LEMBRANÇAS DO MEU GRUPO ESCOLAR PRIMÁRIO
Hoje eu amanheci lembrando daquele meu querido Grupo Escolar Primário, um santuário da minha escola de base. GRUPO ESCOLAR MOTA JÚNIOR, na minha terra natal – São Bento–MA. Aliás, que devoto estima, saudade e gratidão pelas escolas por onde passei, inclusive pela minha primeira escola, da Carta de ABC, da Tabuada e da Cartilha, no tempo da palmatória e do castigo, de joelhos. Agora, imagine aquela dourada e inesquecível e toda minha Escola Técnica Federal, onde fiquei por nove anos; onde fui interno por quatro anos e depois servidor por dois anos! Imagine!!!
O primeiro momento da rotina do meu Grupo Escolar Primário era, ainda cedo da manhã, quando perfilados por série (e turma), ao comando da implacável e eternamente saudosa diretora NÉGILE ATTA (de quem fui menino de mandado em sua casa), cantávamos HINOS: Hino à Bandeira, Hino à Independência, Hino à Pátria, Hino à Árvore e outros mais. Era ao que posso entender, a nossa iniciação ao civismo, à formação cidadã e ao respeito à natureza. O Hino à Árvore foi uma marca que me marcou. E até hoje planto árvores e planto sombras! Não é a toa que acabo de construir o Escritório “AR LIVRE”, cujo piso é um gramado, ladeado de verde natural.
E as carteiras do meu Grupo Escolar? Quer dizer, os bancos escolares? Do primeiro ao 4º ano sentávamos em dupla, quer dizer, dois a dois na mesma carteira. No quinto ano, sentávamos individualmente. Eram os famosos, bonitos e lustrosos MÓVEIS CIMO. Lembra??? Sentávamos o ano inteiro na mesma carteira. Era como se fossemos responsáveis pelo assento. Ninguém riscava, nem sujava. E ai de quem!!! Lá, havia um livro de leitura do qual nunca esqueci: MEU TESOURO. Lembra do livro MEU TESOURO? Do curso Primário? Havia uma leitura que abordava sobre assiduidade e pontualidade. Na versão, um aluno perdeu um passeio da turma a um sítio (a uma chácara) porque chegou atrasado ao encontro de partida. Restou-lhe a lição da pontualidade. Hoje a gente vê isso nas reuniões marcadas para as sete que vão começar às nove. E noutras a que falta “quorum”. Falta assiduidade.
Numa outra leitura, a desunião entre irmãos. Então o velho pai reuniu os filhos. Tomou de um feixe de varas e mandou que o filho mais velho quebrasse o feixe. Era impossível! Então desatou o feixe e mandou que o mais jovem quebrasse uma por uma. E a moral da história é a lição de que A UNIÃO FAZ A FORÇA. Desunidos, seremos fracos e vencidos. Tantas vezes lembrei da lição do feixe de varas nos encontros da OAB por aqui pregando a força, a união, num tempo passado em que a OAB, por aqui, não era um antro do egoísmo nem uma panela de grupinhos.
Outro momento marcante era A HORA DO RECREIO. Eu, quase nunca tinha merenda. Por vezes a metade de um pão com um discreto iogurte caseiro. E mais nada. Na hora do recreio, costumava aparecer um rapaz, o JOEL, com uma mala (ou cesto) de doces, feitos por uma decana – DONA CLÉLIA. Eu ficava só olhando aquela movimentação e vendo a turma comendo doces, bolos e manuês, estes feitos de milho, pelas mãos abençoadas de D. Clélia. Manuês que me tentavam e despertavam as minha vontades, frustradas pela impossibilidade. Faz algum tempo escrevi “OS MANÊS DE DONA CLÉLIA” para saciar minhas lembranças. E só mais de meio século depois (plagiando a Nelson Bandeira), “degustei” todos os manuês a que tinha direito.
Outro momento marcante era na HORA DO RECREIO, na minha escola primária. Era quando as moças em azul e branco, de mãos dadas e alegres, cantavam CANTIGAS DE RODA. Eu, bicho do mato, menino de casa alheia e estranho no ninho, como eu gostava de ver aquele coral!!! Ficava quieto, lá adiante, só observando: Sapequei o pau no ga-tó-tó; Se esse rua fosse minha; Eu fui no toro-ró; Terezinha de Jesus deu um tombo foi ao chão/ acudiram três cavaleiros / todos três chapéu na mão. E eu lá, sorvendo as cantigas de roda!
Hoje, eu me lembro daquele meu eterno Grupo Escolar Primário; lembro do livro MEU TESOSURO e suas lições (lições de vida, de cidadania, do ambiente). Lembro daquele meu uniforme em calças curtas - em azul e branco, lembro da HORA DO RECREIO; lembro do Joel com sua mala de doces (que não sei por onde anda), lembro das moças bem comportadas e bem desenhadas (em azul e branco cantando CANTIGAS DE RODA) e construo esta PÁGINA DE SAUDADE.
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Este texto será reduzido, quer dizer, editado, e enviado para o programa CLUBE DA SAUDADE (Rádio Mirante/ AM, São Luís), manhãs de domingo, em cadeia com mais de 30 emissoras em todo o Estado, na apresentação impecável, do impagável e inigualável JOSÉ SANTOS, onde estamos há mais de 12 anos com a crônica PÁGINA DE SADADE.
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