Tenho o compromisso cativo de fazer um texto semanal e enviar para esta coluna. Faço isso com fidelidade e pontualidade. Por vezes, assim como agora, não tenho pique, nem vontade, nem ideia, nem iniciativa, mas ainda assim tenho a consciência de que "compromisso é compromisso". E aí me viro, contorço-me e sinto-me na obrigação de ocupar o "meu lugar"; até porque, na lição da infância, "quem vai ao ar, perde o lugar". Lembra daquele padre que fez uma engenhoca de balões infláveis??? Saiu do seu lugar, foi ao ar e deu no que deu...
Eu que volta e meia peregrino pela redação de O PROGRESSO, um dia ouvi da ANA DUARTE, que então me mandava para a internet (para o sítio do jornal) uma evocação e o prestígio que a mim despertava pela fidelidade e pontualidade na remessa dos meus textos. Lógico que fiquei agradecido com a sua locução e tornei-me mais escravo desse compromisso, no que já estou acho que há mais de seis ou sete ou oito anos, com raras (raríssimas) e justificadas faltas.
Sim, mas... e o texto de hoje, cadê? Hoje eu não estou com nada, taí o Livaldo que o diga. Antes, quando eu estava no Arimatéia Júnior (NATIVA-FM), usava os meus textos que os reproduzia, vindos de lá para "tampar" a minha aridez, daqui. O Arimatéia teve um "piripac" do coração; tem mais de mês fora do ar - perdi o "emprego" e acho que volto quando o Arimatéia voltar. Aí, então, terei verbo guardado para em reedição compor este meu texto. E ainda que eu tenha dezenas de temas do rádio não reeditadas nesta coluna, não quero usá-las agora.
Sim, mas e o texto mesmo, cadê? Andando pelas ruas eu vejo um fato a que dou um título: "questão de saúde pública". E logo penso sobre o que disso gostaria de falar, quer dizer, de escrever. São jovens que se aventuram a pedalar sobre uma bicicleta com uma roda (traseira ao chão) e a outra empinada lá em cima. Ali, naquele pedalar, funciona uma equação de força / peso / equilíbrio e deslocamento. E o moleque vai tocando aquela armadilha em pleno trânsito. Foco em direção ao "coco" da cabeça do moleque e fico imaginando que se aquela equação que gira entre a física e a matemática com os fatores força/peso/equilíbrio/deslocamento se por algum momento falhar e o peso puxar para trás, o moleque vai fatalmente cair com o "coco da cabeça" no asfalto. E daí que o SAMU logo vai chamado com o moleque com um traumatismo craniano, correndo risco de vida e morte. E daí um problema para a saúde pública.
Sim, mas... e o texto, cadê? Cadê que bom mesmo era naquele tempo em que papai e mamãe tinham o domínio sobre os seus atrevidos e "atentados" moleques, quais esses da bicicleta. Trastejou... escreveu não leu... pau comeu. Fui criado assim. Já estava entrando na faculdade e... no amanhecer da festas de arraial, no interior, o meu pai, orgulhoso por suas tacas, mandava levantar a camisa e mostrava para os seus amigos as marcas que eu carregava nas costas, das tacas e surras com que ele me ungira. Em princípio, eu ficava sem graça, depois levava na graça.
E hoje? Hoje, se pai ou mãe der um cocorote ou um cascudo ou puxão de orelha ou uma palmada na bunda do moleque, poderá estar ferrado para sempre nesta vida com a polícia e com a justiça. Poderão ser preso e processado. Perder a guarda do pimpolho; perder a primariedade e os antecedentes, pagar fiança; custear e obter liberdade provisória. E ainda sentirem-se injuriados pelo resto da vida! E depois de condenado por essa "tortura", ter que pagar multa e/ou cestas básicas que poderão ir para o bucho dos detentos da CCPJ. Vejo então que o meu tempo foi o tempo da roda quadrada e que este tempo não é mais o meu tempo. Os tempos mudaram.
Sim, mas e daí, cadê o texto? Cadê? Cadê que a Sônia, mulher do Armando, vai fazer uma festa e quer tudo à moda antiga, "anos dourados", "jovem guarda", lambada, rumba, bolero, essas coisas. Não teve o que fazer e me escalou para ser o DIJEI. Eu digo DIJEI que é como os outros dizem nesse afrescalhado americanismo. Mas no meu tempo era Disck Jockei (americanizado também, mas sem frescura). Agora eu ando correndo ("ando correndo". Que contradição!) para regularizar as minhas radiolas; para rever os meus velhos e surrados discos de vinil; para não fazer feio na hora-H. É ou não é???
E nada do texto. Realmente, nada! É que nas noites eu invado a internet e nesta o MERCADO LIVRE e fico barafustando sobre radiolas (tocadiscos) preferencialmente novas, mas as usadas é que batem com a minha cabeça, mexem com o meu ego, revivem o meu tempo - muitas delas uma verdadeira tentação! Tem de doze reais, mas também tem de oitocentos mil. Fico doidão com o que vejo e acabo fazendo mil perguntas para os vendedores e todos me respondem. Acho que a qualquer hora vou dar com a cara na parede. Logo eu que sou maluco por coisas antigas... rsrsrsr rsrsrsr.
E o texto, nada... E que, pesquisando e fuçando no MERCADO LIVRE sobre radiola (tocadiscos), fui pelo outro lado do caminho e saí à procura de rádio/s. Uma loucura!!! Sou fanático por rádio desde moleque. Já escrevi a história de um TELEUNIÃO, que o meu pai adquiriu-o por uma fortuna, na minha adolescência. E na internet tem um milhão de rádios. Todos peças do passado; muitos lindos, conservados, verdadeiras pérolas. É aí quando me sinto um macaco perdido numa loja de louças, como já dizia a minha amiga MARLUCE Carvalho Branco, do Cartório.
E, para completar, os caras ficam perguntando: e aí o cabo Jota Ribamar da SUTRAN te respondeu aquela CARTA ABERTA? Eles mesmos: e o comandante da PM., o coronel Edeilson te respondeu aquela CARTA ABERTA? E eu digo: que lá nada... mas eu mesmo completo: acho que é porque no final do texto eu disse "olá... olá..." (duas vezes) e a revisão, por sua conta, achou que era melhor deixar só um "olá".
* Viegas questiona o social. Email: viegas.adv@ig.com.br
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