Já começa a se ouvir os primeiros zumbidos do que vem a ser a grande colmeia eleitoral. Qual um enxame de abelhas de olho nesse certamente doce e "maravilhoso mel", que é o erário público ou como nos velhos tempos - a "burra" - que é o cofre que guarda a riqueza que é a provisão do apiário. Abelhas são assim: eficazes em seus interesses, trabalham em silêncio, no fabrico do seu mel, mas chega um tempo (qual este tempo), assanham-se quando a sua colmeia é atingida por quem quer penetrar ou dividir-lhe o mel. E tornam-se enxames agressivos, violentos até, na defesa desse caixote generoso que, se não sobra para todos, agasalha os que se fazem ao redor.
É tempo de corrida eleitoral! Uns tantos aí já vão assim meio que timidamente, neste começo - para não despertar a cobiça financeira - botando o bloco na rua, colocando o seu nome "à disposição" seja de partidos, seja de amigos, seja do povo - mas, no fundo e no raso, de olho na colmeia que faz jorrar o mel - esse mel é que a razão de ser de todos em volta do apiário: sejam as abelhas, seja "o produtor"; e de resto, lá mais adiante os consumidores. E a galera, chupando o dedo, que não entende nem de abelhas nem de colmeia, nem de apiário, vai levando com a barriga, mas tem sempre alguém se dando bem - ora se tem! Mas uma coisa também é certa: uns comem e outros se lambuzam ora em cadeia ou em processos judiciais. É como se tem visto.
Nos bastidores por aí, às vésperas de eleições, reúnem-se três ou quatro, meia dúzia até, como a traçar os destinos de uma gente, de um povo. São gente de falácia, de jogo de cintura, de "propostas". São manipuladores; são useiros e vezeiros, artistas, maloqueiros. São articuladores no obscuro dos bastidores; espertos e espertalhões acostumados na arte das urnas, das campanhas, dos engendros, das forjas e bolações - essas coisas que trabalham e atrapalham as eleições.
É tempo de CONVENÇÃO ELEITORAL. Ora bolas, convenção eleitoral!!! A "convenção" lembra uma conveniência e a conveniência implica num simulacro de interesse, algo como "o meu pirão primeiro". E eu, idiota e ignaro, cheguei a imaginar que "convenção partidária" fosse uma espécie de "assembleia geral", que pelo voto democrático seriam tomadas as decisões do "partido" para a escolha dos candidatos desse mesmo partido. Não é bem assim - aliás, que não é assim. Partidos têm donos e aquilo ali, senão no todo, é um jogo de cartas marcadas. Tem sujeito que não tem na testa (eu digo na testa) o que o periquito roa e, vestido na democracia e enrolado na bandeira da nação, quer ser candidato. E aí? E aí a "convenção" dá-lhe um cartão vermelho e diz nã-nanin-nanão...
Falei em PARTIDO, pois não? E eu, idiota e ignaro, imaginava que esse PARTIDO pê-esse-das-quantas, era uma espécie de tribuna da democracia; uma espécie de NINHO em que os seus poderiam aninhar-se para fazer girar a roda do processo democrático; para alavancar direitos e interesses do povo. Enfim, que o PARTIDO POLÍTICO fosse uma espécie de "arena" democrática com voz e vez dos seu afiliados. Não é. Na realidade, PARTIDOS POLÍTICOS são "grêmios" só no nome ou sabe-se lá, na intenção dos que fizeram a lei e, como sempre, eles mesmos! Partido é um grupelho de donos. Partidos têm dono. Donos que fazem e desfazem; que podem, que mandam. Que vendem que emprestam, que alugam.
E ninguém que pense que PARTIDO é uma casa de mãe joana só de olho e interesse no jogo do poder e no mel da colmeia. Negativo! O partido expulsa, escolhe, indica, exige, briga, se intromete. E como tem briga lá dentro! E como tem mágoa lá dentro! E eu idiota e ignaro imaginava que aquilo era um família unida, coesa, solidária. Que lá nada. Partidos, nestes tempos juninos e fora dele, tocam e dançam música de quadrilha. Partido quer secretários, quer vice se não indica majoritário; partido quer ministro, quer verbas. Partido quer dividir o poder. E, como qualquer bicho, é um bicho que quer sombra, ainda que seja da sobra; quer água fresca e... jojoba e jabá porque ninguém é de ferro, diga lá!!! E melhor ainda quando lá de cima, de olho no mel e amigo do peito do gestor da colmeia, puder gritar: Epa! Meu pirão primeiro!!! Primeiro escalão, segundo escalão. Essas coisas de um festeiro.

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A corrida eleitoral tem para dois ou três e não chega a meia dúzia, um ideal de servir à causa pública; a intenção de trabalhar e mudar os destinos vesgos, malsinados ou tortuosos que se emprestam e emprenham à coisa pública. Acredito nisso. Taí Juscelino, taí o velho Ulisses Guimarães, Petrônio Portela e outros tantos que se foram. Mas, ao contrário disso, muita gente, senão a quase totalidade dessa gente que emprenha a corrida eleitoral, principalmente aqui na base da vereança, o que busca-se mesmo é um cabide, um emprego, uma "bocada" para se segurar nesse vai-da-valsa.
É nessa leva que os PARTIDOS se dão bem. Engrossam o seu cordão com afiliados e outros intrujões de olho na vereança, no cabide, no emprego. Estes que não passam de verdadeira BUCHA desse maldito canhão que é a simbiose feita de partidos que têm dono e da política que é de alguns. A BUCHA, que serve à arma, não tem poder nem de ferir nem de matar, mas serve para dar poder de explosão - que é a autonomia do disparo, do tiro. E dessa tolice da BUCHA, aproveita-se o tiro e o atirador e sofre e rebenta-se o alvo. E é dessa famigerada mistura que vive o universo do PARTIDO e da política.

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Este texto tomou rumo nunca dantes imaginado. É que, recente, vi duas coisas: vi O GORDO querendo ser candidato a vereador e vi, pelo lado de fora, na rua, no Bico do Papagaio tocantino, a movimentação de uma "convenção eleitoral". Foram essas buchas que me inspiraram a escrever esta BUCHA. E não digo mais, embora tenha muito mais a dizer.
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