O mercado brasileiro da soja dá início à esta semana como tem terminado as demais: com poucas novidades e negócios travados. Segundo o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, os negócios são pontuais, de baixos volumes e acontecem somente para o cumprimento de algumas operações já feitas anteriormente ou diante da necessidade de caixa de alguns produtores. 

E durante toda a semana, o ritmo deverá ser este. Afinal, na próxima quarta-feira, 7 de setembro, os negócios param no Brasil com o feriado do Dia da Independência, que vai acabar 'cortando' a comercialização internamente. 
"Estamos em setembro e o que acontece, neste momento é, curiosamente, um alongamento dos negócios nos portos, que já não se esperava mais para esta época", explica Motter. E nesta segunda-feira (5), sem a referência do mercado na Bolsa de Chicago, o preço da soja disponível no porto de Rio Grande encerrou o dia com uma leve alta de 0,64%, cotado a R$ 79,00 por saca, acompanhando um ligeiro avanço do dólar frente ao real. 
Os preços internos da soja seguem recuando. Em um combinado de menores valores sendo praticados na CBOT, um dólar ainda sem muita força, as cotações não encontram espaço para uma recuperação neste momento e, consequentemente, afugentam os vendedores. "A queda foi grande e os produtores recuaram", afirma o analista. No oeste do Paraná, por exemplo, as cotações que chegaram a registrar algo entre R$ 92,00 e R$ 93,00, hoje atuam no intervalo de R$ 77,00 a R$ 78,00 por saca. 
Entretanto, segundo Motter, o período de entressafra no Brasil ainda não chegou e se consolidou e, no momento em que se efetivar, poderia trazer alguma oportunidade para uma retomada dos preços, mesmo que limitada e insuficiente para levar as referências aos patamares fortes dos meses anteriores. Nos portos do país, as referências chegaram, afinal, a alcançar os R$ 100,00 por saca, mesmo que de forma momentânea. 

Demanda - A demanda segue forte e  carregando potencial, porém, ainda como relata Motter, a indústria nacional de processamento de soja vem sofrendo com margens mais apertadas nos últimos meses. Com uma matéria-prima mais cara e mais escassa - apesar das baixas recentes - a atividade se mostra comprometida e com dificuldades, também, de avanço neste momento. 
Além disso, o momento mais delicado do setor de proteína animal também exerce alguma influência e acaba limitando o potencial do consumo interno da oleaginosa. "Entretanto, o setor poderia ser beneficiado pela chegada de um produto de qualidade um pouco mais baixa, sem condições de ser exportado e que poderia ser utitlizado pela indústria", afirma Motter.