O produtor Rogério Vian, que é diretor da Aprosoja-GO, já utiliza há cinco anos em sua propriedade em Mineiros (GO) o pó de rocha para substituir a adubação química. Com esta medida, as consequências vêm em forma de uma recuperação do solo e uma redução de custo na conta final.
De acordo com o produtor, o pó de rocha serve como um condicionado de solo para que os fungos e as bactérias sejam os responsáveis pelo tratamento das plantas. É um processo fisiológico que envolve mais de 68 minerais, sendo o silício um deles. Com isso, a planta vai se abastecendo de acordo com a sua necessidade do próprio solo.
Com isso, é possível ter uma redução de custo de até 20%, pois a duração da utilização dos minerais é maior do que a fornecida pela aplicação de químicos. No entanto, é preciso muita informação e conhecimento da área para começar a fazer uso do método.
Vian aponta que, em primeiro lugar, os produtores precisam saber qual é a formação do seu solo para, a partir daí, saber qual rocha deverá ser utilizada. Em um processo todo acompanhado pela Embrapa, a rocha deverá ser enviada ao Canadá para uma análise que lê partículas por trilhões. Ou seja: não é qualquer pó de rocha que vai fazer resultado. Caso esse processo não seja feito, os produtores podem correr o risco de levar metais pesados para a sua área.
Além da Embrapa, os produtores também precisam de uma consultoria afinada dos pesquisadores que trabalham com esse tipo de material. Vian conta que os produtores que já utilizam o pó querem envolver mais pessoas para que mais pesquisas sejam feitas e para que o material da região seja demandado. "É um trabalho de formiguinha, tem que sair do comodismo e procurar informação", destaca.

Motivação
A motivação de Vian veio por estar em uma zona de amortecimento do Parque Nacional das Emas, onde foi proibido o uso de defensivos e a aplicação aérea. Somente produtos com faixa verde poderiam ser utilizados. Os produtores dessa área, que soma 70 mil hectares, entraram com um processo por meios judiciais e trabalham, até hoje, com uma liminar, mas não conseguiram reverter as proibições.
A partir disso, o produtor começou a pesquisar diversos métodos para saber o que vinha sendo feito para a produção de soja. Assim, ele se forçou a mudar e procurou outras alternativas.
Em sua área, ele já utilizava o tratamento de sementes a base de bactérias. Ao procurar a empresa que lhe fornecia os insumos necessários, conheceu produtores de outros estados e foi até Luis Eduardo Magalhães (BA) para conhecer o pó de rocha, já que muitos produtores da cidade utilizavam a tecnologia. De lá para cá, não parou mais.
O começo foi devagar: apenas 52 hectares receberam o pó de rocha. A cada ano, um talhão diferente na fazenda foi sendo feito e, então, Vian fechou a sua área, ao notar que as plantas estavam muito mais sadias e com autodefesa, conseguindo se livrar melhor de enfermidades e pragas, graças ao silício, que traz resistência para as plantas. Em questão de produtividade, não havia diferença para outros talhões.

Condições do solo
O plantio de milho com braquiária antes da soja também é essencial para o sucesso desse sistema. A braquiária é responsável por abrir os poros do solo para que os nutrientes possam descer.
Quanto mais arenoso for o solo, o pó de rocha trará melhor resultado. A Embrapa é a responsável por informar a formação geológica a partir do ponto georeferencial do talhão.
O sucesso de Vian também foi impulsionado por uma estrutura de solo já muito bem conduzida, já que o trabalho de tratamento de sementes com bactérias vinha sendo realizado há quatro safras. "O solo tem que ter vida para trabalhar o pó de rocha. Tem que criar vida nesse solo. Pode ser muito melhor com uma estrutura biológica bem definida", aconselha.