“Hoje a minha família vive melhor, tenho ar-condicionado em casa, minha filha estuda em escola particular e consegui comprar um carro para ajudar no trabalho. Tudo com o trabalho na lavoura”. Abdon Menezes, agricultor de São José de Ribamar, resumiu em poucas palavras o desejo de todos os produtores atendidos pelo Programa Agropolos: viver da sua produção com dignidade. Ao longo de 2016, o programa, criado pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima) avançou com o projeto piloto implantado na Ilha de São Luís e se expandiu para outras regiões do estado.
Os agropolos são espaços geográficos, nos quais produtores rurais, agroindustriais, instituições públicas, privadas e serviços especializados trabalham sistematicamente, com o objetivo de aumentar a produtividade para atender aos consumidores, a partir da produção, agroindustrialização e comercialização. Na implantação e gestão dos agropolos, a Sagrima conta com parceiros como instituições financeiras, de ensino e pesquisa, sindicatos e representantes dos municípios e da sociedade civil organizada.
O Programa Agropolos interage com o Programa ‘Mais Produção’ ao implantar ações das cadeias produtivas prioritárias nas Unidades de Referência de Produção (URPs) dos agropolos, de acordo com a vocação produtiva de cada região. Atualmente, são 250 URPs nos polos já implantados ou em implantação.
Outra ação voltada para a diminuição de custos de produção e a sustentabilidade é a implantação dos sistemas de captação de energia solar. Este ano, a Sagrima, em parceria com a Secretaria de Minas e Energia (Seme), instalou módulos experimentais de captação em propriedades da Raposa e de São José de Ribamar. Os sistemas são compostos de um painel solar, um inversor e uma bomba centrífuga de água para irrigação, cuja potência pode ser de 0,5 ou de 1,5 HP. Os equipamentos podem ser utilizados por até 25 anos.
Para o governador Flávio Dino é meta do Governo impulsionar a economia do Maranhão. “Um dos caminhos é diminuir as dependências de produtos oriundos de outros estados, sobretudo neste setor de alimentos, então todo nosso trabalho tem esse objetivo estratégico, de garantir a autosustentabilidade da economia maranhense o máximo quanto possível. E, nos Agopolos, nós estamos mostrando que isso é possível mediante a junção do esforço dos produtores com assistência técnica, com crédito e com iniciativas inovadoras como a da energia solar, que é muito importante para que os produtores possam diminuir os seus custos, e, com isso, aumentar a competitividade de seus produtos”, explicou Flávio Dino.
Jorge Araújo Sousa, produtor e proprietário da Horte Verde, ficou feliz com a iniciativa e disse que acredita na economia de energia. “A gente tem uma despesa alta com a companhia de energia e esse experimento, eu vou ampliar, para ele que ele cubra a demanda da minha horta, e, com isso, eu vou economizar nessa área e a vou investir em outras coisas. Vou investir em empregos, em funcionários, coisas que a gente precisa para dar continuidade no negócio”, relatou.
De acordo com secretário da Sagrima, Márcio Honaiser, o grande objetivo que está sendo alcançado pelos agropolos é dar, aos produtores, os meios necessários para ter melhores resultados e valorizar seus produtos. “Nossos produtores têm muita vontade de crescer e essa determinação, unida com a assistência técnica e de gestão, estão gerando resultados muito positivos aqui na Ilha, que é o agropolo piloto, e, em breve, nos demais agropolos que estão sendo implantados. O Governo do Maranhão está elevando o patamar tecnológico dos pequenos produtores e inserindo-os no agronegócio, num ciclo de geração de emprego e renda”, destacou.
Agropolo da Ilha
Primeiro a ser implantado, o Agropolo da Ilha compreende os municípios de São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, com URPs da cadeia de hortifruticultura. Essas unidades já alcançam bons resultados na produção de itens como cheiro verde, alface, vinagreira, couve, acerola, carambola, pimenta, macaxeira, quiabo e maxixe e vem conquistando espaço nas prateleiras de supermercados maranhenses, como o Mateus. “É muito importante que produtores regionais, à medida que vão aumentando sua produção, passem a atender mais lojas. Queremos sempre contribuir com os pequenos produtores e oferecer itens de qualidade aos maranhenses”, disse Edson Rodrigues Garcia, gerente do Mateus Supermercados.
Este ano, agricultores de 150 propriedades receberam assistência técnica e gerencial, por meio de convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e insumos, como sementes e o biofertilizante Verdão, desenvolvido pela Sagrima, como opção mais barata e ecologicamente correta em relação aos tradicionais. No Agropolo da Ilha, já foram distribuídos mais de 5 mil litros do biofertilizante, em 2016.
Para o início de 2017, os agricultores do Agropolo da Ilha poderão contar, ainda, com kits de irrigação, implantação de centro de produção de mudas e agroindústria de beneficiamento de polpas.
Agropolos Rio Balsas, Mearim e Região Tocantina
Com a expansão do programa, estão sendo implantados mais três agropolos, nas regiões Tocantina, Mearim e Sul do estado. Nos três polos, já está ofertada assistência técnica e gerencial aos produtores, de acordo com a vocação de cada região.
O agropolo do Rio Balsas, por exemplo, foi implantado em junho e teve as cadeias de leite e derivados e aquicultura definidas como as prioridades do polo, o que, de acordo com o secretário Márcio Honaiser, soma à produção de grãos já forte na região. “Precisamos fomentar outros negócios, transformando a proteína vegetal do grão em proteína animal, na forma de ração para bovinos e peixes, agregando valor aos nossos produtos e gerando mais emprego e renda”, disse.
Para Jaquesfrank Martins Coelho, vice-presidente da Cooperativa Mista Agro Leiteira de Balsas (COMALBA), o Agropolo do Rio Balsas veio proporcionar uma união de esforços para atender a demandas antigas dos produtores. “A expectativa é grande, porque o projeto do agropolo na região, pelo que percebemos, vem facilitar e mostrar melhor as necessidades dos produtores para podermos trabalhar mais próximos do governo. Na cadeia do leite, será muito bom porque temos um laticínio que precisa ser adequado para receber o selo de inspeção estadual e temos uma dificuldade muito grande com a assistência técnica às propriedades e vimos que o Estado já está cuidando dessas necessidades”, ressaltou.
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