fundamental incompleto, segundo o seu perfil, jornalista de nomeada, cuja língua é  a espada mais afiada deste planeta que os meus olhos já viram. Kajuru não mede distância e parte pra cima de qualquer um sem medo de ser feliz. Acho o cara um guerreiro: tem  intimidade, rotina e prazer pela guerra. Mas também um desastrado, um suicida. E nisso eu fico dividido. 

Ele disse, por exemplo  que chegou no Goiás “com uma mão na frente e outra atrás” e teve oportunidade de sair de lá milionário – com seis milhões na conta. Mas continuou pobre para não se vender ao laranja do Governador Marconi Perilo  de quem é inimigo figadal. E tornou-se senador como quase um milhão e meio de votos. E Kajuru que nunca ligou pra dinheiro, que sempre desprezou o vil metal (como ele mesmo demonstra publicamente), agora, Senador da República deve estar nadando na grana. O cara, simplesmente é mais um entre os oitenta e um senadores da República, neste país de quase duzentos e dez milhões de habitantes. Mais um vírgula, KAJURU é único, é exclusivo! É fora de série! E sai debaixo...

Esse cara disse os diabos do Gilmar. E os múltiplos adjetivos da pecha eu nem transcrevo aqui, porque neste país de “vou te processar” e de Danos Morais, pode sobrar para mim. Kajuru foi o primeiro a assinar e é o mais entusiasta de toda a trupe liderada pelo Senador Alessandro Vieira (PPS, SE), para levar em frente, no Senado, a CPI DA LAVA TOGA.  Gilmar (aí bate na madeira três vezes que é pra não dar azar) é o primeiro da lista.  Hei Kajuru... tô contigo e não abro.

Senhor Editor: Taí o texto. Mando-o que é para não faltar. Eu queria escrever mesmo era sobre “OS CACHORROS DO MEU AVÔ”. Taí no que deu!!!