A cana-de-açúcar é uma planta muito versátil cujo potencial, variado e complexo, ainda pode ser muito explorado para a produção de uma grande gama de produtos. De modo geral, os consumidores conhecem pouco sobre a indústria sucroenergética e sua contribuição na fabricação de vários produtos inseridos no dia a dia.
Atualmente, os produtos mais conhecidos originários da cana, que ocupa uma área em torno de 8,7 milhões de hectares no Brasil, são o etanol hidratado, que emite menos 90% de gases do efeito estufa na comparação com o combustível fóssil, a gasolina, o etanol anidro, aditivo na gasolina, que substituiu o antigo aditivo, o chumbo tetraetila, um químico altamente tóxico e poluente.
Segundo o presidente da Siamig, Mário Campos, é necessário que o setor sucroenergético brasileiro se comunique mais e melhor com a população, a partir de maiores investimentos em marketing, para ampliar o conhecimento sobre essa produção e gerar mais valor e consumo. Foto: divulgação
"A produção de cana no País emprega tecnologias limpas como a mecanização da colheita e plantio, e na indústria é utilizado o sistema fechado de reutilização da água, além da reciclagem de todos os resíduos, como os principais a vinhaça e a torta de filtro que volta para a lavoura em forma de adubo", informa o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.
"O setor produz também bioeletricidade, energia elétrica do bagaço de cana, que é a primeira fonte de energia renovável do País, com participação de 17,5% da matriz energética nacional e cogeração de 23,983 Gigawatt-hora (GWh), além de produzir açúcar, do qual o Brasil é o maior produtor e exportador mundial", informa.
Além disso, esse setor contribui com o desenvolvimento de uma alcoolquímica sofisticada de produtos que vão desde a tintas e perfumes e, mais recentemente, ao plástico verde,feito a partir da extração do etileno do etanol para produção do polietileno, comumente um derivado do petróleo.
"Uma das produtoras do plástico verde é a Braskem, que comercializa o produto para empresas como Johnson & Johnson, Loccitane, Faber Castel e Natura, para a fabricação de embalagens e frascos. A novidade deste ano veio da Lego, que anunciou a utilização da cana de açúcar em elementos botânicos como árvores, arbustos e folhas", afirma.
Valorização do produto
Na opinião de Campos, o País precisa valorizar mais os produtos da cana-de-açúcar pelas suas características de ser renovável (que tem sua origem vegetal) e de serem limpos (que contribuem para a redução das emissões de gases do efeito estufa). "O Brasil é o único país do mundo que disponibiliza o etanol hidratado nas bombas, uma das mais importantes tecnologias no combate à poluição e ao aquecimento global, além de possuir o carro flex, que permite o consumidor fazer uma escolha consciente em prol do planeta", pontua.
"Esses já são produtos consolidados, e o etanol, sem dúvida, é o grande campeão de utilização, bem como existem outros players como os Estados Unidos, que criaram um programa de produção de etanol a partir do milho", enfatiza. "É necessário que o setor sucroenergético brasileiro se comunique mais e melhor com a população, a partir de maiores investimentos em marketing, para ampliar o conhecimento sobre essa produção e gerar mais valor e consumo."
Além disso, de acordo com Campos, o açúcar contribui para que a gastronomia brasileira seja uma da mais apreciadas do mundo, pois pode ser empregado como conservante e conferir características como textura, corpo, palatabilidade, estabilidade, volume, entre outras ações específicas em uma série de preparados, com utilização ainda na medicina e fármacos.
Projetos
Campos também cita o RenovaBio, nova política de biocombustíveis, que está em processo de implantação no País, que visa dobrar a produção e o consumo dos biocombustíveis até 2030, como o etanol, o biodiesel, o bioquerosene de aviação e o biogás. "Essa iniciativa pode fazer com que esse setor dê um novo salto em produção e tecnologia, com maior reconhecimento da sua grande contribuição para a preservação do meio ambiente e, neste sentido, de proteção também à saúde pública", comenta.
O foco do RenovaBio é o aumento da produção e consumo dos biocombustíveis no país, como forma de cumprimento das metas anunciadas pelo governo federal na COP 21, o Acordo de Paris, de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até a 2025 e em 43% até 2030, com base nos dados de 2005.
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